A Morte do Rádio
27/11/2018 00:15 - Atualizado em 27/11/2018 00:25
NinoBellieny
Quando o rádio surgiu, anunciaram ser o fim dos jornais. Veio a tv, disseram ser o fim do rádio, como também seria o do cinema.
Nada disso aconteceu. Todos adaptaram-se e só os fracos desapareceram. Agora volta a história do fim do rádio. E de todas as antigas mídias porque a Internet as matará.
Ainda não será desta vez. O ciclo não se fechará e isso é perceptível pela capacidade aglutinadora da web, que assimila, engole, mas não devora. Dentro das redes estão os jornais, as rádio, os canais de tv e o cinema. 
Quem soube adaptar-se ao novo meio, não pereceu. Determinados veículos sucumbem, não pela novidade feroz, mas pela incapacidade administrativa e principalmente pela ausência de ousadia e criatividade, tópicos indissociáveis para o sucesso.
Permanecer na mesmice, no conforto de uma fórmula gasta,  é assinar o passaporte para o fracasso.
O rádio por exemplo, tem a morte decretada pelos próprios responsáveis, esquecidos do básico: retornar ao princípio, dando ênfase ao noticiário, às informações sobre trânsito, segurança, utilidade pública, cultura, humor, entretenimento e esportes.
Quando uma equipe de narradores se tranca em uma sala para reproduzir vocalmente a transmissão de futebol, feita por  um canal de tv, ela está envenenando a vida do rádio; quando copia literalmente as notícias dos sites, é mais uma dose de veneno.
O rádio criativo e ousado, nunca perderá o encanto. É possível fazer qualquer atividade ouvindo rádio. A tv limita, a internet causa acidentes, mas o rádio deixa dirigir, estudar, conversar,namorar, trabalhar, enfim é o perfeito companheiro. E se a progamação não agrada, troca-se de estação.
Esqueçam as músicas. Elas podem ser ouvidas por qualquer um, por vários meios, de acordo com o gosto do usuário. Já não são mais preponderantes como foram para as FMs em suas décadas de domínio absoluto.
O que nunca deixará de ser sucesso, é a informação correta, o debate, o carisma dos locutores, as últimas notícias, a ativação do poder da imaginação do ouvinte. O rádio que as AMs fizeram muito bem feito antes da chegada das FMs, o rádio que alguns poucos nunca deixaram de fazer, este é o que vai sobreviver.
O companheiro de todas as horas, o contraponto da solidão, o amigo vibrante a lembrar que a vida não para e disposição é preciso. Um bom locutor salva vidas, recupera ideais, estimula sentimentos.
Essa rádio jamais irá morrer. As que não se adaptarem e se reestruturarem, serão vendidas, porém não desaparecerão.
Basta quem as adquirir, nelas injetar paixão, inserir criatividade, espalhar repórteres nos lugares importantes, denunciar erros, enaltecer acertos, pagar bem aos profissionais e investir em equipamento.
Quando os computadores substituem os humanos, o calor vai embora, a era do gelo envolve o ouvinte, ele prefere aquela que transmita o sol.
Imprescindível mirar no que sempre será o mais importante para uma rádio: o ouvinte. Ao afastar-se dele, ao enganá-lo, ao manipulá-lo, quem se distancia é ele. Esse sim é o fim. 
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A inspiração para escrever este artigo, (também dedicado à Jovem Pan FM, grande exemplo de ousada criatividade), há tempos caminhando na cabeça, veio de uma crônica de Martha Medeiros, enviada pela leitora deste Blog, Cristina Dornelles. Leia AQUI

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