Morte de Marielle pode ter sido motivada por disputa de terras
14/12/2018 17:16 - Atualizado em 17/12/2018 15:01
No dia que os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes completaram nove meses, nesta sexta-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, general Richard Nunes, disse em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que a política foi morta porque seria uma ameaça aos negócios de grilagem de terra de milicianos na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nunes afirmou, ainda, que o crime estava sendo planejado desde o final de 2017. Enquanto isso, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra o vereador da capital Marcello Siciliano (PHS) dentro das investigações. Ele se disse “indignado com essa acusação maligna”.
Por outro lado, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) criticou as declarações com frases de efeito das autoridades de segurança que estariam, segundo ele, ganhando tempo com isso. “As mortes de Marielle e seu motorista foi um crime sofisticado. Um dos mais sofisticados da história do Rio de Janeiro. Quem cometeu esse crime? A sociedade precisa saber. Enquanto os assassinatos não forem esclarecidos, todos nós estamos correndo riscos. Nove meses depois nós só temos declarações de efeito. São nove meses. É tempo suficiente para se apresentar provas”, afirmou o deputado federal eleito.
Na última quinta-feira a imprensa divulgou que a Polícia Civil descobriu um plano de milicianos para matar Freixo durante uma agenda pública do parlamentar na Zona Oeste neste final de semana. “Não tem a menor condição de eu ficar sem segurança. Se tinham dúvidas, esse episódio retira qualquer uma. A escolta não é privilegio, é resultado do meu trabalho. Cabe ao estado mantê-la, assim como garantir segurança para a sociedade”, defendeu, reforçando a importância do trabalho no campo dos direitos humanos.
Na entrevista ao Estadão, no entanto, Richard Nunes afirmou que a atuação de Marielle com a população local foi crucial para o crime. “Ela estava lidando em determinada área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo”, prosseguiu. “O que leva ao assassinato da vereadora e do motorista é essa percepção de que ela colocaria em risco naquelas áreas os interesses desses grupos criminosos”, emendou.
Ainda segundo o secretário, Marielle vinha conscientizando moradores sobre a posse da terra. “Isso causou instabilidade e é por aí que nós estamos caminhando. Mais do que isso eu não posso dizer”, afirmou.

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