Secretário de Adm Penitenciária do Ceará provoca facções e ataques começam no dia seguinte
12/01/2019 17:12 - Atualizado em 12/01/2019 19:46
O Ceará vive, desde o dia 2 de janeiro, uma série de ataques que seriam assinados por facções do Estado. Até a tarde dessa sexta-feira (11), mais de 170 ocorrências policiais já tinham sido registradas. Investigadores e analistas do cenário defendem que os ataques vêm acontecendo como uma forma de retaliação ao discurso do secretário de Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, que, no dia de sua posse, dia 1º de janeiro, afirmou que encurralaria o crime organizado e que não reconheceria facções e, por isso, deixaria de separar, no sistema prisional, detentos de facções rivais. No dia seguinte ao seu discurso, a onda de ataques teve início no Ceará, e já dura 11 dias. Explosivos foram detonados em pontes; ônibus, carros, caminhões, prefeitura, bancos e delegacias foram incendiados; uma torre de transmissão de energia foi derrubada; uma bomba foi detonada numa concessionária de veículos; dentre outras ações. O total é de 190 ataques em 43 municípios (Veja o infográfico, do G1, logo após este texto).
O secretário não assume a responsabilidade pela motivação dos ataques, dizendo que estes vêm acontecendo porque o Estado tem agido de forma “dura” no âmbito da Segurança Pública. Até a tarde dessa sexta-feira, 319 pessoas já haviam sido presas, SUSPEITAS de envolvimento nos ataques. Desse total, mais de 110 são menores de 18 anos, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil. Muitas famílias relatam excessos e violação de direitos humanos nas apreensões.
“O Estado vê um adolescente suspeito (que são sempre negros e pobres de periferia) e apreende. Depois que vão saber quem são”, disse, em entrevista, a presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Beatriz Xavier.
O defensor público Muniz Freire, do Núcleo de Atendimento ao Jovem e Adolescente em Conflito com a Lei, relatou em entrevista que muitos desses adolescentes apreendidos estão submetidos a penas não previstas em lei.
“Obrigam o adolescente a pintar um muro que está pixado, por exemplo, antes mesmo de sequer saberem se este adolescente praticou alguma das infrações”, comentou o defensor público.
O Governo do Estado conta com a parceria de atuação de agentes da Força Nacional, além de militares de outros estados, como Pernambuco, Piauí e Bahia. O Governo do Estado também afirmou que está agindo com apoio do Governo Federal (Jair Bolsonaro), por meio dos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.

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    Thaís Tostes

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