Novo sistema de transporte público prometido para abril
Camilla Silva 12/01/2019 14:21 - Atualizado em 14/01/2019 14:03
Isaias Fernandes
“O ano de 2019 é decisivo para o transporte público em Campos”. A frase é do presidente do Instituto Municipal de Transporte e Trânsito (IMTT), Felipe Quintanilha, que reconhece que a situação atual é extremamente caótica. Segundo o novo sistema, que deve ser implementado em abril, vans deixarão de circular na área central da cidade e passarão a trabalhar na ligação entre os distritos e os terminais de integração. Ao todo, serão seis pontos distribuídos próximo à área central, onde o passageiro pegará um ônibus para o seu destino final. A última etapa para implantação é a licitação do sistema alimentador, realizado por vans e micro-ônibus, cujo edital vai ser lançado ainda este mês, segundo o IMTT. Por causa das falhas na prestação do serviço, manifestações de moradores em diversas localidades do município foram recorrentes em 2018. A mais grave delas aconteceu na última segunda, quando moradores de Três Vendas atearam fogo em um ônibus da empresa Rogil.
— Nossa principal intenção é implantar o sistema alimentador e retomar no perímetro urbano o sistema de ônibus. Assim, vamos evitar que vans e ônibus continuem brigando por passageiros e retiramos o transporte de pequena capacidade do Centro e realocar para os distritos. Além disso, vamos banir o transporte clandestino, hoje realizado por carros de passeio e vans não adesivadas — explica Felipe Quintanilha.
O edital de licitação prevê permissões individuais a pessoas físicas, que terão validade de 10 anos. A expectativa da administração municipal é que os interessados ocupem um banco de permissionários que deverá ser distribuído em 44 linhas.
Hoje, o IMTT tem cerca de 280 motoristas de vans cadastrados. Eles andam por meio de uma autorização precária, já que ainda não houve licitação das linhas, conforme estava previsto na lei que estabeleceu a possibilidade de funcionamento deste tipo de transporte. A lei, que é de 2010, previa que a licitação deveria ser realizada em quatro anos. O prazo, que foi prorrogado por mais quatro anos, venceu em 2018. Só irá poder continuar a realizar o serviço quem passar pelo processo licitatório.
Segundo o presidente do IMTT, um subsídio para as linhas que operam em locais mais distantes vai ser implementado pelo poder público. A ideia é cobrir a diferença do gasto das viagens mais compridas, já que não há previsão de aumento de tarifa, segundo o órgão.
A presidente da cooperativa Camposcooper, Rosana Moreira, contou à Folha que algumas reuniões foram realizadas sobre o tema, mas que ainda existem dúvidas.
— Vai ser uma mudança grande porque o passageiro costuma ir até o destino final com a van. A gente não sabe como a população vai reagir tendo que pegar duas conduções para chegar ao destino. Parece que, para o sistema, essa alteração vai ser boa. Para a gente, que trabalha com as vans, ainda tem questões para serem respondidas — afirma Rosana Moreira.
O presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Campos, Gilson Menezes, afirmou que aguarda a publicação para tornar o projeto oficial, antes de opinar sobre o tema: “Fala-se muito nesta questão. No entanto, não tem nada oficial. A gente precisa ver o edital para comentar”.
Isaias Fernandes
Projeto prevê seis terminais interligados
Segundo o levantamento do IMTT, a área de central de Campos é de cerca de 60 km², o que corresponde 1,5% do território do município. Nela, vivem cerca 72% da população. Esse público deve ser atendido pelas empresas de ônibus que venceram o edital de licitação em 2015. Já as áreas mais distantes passam a ser atendidas pelo transporte alimentador. Seis terminais farão a interligação entre os dois grupos sem a necessidade do pagamento de uma nova passagem.
— Toda cidade de grande porte tem hoje um sistema de integração do transporte. Não existe mais a necessidade de que o transporte seja de bairros em direção ao Centro. Quem vem de um dos distritos poderá escolher ir direto para um bairro específico — explica Felipe Quintanilha.
Os distritos de Mussurepe, Santo Amaro, São Sebastião e Tocos ficam no setor A; o setor B é composto por Martins Lage (Venda Nova e Campo Novo); no setor C está Santa Maria, Santo Eduardo, Morro do Coco, Vila Nova e Travessão; o setor D compreende Três Vendas e Sapucaia; o setor E, Santa Cruz; o setor F é Ibitioca, Serrinha e Dores de Macabu.
Usuários apresentam queixas sobre horários
O descontentamento com o serviço prestado hoje é visível nas ruas. Passageiros de várias localidades, no Centro e principalmente nas áreas mais distantes, reclamam da falta de cumprimento de horários e abandono de linhas. No início deste ano, o IMTT decretou o atendimento emergencial da linha de Rio Preto que havia ficado completamente sem atendimento após paralisação do consórcio responsável. Na manhã da última segunda, durante uma manifestação de cerca de 50 pessoas, na localidade de Três Vendas, um ônibus foi vandalizado e o km 120 da BR 356 ficou interditado, por quase três horas.
Raquel Silva é moradora de Rio Preto. Apesar do contrato emergencial, ela conta que o problema ainda não está completamente resolvido. “O serviço está sendo realizado, mas os horários são poucos e os veículos têm de andar muito cheios”, reclama. Em Três Vendas, a comunidade ficou três dias sem atendimento. A empresa alegou falta de segurança para continuar prestando serviço. O IMTT informou que o retorno do transporte foi possível com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS