Prefeito de Niterói preso em desdobramento da Operação Lava Jato
10/12/2018 09:07 - Atualizado em 12/12/2018 18:40
Prefeito de Niterói foi preso nesta manhã
Prefeito de Niterói foi preso nesta manhã / Reprodução - TV Globo
O prefeito de Niterói, na Região Metropolitana, Rodrigo Neves (PDT), foi preso na manhã desta segunda-feira na operação Alameda, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil, um desdobramento da Lava Jato no âmbito da Justiça estadual. Ele é acusado de receber cerca de R$ 11 milhões em propina de empresários do setor do transporte público entre 2014 e 2018. Também foram presos o ex-secretário municipal de Obras, Domício Mascarenhas de Andrade, e três empresários.
Com a prisão de Neves, que assumiu a Prefeitura foi o presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Bagueira (SD), uma vez que o vice-prefeito eleito em 2016, o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS) renunciou ao cargo para concorrer como vice na chapa derrotada ao Governo do Estado encabeçada por Eduardo Paes (DEM). No entanto, existe a possibilidade de haver outra eleição no município, uma vez que a Lei Orgânica local prevê um novo pleito em 90 dias no caso de vacância de prefeito e vice nos três primeiros anos de mandato.
De acordo com a denúncia, o prefeito e o ex-secretário integram o núcleo político da organização, que teria solicitado vantagens indevidas e desviado recursos públicos de contratos. Por eles, segundo o MPRJ, eram cobrados 20% sobre os valores pagos pelo município em favor das empresas a título de reembolso da gratuidade de passagens, previsto para alunos da rede pública, idosos e portadores de deficiência. A denúncia também aponta que a administração municipal controlava a liberação dos recursos pagos aos consórcios pela gratuidade, retardando a liquidação das despesas e o pagamento como forma de pressionar as empresas a repassarem os valores indevidos. Em troca, apoiava projetos de interesse do setor e incrementava as atividades de combate ao transporte clandestino.
A promotoria diz ainda que o núcleo econômico era formado por executivos do setor de transporte de Niterói que, segundo a denúncia, ofereceram e entregaram propina.
Para o MPRJ, o esquema denunciado configura uma “reprodução adaptada para o município de Niterói do grave esquema de corrupção evidenciado pela operação Lava- Jato no âmbito do Governo do Estado do Rio de Janeiro em suas relações espúrias com a Fetranspor”.
Ao chegar à Cidade da Polícia, Rodrigo Neves falou com a imprensa e disse estranhar esse tipo de ocorrência. Ele também negou ter recebido propina e se disse perplexo com a sua prisão. “Trabalho desde os 18 anos de idade, 20 anos de vida pública, não viajo pro exterior, tenho três filhos lindos, fecho minhas contas como qualquer cidadão de classe média, vivo em um imóvel simples. Me estranha muito esse tipo de ocorrência”, afirmou o prefeito de Niterói.
De acordo com o advogado de Neves, o prefeito passou mal quando soube da prisão e recebeu atendimento médico do deputado federal Chico D’Angelo, colega de partido, dentro da Cidade da Polícia. (A.S.) (A.N.)

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