Famílias lembram histórias ligadas às tradições do Festival do Quibe
07/09/2018 15:46 - Atualizado em 10/09/2018 13:55
Recordações alegres guardadas nas fotografias e na lembrança da professora Isabel Tanus revelam parte dos 70 anos do tradicional Festival do Quibe de Italva. O festival, que é Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, acontece amanhã (09) e recebe turistas de várias partes do Brasil.
Nascida em Campos dos Goytacazes, Maria Isabel Tanus, 70 anos, guarda lembranças do esposo Said Tanus José como um dos protagonistas da campanha de emancipação. O médico Said José que faleceu num acidente de carro em 25 de setembro de 1988 em plena campanha política.
Maria Isabel Tanus recorda um tempo que na cidade residiam muitas famílias descendentes do Líbano. Atualmente restam poucas famílias, mas a tradição da culinária do Líbano continua sendo preservada. As primeiras famílias vieram do Líbano e se instalaram na cidade no início do século XX.
— O Festival do Quibe contribui para que a cidade de Italva seja incluída no calendário turístico do Estado do Rio de Janeiro. Recordo do último festival que meu esposo participou em 1988, ano que veio a falecer. Ainda lembro de algumas pessoas que ajudaram a organizar o evento — lembra.
O quibe é comercializado em bares e lanchonetes e consumido nas festas familiares. João Batista Miote, casado com a dentista Margareth Florido, não ensina a receita: é uma herança da família da esposa, Maria da Penha Florido, que veio do Líbano para Italva. A lanchonete que fica no centro da cidade é referência na qualidade do alimento.
— Há muitos anos na cidade residia um número expressivo das famílias que chegaram no início do Século XX do Líbano e essas tradições da culinária foram preservadas por quase um século. Além do quibe serviam nas festas outras iguarias com receitas que trouxeram do Líbano. Mas com o tempo os mais jovens se mudaram para outras cidades e restaram alguns descendentes. Mas a tradição está sendo mantida com o Festival do Quibe que acontece todos os anos — disse João.
Na opinião do Padre Maxiliano Barreto, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, o quibe de Italva tem sabor diferenciado. Em várias versões, a receita ganha as mesas nas festas e é servido frito ou assado. O segredo está no tempero e nos ingredientes e no modo de preparar que é guardado a sete chaves pelos últimos libaneses e seus descendentes.
— É diferente de comer um quibe em qualquer lugar, pois em Italva o quitute de origem libanesa guarda segredos trazidos pelos primeiros imigrantes e seus descendentes. A cidade é conhecida como a capital do quibe, mas a tradição agora reconhecida como patrimônio cultural e imaterial precisa ser repaginada para retomar a originalidade da festa e reunir as famílias para um momento de confraternização e de reencontro — destaca o padre.
Aos 79 anos de idade, Therezinha Tanus Florido recorda da saga dos libaneses que chegaram por volta de 1936. Eles se fixaram no comércio e vendiam produtos que compravam no Rio de Janeiro.
— O Festival do Quibe imprime na cidade a marca árabe com sua culinária e toda a influência dos imigrantes que escolheram Italva para viver e deram a sua contribuição para o desenvolvimento econômico e cultural da região — conta Therezinha.
A artesã Fabiana Oliver destaca o festival como uma marca da cidade que precisa ser preservada. Uma contribuição dos libaneses que chegaram e trouxeram a sua cultura que está sendo mantida viva pelos descendentes e pelos moradores.
— Hoje muitos jovens descendentes de libaneses foram estudar fora, mas o quibe continua sendo a marca de Italva. E agora com a lei que reconhece o festival como patrimônio cultural e imaterial e a sociedade italvense têm esse compromisso de nunca deixar acabar a tradição — destacou. (A.N.)

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