Ponto Final - Onda do crime em Campos
14/11/2018 22:59 - Atualizado em 19/11/2018 14:54
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Onda do crime em Campos
Em plena intervenção das Forças Armadas na segurança pública do Estado do Rio, vários crimes foram registrados em Campos, entre a noite de terça e o dia de ontem. Na ocorrência de maior repercussão, quatro homens armados renderam um segurança e roubaram as Lojas Americanas, por volta das 20h do dia 13, na rua 13 de Maio, em pleno Centro de Campos. A Polícia Civil suspeita da ligação desse crime com o furto no supermercado Walmart, na madrugada de segunda (12), também praticado por quatro assaltantes.
Em 2018, 202 homicídios
Ainda na noite de terça, mais dois óbitos elevaram a 202 o número de homicídios praticados em Campos em 2018. Baleado por um policial militar durante confusão de bar no Parque Alphaville, em Guarus, Luan Lilargem Barcelos tinha 29 anos. Ele não resistiu e morreu no Hospital Ferreira Machado, onde estava internado desde o último dia 2. Também na noite de terça, Donato Ribeiro Carvalho foi executado a tiros. No lugar de um bar, o palco do assassinato foi uma pizzaria no Parque Presidente Vargas, novamente em Guarus.
Força de Bolsonaro e Witzel
Na manhã de ontem foi a vez de cinco presos que haviam saído do Presídio Carlos Tinoco da Fonseca. De carro, eles teriam ido realizar um serviço extramuro, quando foram fechados por outro veículo na estrada do Santa Rosa. Deste saíram homens armados, que atiraram, ferindo dois detentos. Eles foram atendidos, enquanto os outros três aproveitaram a episódio para fugir. Foi a repetição diária de episódios como esse, no Estado do Rio e em todo o país, que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) presidente. Assim como Wilson Witzel (PSC), governador.
Guarda da esquina
A necessidade de combate à criminalidade não pode ser confundida com carta branca. Na ditadura militar (1964/85) que Bolsonaro afirma não ter existido, um dos momentos mais dramáticos foi o Ato Institucional nº 5 (AI-5) de 1968. Diante dele, o vice-presidente civil Paulo Aleixo disse: “o problema é o guarda da esquina”. Até agora, nada indica que o presidente eleito não respeitará a Constituição. O problema é que, após sua vitória, seus eleitores mais aloprados se julgam investidos da autoridade do tal “guarda da esquina” nas redes sociais.
Censura prévia
Um dos seus itens considerados mais duros no AI-5 foi a censura prévia, inclusive a livros. Parece ser isso que os aloprados locais da direita se julgam no direito de instalar em Campos. E logo sobre o evento cultural mais importante do município: a Bienal do Livro, que terá sua 10ª edição entre os dias 20 e 25. O alvo escolhido foi o artista Wagner Schwartz, que irá compor a mesa “Fake News: Mentiras Verdadeiras”, no dia 23. Um grupo de direita chegou a ameaçar nas redes sociais: “protesto no dia da Bienal, impossibilitando que o evento seja realizado”.
O alvo
Schwartz se tornou conhecido em setembro de 2017, com a polêmica envolvendo sua apresentação no MAM de São Paulo. Na performance, ele se apresentava nu e permitia que os espectadores interagissem com seu corpo. Acompanhada da mãe, uma menina de 6 anos tocou o tornozelo do artista. A partir dali, ele sofreu um linchamento virtual, acusado de pedofilia, e chegou a receber 150 ameaças de morte. Em fevereiro de 2018, o Ministério Público Federal concluiu que não houve nenhum crime no caso e arquivou a investigação.
Polícia Federal
Dois membros dessa direita obscura divulgaram vídeos nas redes sociais. Neles exemplificaram o que são fake news, insistindo nas acusações de pedofilia. Um é professor do IFF, que abrigará a Bienal, e foi contrário até a estimular estudantes à leitura. O outro delirou com “atentado de esquerda” e batiza com as iniciais do seu nome o grupo que diz liderar. Lastimáveis como “guardas de esquina”, buscam pegar carona na onda conservadora para se lançarem a vereador em 2020. Antes e depois, qualquer problema no IFF caberá à Polícia Federal.

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