Brasil mata 8 milhões de perus por Natal e governo Bolsonaro é contra animais
25/12/2018 03:38 - Atualizado em 25/12/2018 04:58
A luta antiespecista (contra a exploração dos animais) vem tomando grandes proporções no país e no mundo. A Holanda, por exemplo, está se preparando para se tornar o primeiro país vegano da Terra. O Brasil, como sempre, gosta de colecionar péssimas imagens internacionais: ao mesmo tempo em que é um dos tops no encarceramento em massa de jovens negros pobres (política de extermínio), na violência e assassinato de LGBTs, em feminicídios e outras vergonhas, é também o país onde está o maior exterminador de animais terrestres do mundo - o grupo JBS-Friboi. JBS-Friboi só não mata mais que o China Shipping Group, que é o maior exterminador de animais aquáticos do planeta.
Esse país que ama passar uma vergonha é também o que tem uma das bancadas políticas mais fortes do mundo - a Bancada Ruralista, formada por dezenas e dezenas de deputados e senadores. A luta antiespecista fica ainda mais forte agora nos próximos mandatos, porque o presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou a presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (Bancada Ruralista), a deputada Tereza Cristina (DEM), a "Musa do Veneno" (uma das principais articuladoras do projeto -PL 6299/02- que facilita a liberação do veneno nos nossos alimentos), como ministra da Agricultura e Pecuária. Isso quer dizer que os animais ficarão nas mãos dos seus próprios exterminadores e exploradores.
A luta dos ativistas antiespecistas/animalistas/veganos se intensificará nesse cenário. Se antes a luta contra o holocausto animal, contra o especismo, já era árdua, agora ela fica ainda mais pesada. No entanto, o número de ativistas antiespecistas vem aumentando no país. Prova disso são as quedas no comércio de carnes, e comentários de integrantes desse novo governo que debocham dos defensores da luta pela libertação animal.
O general Augusto Heleno, por exemplo, que vai assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro, foi questionado, por jornalistas, sobre se o Ministério da Agricultura e Pecuária teria um papel diferente do que tem hoje com a chegada da presidente da Bancada Ruralista. E o general foi debochado, dizendo, sobre o Ministério da Agricultura e Pecuária:
“Rapaz, sabe que eu não sei. Não tenho a menor ideia. Vai ser vegano!”
 Outro nome deplorável do próximo governo é o de Ricardo Salles, advogado da extrema direita nomeado por Bolsonaro pra ser o futuro ministro do Meio Ambiente. O que Bolsonaro fez foi entregar de bandeja para os ruralistas o único Ministério que ainda fazia algo pela natureza e pelos animais. Ricardo é totalmente do agronegócio e a proposta é que ele lide com o meio ambiente da forma como os ruralistas sempre quiseram. Num vídeo em que apoia o Rodeio de Barretos, Bolsonaro fala aos ruralistas: "Gostaram do Ministro do Meio Ambiente, né?!" Recentemente, Ricardo Salles chegou a postar uma foto com porcos empalados, num churrasco, colocando a legenda: "Churrasco vegano". Ricardo Salles, que foi condenado nos últimos dias, pela Justiça de São Paulo, por improbidade administrativa, quando foi anunciado por Bolsonaro ele já era réu por fraudar documentos de licenciamento ambiental para favorecer empresários (quando pegou a pasta de Meio Ambiente no governo Alckmin (PSDB) no estado de SP). É esse o "combate à corrupção" que o presidente eleito falou tanto, em sua campanha, que ia fazer. Ricardo Salles, que tentou se eleger como deputado federal, também propôs, em sua campanha, o uso de arma de fogo contra ANIMAIS e pessoas.
O deboche desses nomes do novo governo mostra que a luta pela libertação animal vem tomando força, conseguindo mais adeptos e incomodando esses nomes e grupos que sempre se mantiveram com base na exploração e no extermínio dos animais. A pecuária não explora apenas animais, mas também pessoas, sendo a área, no Brasil, que mais concentra índices de trabalho escravo. Entra ano e sai ano e o setor é líder na escravização de pessoas. A agricultura também aparece em segundo lugar na escravização de pessoas, mas vale lembrar que agricultura, no país, é pra alimentar os animais explorados e exterminados pela pecuária e a pesca - sendo assim, continua sendo a pesca e a pecuária em segundo lugar no trabalho escravo. Coloca no Google que você acha muita informação sobre isso. Temos então uma área que viola tanto os direitos animais quanto os direitos humanos. E, agora, nas mãos de Ricardo Salles, a tendência é a violação também dos direitos da natureza (árvores, rios, etc). Durante as campanhas eleitorais e após as eleições, santuários de proteção animal, ativistas e grupos de defesa animal vêm recebendo ataques de grupos de caçadores (principalmente caçadores de javalis), que debocham dos ativistas dizendo que vão comer todos os animais na cerimônia de posse presidencial, em janeiro.
Esse post também foi feito pra deixar alguns dados sobre a luta pela libertação animal: essa época de Natal e Ano Novo é a pior época para os animais, porque o extermínio se intensifica por conta dos "banquetes" e "ceias" dessas festas. Só no Brasil, por exemplo, mata-se mais de 8 milhões de perus para o Natal, segundo dados divulgados pela página Vegano Periférico (instagram: @veganoperiferico). Nessa conta entra apenas o Brasil, em apenas uma data (Natal) e apenas um animal - o peru. Nessa data também tem uma matança generalizada de porcos e outros animais, e no mundo todo.
Para além disso, as estatísticas de ONGs de defesa animal apontam que o mundo mata, em média, 150 bilhões de animais anualmente apenas na pecuária e na pesca, somente para a produção de carne. Aqui não estamos falando de animais que são mortos para testes laboratoriais da indústria da beleza e estética, nem de animais mortos em práticas cruéis como Farra do Boi, vaquejadas, rodeios e caça, dentre outras. Segundo a ONG Human Society International, todos os anos o mundo mata 100 milhões de animais em laboratórios. 
O que acontece com os animais é um extermínio legitimado socialmente, mas que tem tudo para chegar ao fim, se depender da luta dos ativistas. O extermínio de animais é o maior extermínio da história do mundo. O maior número de vidas interrompidas, na história da humanidade. Mas o quadro vem sendo modificado, com muita luta. Só no Brasil existem mais de 16 milhões de veganos e vegetarianos, contabilizados. O país também vem contando com alguns nomes da política e da Justiça que estão na luta pela libertação animal, pelo reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos (e não mais como coisas, objetos, propriedade, economia, ou como pastas de Ministérios), contra o embarque de animais nos portos do país, em defesa da criação do Código de Direito Animal, contra a exportação de jumentos para a China (após serem explorados por carroças), dentre outras frentes de luta. O caso da cachorra Manchinha, violentada por um funcionário do Carrefour de Osasco-SP, por exemplo, tomou grandes proporções e mostra que a sociedade já não está mais satisfeita com a forma como os animais vêm sendo tratados. É um grande e belo despertar, que infelizmente acontece aos poucos (e com base em muita luta e guerra de informação), mas que está acontecendo. As novas gerações já não querem a Peppa Pig em seus pratos - elas querem o Nemo nadando em paz e a Galinha Pintadinha livre do risco de ser frita e livre da exploração da indústria dos ovos. Essa geração já chegou.
Muita luta vem sendo travada nas ruas e nas redes, pelos animais. Talvez antes, em outros tempos, a indignação com a crueldade contra os animais fosse menor ou até mesmo não tivéssemos os meios necessários pra expressar essa luta, mas agora temos a Internet (que já vem tentando ser censurada) e os veículos alternativos de mídia. O mundo ficou sabendo da carne de papelão porque foi um escândalo que não tinha como ser escondido, e fica sabendo de uma ou outra coisa pequena sobre os malefícios de se ingerir animais, mas não podemos, por exemplo, esperar que a Rede Globo faça uma mega reportagem contra o consumo de animais. A falta de avanço na questão animal, mantida pela sociedade, é absurda, principalmente por parte do Estado. Nessa semana, por exemplo, a Polícia Militar de Santa Catarina exterminou, a tiros, um boi, após ser explorado pela Farra do Boi, uma prática perversa e cruel, um crime contra os animais. A Polícia Militar de Santa Catarina "legitimou" o extermínio do animal dizendo que este teria machucado uma pessoa, entrado numa casa e gerado danos patrimoniais, e atingido uma viatura. Quer dizer, o animal é explorado numa prática cruel e criminosa, que é a Farra do Boi, e desorientado pode chegar a entrar em casas, etc, e quem é responsável por isso é o animal? Primeiro que ele nem deveria estar sendo usado pra Farra do Boi - deveria estar vivendo em paz, livre, sujeito de direito à vida e à felicidade-, e quem deve assinar a responsabilidade por esses atos são simplesmente quem permite que a Farra do Boi aconteça, quem compra ingressos pra assistir a esse show de horror e quem apoia esse tipo de prática. E não bastasse culpabilizar o animal por ações que foram de autoria dos órgãos liberadores da Farra do Boi, ainda matam o animal a tiros, covardemente? Veja aqui o vídeo dessa crueldade e crime: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/bom-dia-santa-catarina/videos/t/edicoes/v/animal-e-morto-pela-policia-apos-ser-usado-para-farra-do-boi/7253447/
E voltando ao próximo governo: A ligação de Jair Messias Bolsonaro com o extermínio animal já estava clara muito antes das eleições. Ele já tinha confessado que, durante a campanha eleitoral de 2014, ele recebeu da JBS-Friboi, pelo seu partido na época, o PP, a quantia de R$ 200 mil. Exploração dos animais gera muito dinheiro: a JBS teria pago R$1,4 bilhão em propinas a 28 partidos do país.
Bolsonaro fez uma campanha em defesa da caça de animais, chamando a caça de "esporte" e, ainda, "esporte saudável"", ganhando apoio de todos os grupos de caçadores ("Caçadores, estamos juntos!"); em defesa dos rodeios, vaquejadas e outras práticas; falando tranquilamente sobre zoofilia ("que naquela época não tinha mulher"); incentivando a Pesca; e propondo a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o Ministério da Agricultura. 
Ele é o mesmo cara que diz que quilombola não faz nada, que mulher tem que ganhar menos e que índio não vai ter mais nenhum centímetro de terra. Ele também chegou a anunciar, nos últimos dias, o ruralista Nabhan Garcia (da Frente Democrática Ruralista) como o novo demarcador de terras indígenas, num episódio que mais parecia uma piada, mas acabou recuando e dizendo que "questões que envolvam conflitos de terras serão submetidas a um Conselho Interministerial", composto - adivinhem! - por Tereza Cristina (a Musa Ruralista), Ricardo Salles e os ministérios de Defesa, de Direitos Humanos, e o Gabinete de Segurança Institucional.

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    Thaís Tostes

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