Festa de Santo Amaro - valor histórico e de evangelização
11/01/2019 12:34 - Atualizado em 11/01/2019 12:46
Festa de Santo Amaro, tradição
Festa de Santo Amaro, tradição / Divulgação
Recebi do amigo e colaborador Ricardo Gomes dois textos assinados pelo bispo Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, falando sobre a história da Festa de Santo Amaro e sua Cavalhada, com grande importância na evangelização. Publico-os abaixo.   
A cavalhada da Paz, da Alegria e da Tolerância
Uma das tradições mais expressivas e de ampla ressonância popular da Baixada Campista é a da memorável cavalhada de Santo Amaro. Inspirada nos livros de cavalaria medieval como a "História de Carlos Magno e os Doze Pares da França", os torneios e justas que mostravam a arte dos cavaleiros e suas habilidades presentes na cavalhada campista: as argolas, o ataque de espadas e o salto da Garupa.
A primeira edição desta tradição equestre aconteceu no solar Fazenda do Colégio dos Jesuítas, em 7 de outubro de 1730. Esta tradição foi celebrada ininterruptamente, no dia 15 de janeiro, Festa de Santo Amaro (inscrita no calendário Estadual). Ela é precedida de uma romaria noturna, chamada Caminho de Santo Amaro, de 39 quilômetros, saindo por volta das 23h, da Basílica do Santíssimo Salvador, para chegar às 5h, na Capela de Santo Amaro.
A cavalhada está inserida profundamente no coração da festa e no espírito de Paz e reconciliação do cristianismo, legado da mística beneditina. A cavalhada acontece no dia 15, às 15h e encena o drama na luta dos cristãos e dos mouros, mas a trama termina na carreira do abraço, salientando a confraternização dos cavalheiros, no que o Papa Francisco chama de Cultura do Encontro.
Nestes tempos de intolerância e fundamentalismos religiosos, inspirados na obra de Samuel Huntigton, “O choque de civilizações”, que visa a Recomposição Imperialista da Ordem Mundial, a cavalhada de Santo Amaro propõe o diálogo das culturas, tradições religiosas e das Nações, na mesa comum da cordialidade e da partilha. Por todas estas razões e valores religiosos, espirituais e culturais, podemos concluir que esta cavalhada constitui um patrimônio histórico e civilizatório profundamente humano e cristão.
O potencial Evangelizador da Cavalhada de Santo Amaro
O Papa Francisco, na Laudato Si, inclui na Ecologia Integral o cuidado e a memória dos bens culturais e das tradições populares pelo seu conteúdo humano e portador de valores profundamente cristãos. A cavalhada apresenta, desde sua preparação até sua realização, processos coletivos que envolvem famílias e dão espaço a um aprendizado muito rico de símbolos, tradições orais e recordação de pessoas que construíram e fizeram parte da Cavalhada.
A identidade religiosa, a defesa da fé e a interação dialógica com o outro, neste caso o mouro, possibilitam ampliar o horizonte de compreensão com culturas diferentes, com pessoas de crenças diversas e no respeito e a tolerância firmar laços de hospitalidade e convivência.
Hoje, um grande desafio para nossa fé é o pluralismo e o sincretismo, fenômenos sócio-religiosos que exigem abertura, fineza de espírito e um olhar de empatia generosa. Desarmar os corações, dando sempre o primeiro passo rumo ao amor universal e a Aliança pacífica entre as civilizações, é o que caracteriza o cristianismo autêntico, liberto de espírito de sectarismo ou de fundamentalismos guerreiros.
É esta faceta de uma religiosidade popular viva e compartilhada entre as gerações num colorido plural, mas de raízes profundamente cristãs, que atrai e continua sendo um motivo de alegria e participação multitudinária em Santo Amaro.
Festa de Santo Amaro, crença
Festa de Santo Amaro, crença / Divulgação

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    Antunis Clayton

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