Ponto Final - Debate a governador
17/08/2018 22:55 - Atualizado em 01/09/2018 14:16
Debate a governador
Acabou na madrugada de ontem o primeiro debate entre os candidatos a governador do Rio, promovido pela Band. O desempenho dois oito presentes não foi exatamente o mesmo das intenções de voto reveladas no dia anterior. Na sondagem estimulada do instituto Real Time Big Data, Romário (Pode) ponteia com 25% das intenções de voto — seguido de Eduardo Paes (DEM), com 19%, e Anthony Garotinho (PRP), 14%. E, fato incomum para um líder isolado nas pesquisas, Romário foi pouco atacado. Ainda assim, se juntou a Márcia Tiburi (PT) na disputa pelo desempenho mais fraco do debate.
Romário pisa na bola
O ex-craque dos campos apresentou visível dificuldade para articular quase todas suas respostas. E seus lapsos verbais e de pensamento pioraram ainda mais quando teve que perguntar. Quando instado a falar das finanças falimentares do Estado, demonstrou ser ainda mais ignorante em economia do que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O incômodo e nervosismo foram fisicamente denunciados por Romário durante todo o debate, na quantidade de vezes em que teve usar a língua para molhar os lábios. Com a boca seca, o “Peixe” estava claramente fora d’água.
Tiburi da torcida ao campo
Professora de filosofia, Tiburi tem boa articulação verbal, mas se revelou militante travestida de candidata. Não por usar camisa e colar com as imagens do ex-presidente Lula, mas pelo caráter panfletário das suas intervenções. No último bloco resumiu as perspectivas reais da sua candidatura: “Lula vai vencer e eu também”. Depois, concluiu com sua proposta: “fazer um Rio de Janeiro feliz para as pessoas”. A petista lembrou ser a única mulher entre os candidatos. E ressalvou não haver entre eles nenhum negro. Romário disse que o negro ali era ele. Pelo que mostraram, as condições para governar o Estado não dependem de gênero ou raça.
Garotinho e Indio x Paes
Se não restou dúvida dos piores desempenhos da noite/madrugada, é difícil falar em melhores. Certamente, Tarcísio Motta (Psol), Garotinho e Indio da Costa (PSD) mostraram traquejo adquirido com a experiência. Que também não falta a Paes. Mas ele foi a Geni do debate, por conta da ligação com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Se já era de se esperar, o que surpreendeu foi a dobradinha entre Garotinho e Indio para bater no ex-prefeito carioca. Sobretudo porque, em entrevista à Folha da Manhã publicada em 6 de agosto de 2016, repercutida na mídia carioca, Indio declarou: “a política de Garotinho é manter o pobre na pobreza”.
Entradas duras
Na primeira oportunidade que teve no debate, Indio rolou a bola com açúcar e afeto a Garotinho, ao lhe perguntar como Clarissa tinha encontrado a Prefeitura do Rio herdada de Paes, na condição de secretária de Marcelo Crivella (PRB). O político de Campos bateu com tanta força que gerou direito de resposta. Nele, o candidato do DEM disse que Garotinho havia levado até Rosinha à cadeia, “numa das três ou quatro vezes que foi preso”. Em seu direito de resposta, o ex-governador alegou que sua esposa foi desrespeitada por Paes, porque este convive com agressor de mulher, em referência ao deputado federal Pedro Paulo (DEM).
Tarcísio e o Psol
Em nível bem mais elevado, se mostrou Tarcísio. Ao ser perguntado por Pedro Fernandes (PDT) sobre o destino dos palácios do governador, o candidato do Psol primeiro se solidarizou com o adversário, cujo pai desapareceu recentemente num acidente de aviação. Tarcísio foi quem melhor atingiu em Garotinho, dizendo e dando exemplos de como este, quando governador, não foi diferente de Cabral. Mas, pelo bom papel que fez como candidato a governador em 2014, seu desempenho no primeiro debate de 2018 não surpreendeu. No contraste com Tiburi, revelou que a esquerda a ser levada a sério do Estado do Rio hoje é o Psol.
Fernandes, Witzel e Uenf
As novidades positivas do debate ficaram por conta de Fernandes e Wilson Witzel (PSC). O pedetista demonstrou sinceridade ao propor austeridade e exemplifica-la nos benefícios de que abriu mão como deputado estadual. Por sua vez, com a carreira de juiz federal que abandonou para ser candidato, Witzel mostrou embasamento e, sobretudo, firmeza em suas propostas contra a corrupção. Pareceu estar falando bastante sério quando as assumiu como tentativa de estender a Lava Jato ao governo do Estado do Rio. Todos os oito candidatos foram indagados sobre a Uerj. E apenas Tarcísio, Garotinho e Paes aproveitaram para lembrar que a Uenf existe.

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