Pezão é preso em nova fase da Lava Jato no Rio
29/11/2018 06:52 - Atualizado em 29/11/2018 17:10
Pezão chegou à sede da PF pouco antes das 8h. Ele não foi algemado
Pezão chegou à sede da PF pouco antes das 8h. Ele não foi algemado / Reprodução/TV Globo
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso por volta das 6h desta quinta-feira (29) no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Estado. A operação Boca de Lobo, mais um desdobramento da Lava Jato no Rio, é baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que está preso. O governador chegou à sede da Polícia Federal pouco antes das 8h para prestar depoimento. Pezão não foi algemado. Já por volta das 15h, depois de depor por três horas, ele foi levado para a cadeia de Benfica, de onde, após triagem, foi transferido para o Batalhão Especial Prisional de Niterói (BEP), já que o mandado de prisão é preventiva. Pezão tem direito à sala de Estado Maior.
Ao deixar a sede da PF, Pezão negou as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitações. “É óbvio que eu nego, nego tudo”, respondeu o governador ao ser questionado pela equipe do jornal O Dia.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros, desde que era vice e que também atuou como secretário de Obras de Cabral. O MPF informa, ainda, que há provas documentais do pagamento em espécie ao atual governador de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015.
Além de Pezão, a força-tarefa da Lava Jato tenta prender outras oito pessoas e cumprir 30 mandados de busca e apreensão. A ação também tem como alvo o atual secretário estadual de Obras do Rio, José Iran Peixoto. Ainda há mandados de prisão contra o secretário de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, já preso na operação Furna da Onça, Luiz Carlos Vidal Barroso (servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico), Marcelo Santos Amorim (sobrinho do governador), Cláudio Fernandes Vidal e Luiz Alberto Gomes Gonçalves (sócios da J.R.O Pavimentação), Luis Fernando Craveiro de Amorim e César Augusto Craveiro de Amorim (sócios da High Control Luis).
Entre os alvos da busca e apreensão estão o Palácio Guanabara, onde o governador despacha, a casa de Pezão em Piraí, no Sul Fluminense, e a casa de Hudson Braga, que foi secretário de Obras durante o governo Cabral.
De acordo com a Polícia Federal, a Boca de Lobo investiga os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, cometidos pela alta cúpula da administração do governo do Rio. A ordem de prisão preventiva foi expedida pelo ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde governadores têm foro. Com a prisão de Pezão, assume Francisco Dornelles (PP), seu vice.
O delator Carlos Miranda detalhou o pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão na época em que ele era vice de Cabral. Também houve, segundo a delação, pagamento de 13º de propina e ainda dois bônus de R$ 1 milhão como prêmio. O “homem da mala” de Cabral disse que o atual governador guardou R$ 1 milhão em propina com um empresário do Sul Fluminense.
Nas ocasiões, Pezão negou as acusações. Sobre a mesada, ele disse que "as afirmações eram absurdas e sem propósito". Além disso, o governador afirmou, em nota, “que jamais recebeu recursos ilícitos e já teve sua vida amplamente investigada pela Polícia Federal”.
Atualmente, dos três poderes do Estado do Rio, estão presos o governador e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (MDB). Ex-presidente da Alerj, o deputado estadual Paulo Melo, preso desde a operação Cadeia Velha e também alvo da Furna da Onça, afirmou na última terça-feira (27), em depoimento à Justiça (aqui), que Pezão procurou deputados para que eles indicassem cargos no governo, em especial no Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran).
Em nota, a assessoria do governo do Estado informou que, “de acordo com o artigo 140 da Constituição estadual, a chefia do Poder Executivo passa a ser exercida, a partir desta quinta-feira (29), pelo vice-governador Francisco Dornelles. O governador em exercício afirma que o governo do Estado do Rio de Janeiro manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo, reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com os demais Poderes do Estado”.
Com informações do G1, O Dia e O Globo
Fotos: Reprodução TV

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