Ponto Final - Pesquisas confirmam liderança de Bolsonaro
16/10/2018 10:45 - Atualizado em 19/10/2018 17:09
Liderança confirmada
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que venceu com folga no primeiro turno, mas não o suficiente para liquidar a fatura, só não chega ao Palácio do Planalto se algo imponderável acontecer. Pelo menos é o que aponta as mais recentes pesquisas, divulgadas ontem, pelo Ibope e a FSB/BTG Pactual. Nos votos válidos, mesma forma de cálculo utilizado pela Justiça Eleitoral, quando brancos, nulos e abstenções são excluídos, Bolsonaro tem 18 pontos percentuais de vantagem sobre o petista Fernando Haddad. De hoje às urnas, são 12 dias. Reverter essa diferença já não seria fácil. E Haddad ainda tem uma pedra no caminho.
Pedra no caminho
Bolsonaro tem 59% dos votos válidos, enquanto Haddad bate 41% — nas duas pesquisas divulgadas ontem. Nelas, a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Empecilho para vencer no primeiro turno, e que poderia dificultar a vida no segundo, a rejeição do capitão da reserva do Exército caiu: agora é de 35%. E essa se tornou a principal pedra no caminho de Haddad. O ex-prefeito de São Paulo, que no primeiro turno conseguiu ficar um tempo longe do índice negativo, até ser assimilado como representante petista, agora tem 47%. E não há dúvida que virar nesse quesito, em pouco tempo, não é fácil.
Região
O Ibope também divulgou ontem as intenções de votos por região do país. Só no Nordeste Haddad venceria. Segundo o levantamento, em votos totais, o petista tem 57%, ante 33% de Bolsonaro. Nas demais regiões, a vitória do ex-capitão do Exército chega a ser acachapante. No Sul, Bolsonaro vence por 62% a 28%. No Norte/Centro-Oeste, seria de 59% a 33%, enquanto no Sudeste, 58% a 29%. Foi o Nordeste que garantiu a possibilidade de disputa no segundo turno. Mas, de maneira nenhuma, será o suficiente para uma virada no cenário nacional.
Religião
O Estado é laico, mas o Brasil é majoritariamente cristão. E Bolsonaro vence nesse segmento religioso. Entre os católicos, o candidato do PSL tem 48% das intenções, enquanto Haddad bate 42% nos votos totais. Já entre os evangélicos, a vantagem de Bolsonaro é ainda maior. O capitão da reserva do Exército, que conta com apoio de líderes evangélicos e da bancada evangélica na Câmara, chega a 66%, enquanto o petista tem 24%, também nos votos totais. Entre os entrevistados que declaram ser de outras religiões, Bolsonaro tem 44%, enquanto Haddad, 40%.
Gênero
Apesar das manifestações em todo Brasil do #EleNão, uma semana antes das eleições no primeiro turno, Bolsonaro lidera as pesquisas tanto no eleitorado masculino como no feminino. É fato que a vantagem para o candidato do PSL sempre foi maior entre os homens e permanece assim: 58% a 33%. Já entre as mulheres, Bolsonaro lidera com 46% das intenções de votos, enquanto Haddad chega a 40%. E por falar no #EleNão, foi depois dos movimentos que Bolsonaro cresceu na última semana do primeiro turno, inclusive em percentual expressivo no eleitorado feminino.
Estratégia
O PT, ao que tudo indica, errou a estratégia ao forçar candidatura própria, num cenário totalmente desfavorável, principalmente a partir da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância na Lava Jato. Para ter uma candidatura de esquerda ou centro-esquerda competitiva, o melhor caminho, já indicavam as pesquisas, seria uma aliança com o pedetista Ciro Gomes, que Lula mesmo atuou para isolar. Bolsonaro cresceu na onda do antipetismo. E em uma disputa plebiscitária, não é difícil encontrar quem vota em “qualquer um que não seja o PT”.
Onda
Não tem como falar que foi uma surpresa o crescimento de Bolsonaro. Ele sempre esteve em segundo nos cenários em que o ex-presidente Lula era apontado como candidato, antes mesmo do período eleitoral. Era um possível adversário conhecido e até o mais esperado, já que tinha uma rejeição astronômica. O jogo virou. Haddad não é Lula, não tem de longe o mesmo carisma, tampouco a mesma musculatura eleitoral. A onda Bolsonaro mostrou força no primeiro turno não só pelo desempenho individual, mas pelas mudanças de última hora nas disputas a governador, inclusive no Rio, e a nas proporcionais.
José Renato

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