Impressões do 1º turno e o que as urnas em 2018 projetam para 2020
Acirramento no segundo turno
O acirramento na política nacional, que ficou evidente no primeiro turno, tende a ser mais intenso a partir de hoje. No dia 28 de outubro, o eleitor escolherá entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A vantagem do ex-capitão do Exército sobre o ex-prefeito paulista foi expressiva: quase 17%. No início da apuração parecia que Bolsonaro liquidaria a fatura ontem mesmo. No entanto, se concretizou o que todos os institutos de pesquisa sinalizaram: a polarização do antipetismo, personificado em Bolsonaro, e o “ungido” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mesmo preso, liderou as pesquisas até ser barrado na Ficha Limpa.
Lula x Bolsonaro?
Por falar em Lula, parecia que o ex-presidente, mesmo condenado em segunda instância na Lava Jato, chegaria ao fim do primeiro turno como o grande nome da política. Isso porque as pesquisas apontavam transferência de votos dele para Haddad em uma velocidade impressionante, logo que o PT definiu o ex-prefeito paulista na cabeça de chapa. Mas não demorou muito para os levantamentos captarem o crescimento da rejeição, reflexo do desgaste do partido e, também, do seu maior líder. Todo político gosta de dizer que segundo turno é uma nova eleição. Então, na que terminou ontem, o grande nome foi Bolsonaro.
Onda avassaladora
No Rio de Janeiro, essa vantagem ficou ainda mais nítida. Bolsonaro obteve quase 60% dos votos para presidente no estado. Seu partido ficou com nada menos que 13 cadeiras na Alerj. Dos 46 deputados federais, 12 são do PSL. Como Christiano Abreu Barbosa observou no blog Ponto de Vista, o último deputado do partido do presidenciável conquistou a vaga com 31.788 votos. Isso fez com que as vagas para os demais partidos e coligações fossem reduzidas. A de Marcão Gomes, PR e Podemos, tinha potencial para três a quatro cadeiras. Com a onda PSL, fez só duas, deixando de fora Marcão, com quase 41 mil votos, e Dica, com quase 40 mil.
Surfou bem
Nada é mais impressionante que a transferência de votos para o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que saltou de 9% na pesquisa Datafolha da última quinta-feira para 41,28% no resultado oficial. Ele se colocou no cenário como candidato de Bolsonaro, aos poucos. Em entrevista à Folha, publicada no dia 7 de setembro, aproveitou “para mandar um grande abraço público para Jair e Flávio Bolsonaro (PSL)”, políticos que afirmou ter “admiração pessoal”. Depois, no debate do SBT, levou nas mãos o número do presidenciável.
Em vantagem
A ascensão veio mesmo nos últimos dias, quando ele esteve, inclusive, em campanha ao lado de Flávio. O deputado estadual, vale destacar, conquistou mais de 4,3 milhões de votos ontem e se elegeu ao Senado. A reboque, a família ajudou a eleger Arolde de Oliveira (PSD), com 2,3 milhões de votos, desbancando Cesar Maia (DEM). Na eleição que continua, como Bolsonaro no cenário nacional, o ex-juiz chega ao segundo turno com boa vantagem no Rio. Até sábado líder em todas as pesquisas, Eduardo Paes (DEM) terminou o primeiro turno com 19,56%.
Despencou
A mesma velocidade da ascensão de Witzel foi a da derrocada de Romário (Podemos). O Baixinho chegou a liderar no período pré-eleitoral e era colocado em todos os cenários de segundo turno. Na sexta, recebeu o apoio de Anthony Garotinho (PRP), que queria voltar ao Guanabara, mas foi barrado na Ficha Limpa. Nos últimos anos, Garotinho tem se transformado em um Midas ao contrário: tudo que toca, estraga. Foi assim com Marcelo Crivella (PRB), no segundo turno de 2014. Sem falar de Geraldo Alckmin (PSDB), em 2006, que teve menos votos com apoio de Garotinho, do que no primeiro turno, quando não contava com tal apoio.
Projeções
Muitos clãs fluminenses foram derrotados neste pleito. Mas no caso dos Garotinho, saiu por baixo só o pai. Wladimir (PRP) foi o mais votado a federal em Campos. Se já era projetado para 2020, agora, com mandato, é ainda mais. Na família, superou em votos a irmã, Clarissa (Pros), que se reelegeu com votação abaixo da esperada. Principal adversário de Wladimir na briga pelos votos campistas, Marcão levou a melhor no geral, mas ficou de fora. Em julho deste ano, o presidente do Legislativo goitacá contestou o raciocínio de que o resultado de 2018 possa influenciar em 2020. Mas não há dúvida que uma eleição já começa a desenhar a outra.
*Publicado nesta segunda-feira (8) da Folha da Manhã

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    Arnaldo Neto

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