Ponto Final - Chances reais de Paes e a ficção e a realidade entre Haddad e Bolsonaro
25/10/2018 13:03 - Atualizado em 12/11/2018 17:37
Paes passa Witzel na capital
O dia de ontem não teve novas pesquisas. A mais recente foi a Ibope divulgada na noite de terça (23). Nela, Eduardo Paes (DEM) conseguiu diminuir em oito pontos sua grande desvantagem para Wilson Witzel (PSC), ainda favorito na corrida a governador do Rio. Na quarta (24), a pesquisa foi revelada em detalhes. Paes conseguiu virar o jogo na capital. Entre os eleitores que governou, o ex-prefeito do Rio agora tem 52% nas intenções de votos válidos, contra 48% do ex-juiz federal. A vantagem de Witzel ainda é grande nos votos válidos da periferia do Rio: 60% a 40%. E mais ainda no interior do Estado: 61% a 39%.
A força de Fátima
Paes era considerado fora do jogo após passar ao segundo turno com apenas 19,56% dos votos, contra impressionantes 41,28% de Witzel. Mas, na nova pesquisa Ibope, o candidato do DEM conseguiu diminuir essa diferença para 12 pontos: 44% a 56%. Se conseguir a virada até o domingo (28), o que é improvável, será ainda mais surpreendente do que a arrancada do ex-juiz nos últimos dias antes do primeiro turno. Mas para isso precisará do trabalho de prefeitos aliados do interior fluminense. Na região, apenas Fátima Pacheco (Pode) conseguiu dar a vitória a Paes. Em Quissamã, ele teve 32,6% dos votos, contra 26,5% de Witzel.
Carla e Rafael
A força eleitoral da prefeita quissamaense não foi demonstrada por seus colegas de municípios vizinhos. Em São João da Barra, Carla Machado (PP) passou raspando, mas não impediu a vitória local de Witzel: 30,6% no primeiro turno, contra 29% de Paes. O vareio, contudo, foi nas urnas de Campos. Mesmo governado por Rafael Diniz (PPS), aliado de primeira hora de Comte Bittencourt (PPS), vice na chapa de Paes, o município mais importante da região deu 38,6% de seus votos a governador para o ex-juiz, com apenas 18,8% ao ex-prefeito do Rio. Isso mesmo depois de Paes chamar Campos, em entrevista à Folha, de “segunda capital do Estado”.
Macaé de Aluizio
Em Macaé, outro município considerado polo na região, a “coça” de Witzel foi ainda maior: 38,2% dos votos, contra 16% de Paes. Mas, ao que consta, o prefeito Dr. Aluizio não apoiou ninguém a governador. Circula nos bastidores que ele estaria desiludido com a política e teria deixado o MDB, ainda sem nova legenda. Seu apoio na eleição de 7 de outubro teria se resumido ao delegado de Polícia Federal Felício Laterça (PSL). Mas este acabou eleito deputado federal muito mais pela onda de Jair Bolsonaro (PSL), do que por influência do prefeito macaense.
Efeito “Sadim”
Dr. Aluizio enfrenta problemas na Câmara Municipal. Líder da oposição, Maxwell Vaz (SD) luta para implantar a CPI da Saúde em Macaé. A coisa é pior pelo fato de o prefeito ser médico. Ao que parece, seu diagnóstico não foi correto, sobretudo na escolha de certos assessores. Na mídia regional, se submeteu a quem antes criticava abertamente por chantageá-lo. É o mesmo tipo de “apoio” caça-níqueis que já afundou o ex-prefeito de Campos Alexandre Mocaiber, além de Caio Vianna (PDT), derrotado nas urnas para deputado federal. Pelo toque de Midas às avessas, é o tipo de profissional mais conhecido no meio jornalístico como “Sadim”.
Mano Brown
Enquanto a disputa ao governador se desenvolve em suas nuances regionais, a presidencial teve mais uma confissão pública de derrota do PT. Desta vez, ainda mais constrangedora do que Cid Gomes já havia feito em Fortaleza, no dia 16. Na noite de terça (23), sob os Arcos da Lapa do Rio e diante de Fernando Haddad, o rapper Mano Brow admitiu: “Tem, sei lá, quase 30 milhões de votos para alcançar aí. Não temos nem expectativa nenhuma para alcançar, para diminuir essa margem. (...) Se, em algum momento, a comunicação do pessoal daqui falhou, vai pagar o preço (...) Se não tá conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo”.
Ficção e realidade
Ainda na ressaca da noite anterior, o dia de ontem trouxe mais constrangimento à campanha de Haddad. A perícia policial sobre uma suástica nazista marcada no ventre de uma gaúcha de 19 anos, atribuída a eleitores de Bolsonaro, indicou automutilação. Já sobre a realidade, ontem o jornalista Elio Gaspari escreveu: “Bolsonaro já prometeu mais de uma dezena de providências que dependem de reformas constitucionais. Elas precisam do voto de três quintos da Câmara e do Senado (...) o PSL não os tem. Como pretende consegui-los, é outra história. Admitindo que os consiga, será o jogo jogado (...) Se não conseguir, vem aí uma crise anunciada”.
José Renato

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