A força do silêncio...
- Atualizado em 17/09/2018 12:39
O autor Aldo Novak expressa uma reflexão fundamental no mundo atual em que vivemos:
“Pense em alguém que seja poderoso... Essa pessoa briga e grita como um papagaio, ou olha e silencia, como um leão? Leões não gritam. Eles têm a aura de força e poder. Observam em silêncio. Somente os poderosos, sejam leões, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio. Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas. Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos.
Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis. Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota. Olhe! Sorria! Silencie! Vá em frente e lembre-se de que há momentos de falar, que há momentos de silenciar. Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso. Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Não é verdade! Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir. Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.
Você pode escolher o silêncio. Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenocrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar: “Responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas”.”
E você, já parou para pensar no poder do silêncio? Já pensou que aprender a fazer silêncio pode ser tão importante quanto aprender a falar e a se relacionar com outras pessoas? É interessante perceber que em uma sociedade tão materialista como a nossa, que privilegia o TER em detrimento do SER, é urgente a necessidade de mergulharmos dentro de nós mesmos. Fazer silêncio é mais que não falar, que ficar quieto sem nada a dizer. Silenciar é uma arte que comunica tanto quanto outros sons. Nesta sinfonia que é a vida, cultivar instantes de silêncio pode nos proteger da impulsividade que invade nossa alma e pode nos auxiliar no contato com nossa essência. Assim, podemos descobrir coisas antes não observadas com a devida atenção. Na melodia da vida, as pausas remetem ao momento em que realmente passamos a entrar em nós. É claro que muitos poderão dizer que ficar quieto e silenciar pode ser uma atitude egoísta e covarde em alguns momentos em que se espera que algo seja dito ou feito.
Bem, realmente isso não é verdade! Precisamos olhar o silêncio por um outro ângulo. Aquele que educa a alma, que nos traz equilíbrio frente à vida. Aquele que nos auxilia a preservar nossa identidade. E, como tudo na vida, esse silêncio sábio pode ser aprendido, cultivado. Afinal, o silêncio deve ser muito importante, caso contrário não teríamos nascido com duas orelhas e apenas uma boca, concorda? Deste modo, devemos fazer do silêncio a paz que nos serena a alma e ilumina a vida nos instantes de agressões, dúvidas ou dor, mas também lembremos dele nas horas das alegrias mais profundas, de forma que sempre possa nos acompanhar em todos os instantes da vida como grande aliado. Ao desenvolvermos a habilidade de silenciar, evidenciamos a prudência, característica maior dos sábios. Enfim, o silêncio pode ser reconhecido como uma virtude que evita polêmicas desnecessárias e brigas perigosas.
Grandes sábios afirmam que quem muito fala, nada tem a dizer. Isto parece fazer bastante sentido, quando por prepotência, vaidade e orgulho, algumas pessoas defendem, de forma douta, graves erros, para os quais constroem justificativas totalmente mentirosas. O leitor certamente conhece casos e casos...
Assim, como homens e mulheres sensatos que somos, devemos desconfiar de todos os discursos apelativos que produzem entorpecimento da razão crítica! Todavia, devemos interpretar o silêncio como uma arma poderosa para responder, de forma harmoniosa, aos ataques de má fé! Precisamos da calma e do silêncio. Não o silêncio do fechamento, da indiferença, mas o silêncio da atenção, da escuta; o silêncio da sintonia com o sagrado, com o transcendente, o sobrenatural! O texto de Novak enfatiza que a característica própria de um homem corajoso é falar pouco e executar grandes ações. A característica de um homem de bom senso é falar pouco e dizer sempre coisas razoáveis. Não há menos fraqueza ou imprudência em calar, quando se é obrigado a falar, do que leviandade e indiscrição em falar, quando se deve calar.
O silêncio tem uma força de comunhão que não leva ao isolamento, mas nos coloca em sintonia com todas as criaturas, particularmente com todas as pessoas que pensam, esperam e amam. Mas, só é capaz de vivenciá-lo e usá-lo como arma, quem possui decisão interior e firmeza de caráter, conseguindo saborear e estabelecer uma comunicação autêntica consigo, com os outros, com a natureza e com Deus. Lembre-se: Silenciar é uma arte praticada com excelência por poucos! Sábios são os que conseguem!
Com afeto,
Beth Landim

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Elizabeth Landim

    [email protected]