Ponto Final - Ainda longe, Haddad e Paes nunca ficaram tão perto de Bolsonaro e Witzel
26/10/2018 12:55 - Atualizado em 12/11/2018 17:37
Menor diferença do 2º turno
Jair Bolsonaro (PSL) e Wilson Witzel (PSC) ainda são favoritos para se elegerem, respectivamente, presidente e governador nas eleições deste domingo (28). Mas, a dois dias das urnas, a mesma diferença 12 pontos dos líderes é a menor de todo o segundo turno. Se Fernando Haddad (PT) e Eduardo Paes (DEM) ainda estão distantes, e têm muito pouco tempo para tirar uma desvantagem enorme, eles nunca estiveram tão perto dos seus adversários. Feitas na quarta (24) e quinta (25) as pesquisas Datafolha aos Palácios do Planalto e Guanabara indicam o mesmo placar nas intenções de votos válidos: 56% a 44%.
Conhecimento negativo
Para governador do Rio, a Datafolha de ontem repetiu os mesmos números na intenção dos votos válidos da pesquisa Ibope: Witzel 56% a 44% Paes. Na consulta presidencial deste instituto, a vantagem de Bolsonaro foi maior: 57% contra 43% de Haddad. Mas, em relação à Datafolha, é uma diferença mínima nas intenções de votos dos dois candidatos. Ao analisar a pesquisa Ibope a governador na quarta (24), esta coluna alertou: “Solenemente ignorado pelo eleitorado fluminense até surpreender e atropelar nos últimos dias antes do primeiro turno, Witzel parece perder votos a cada dia que se torna mais conhecido”.
Witzel monta em Bolsonaro
Ciente do perigo de se tornar um cavalo paraguaio, Witzel conseguiu autorização para voltar a subir na sela da popularidade dos Bolsonaro. Flávio Bolsonaro (PSL) foi o campeão de votos no Estado do Rio em sua eleição a senador. E o fato dele ter participado da campanha do ex-juiz federal foi considerada fundamental para que o segundo tenha atropelado na reta final das urnas de 7 de outubro. No segundo turno, Jair tinha imposto a neutralidade ao filho na eleição a governador. Mas ontem Flávio voltou atrás: “Não há porque eu não autorizar o uso de minha imagem por aqueles (Witzel) que estão pedindo voto para presidente em Jair Bolsonaro”.
O fator evangélico
Além do apoio do clã Bolsonaro, que vai veicular massivamente até domingo, a principal força eleitoral do ex-juiz vem do voto evangélico. Como o Ponto Final também revelou na quarta: “nos últimos dias antes do primeiro turno, várias lideranças evangélicas fluminenses estavam na dúvida entre apoiar Witzel ou Indio da Costa (PSD). Ao fecharem pelo primeiro, dispararam mensagens de apoio no WhatsApp. Ontem (23), a revista Veja noticiou que a campanha de Witzel recebeu doação de R$ 20 mil do empresário Roberto Nishimura. Ele é dono da empresa Sinape, que tem contrato com a Prefeitura do Rio, comandada por Marcelo Crivella (PRB)”.
Preço do autoritarismo
Quanto à queda do líder na corrida presidencial, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, a creditou ontem aos “arroubos autoritários” de Jair. Antes da pesquisa Datafolha, a coluna já tinha feito esse mesmo diagnóstico: “parece ser um susto dado pelo eleitor a quem já se considera com a mão na faixa presidencial. E que, por isto, tem cometido excessos. No domingo (21), em manifestação de apoio na av. Paulista, um vídeo do capitão foi transmitido ao vivo em telão. Nele fez várias ameaças preocupantes à democracia: ‘(…) a faxina agora será muito mais ampla (…) Ou vão para fora, ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão varridos da nossa pátria (…) Será uma limpeza nunca visto (sic) na história do Brasil’”.
Desculpas pedidas
Como a popularidade e o autoritarismo parecem andar juntos nos Bolsonaro, o chefe do clã foi também atingido pelas besteiras ditas por seu outro filho, Eduardo (PSL/SP), deputado federal mais votado do Brasil. O Ponto Final também as registrou: “No mesmo domingo, circulou pelas redes sociais um vídeo gravado em julho por Eduardo (...) Nele, ameaçou: ‘Se quiser fechar o STF, você não manda nem um jipe, cara, você manda um soldado e um cabo (…) O que que é o STF, cara? (…) Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular?’. Na segunda (22), no Jornal Nacional, Jair se desculpou pelo filho”.
Desculpas negadas
As desculpas pelo filho, e as que não pediu por suas próprias palavras, não foram aceitas por todos os eleitores de Bolsonaro. Alguns deles, inclusive, fizeram o que se julgava impossível: migraram para Haddad. É uma parte pequena, insuficiente para mudar o rumo da eleição. Mas foi emblemática. Desde que se lançou a presidente, o capitão sempre liderou nos mais ricos. E foi neles sua maior perda. Nos que ganham mais de 10 salários mínimos, ele caiu de 67% a 61% das intenções de voto, enquanto Haddad cresceu de 24% a 32%. É gente antipetista que passou a enxergar na opção o mal maior. E, mesmo tendo dinheiro, desistiu de pagar o preço.
José Renato

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