Maduro afirma ter sido alvo de atentado durante evento militar
05/08/2018 13:28 - Atualizado em 17/08/2018 16:36
Nicolás Maduro
Nicolás Maduro / Divulgação
Um discurso do presidente venezuelano Nicolás Maduro foi interrompido por um suposto ataque de drones durante um evento militar, na tarde desse sábado (4), segundo a agência de notícias Reuters. O evento estava sendo transmitido ao vivo pela televisão. Foi possível ver quando centenas de militares, que estavam enfileirados em frente ao presidente da Venezuela, saíram correndo em pânico. Maduro acusou os Estados Unidos e a Colômbia de estarem por trás dos ataques. No entanto, na manhã deste domingo, o governo norte-americano negou envolvimento no suposto ataque, que foi assumido por um grupo chamado Soldados de Franelas.
Na noite desse sábado, Maduro falou pela primeira vez após o incidente e acusou os dois países de estarem por trás do que ele chamou de atentado. Em um pronunciamento transmitido pelos canais de rádio e televisão estatais, ele disse que as primeiras investigações apontam para um suposto planejamento feito em Bogotá. Segundo a AFP, uma fonte do governo colombiano afirmou que "não tem base" que indique que o presidente Juan Manuel Santos esteja por atrás do suposto atentado.
Maduro também pediu o auxílio de Donald Trump para "combater grupos terroristas".
"As primeiras investigações nos indicam que vários dos financiadores vivem nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Espero que o presidente Donald Trump esteja disposto a combater grupos terroristas", afirmou Maduro em um discurso transmitido pelos canais de rádio e televisão oficiais.
'Grande explosão'
Houve uma "grande explosão", de acordo com o presidente da Venezuela. Segundo o político, um artefato voador explodiu na frente dele durante seu discurso e, inicialmente, ele pensou que houve um problema de execução da parada militar. Então, houve uma segunda explosão. Maduro disse que houve confusão enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo e que foi protegido por Deus e as forças armadas venezuelanas.
O presidente venezuelano também disse que uma investigação foi aberta imediatamente e que alguns dos suspeitos já foram "capturados", mas não informou os nomes deles.
"Foram capturados parte dos atores materiais do atentado e se encontram já processados", disse ele. "Não vou adiantar mais, mas a investigação já está muito avançada." Maduro afirmou que sofreu uma tentativa de assassinato e que "tudo aponta" para um complô de direita.
O Sindicato Nacional de Trabalhadores de Imprensa da Venezuela afirmou, pelo Twitter, que vários jornalistas que cobriram o evento foram interpelados por autoridades no local e duas emissoras de televisão perderam contato com os funcionários.
Explosão de drones
Segundo a agência, o ministro da Informação, Jorge Rodríguez, afirmou, pouco depois das 20h (horário de Brasília), que vários drones carregados com explosivos explodiram perto do evento presidencial enquanto Maduro estava falando.
Rodríguez reiterou que Maduro está bem e segue trabalhando. Ele disse, porém, que sete guardas nacionais ficaram feridos no incidente, que ele classificou como uma tentativa de ataque. "Nosso presidente Nicolás Maduro está em perfeito estado de saúde, em perfeitas condições", disse Rodríguez, em um pronunciamento transmitido pela TV estatal.
Outra versão dos fatos
A agência de notícias Associated Press (AP), porém, afirmou que bombeiros no local da explosão deram outra versão dos fatos. Segundo três oficiais ouvidos pela agência em condição de anonimato, o incidente foi, na verdade, uma explosão de um tanque de gás dentro de um apartamento.
Alguns minutos após a explosão, as forças de segurança inspecionaram um prédio próximo, cuja fachada estava escurecida, segundo a agência France Presse. Uma foto divulgada pela Reuters a partir de um vídeo feito nas imediações mostra uma grande quantidade de fumaça saindo detrás de um edifício.
Evento militar
De acordo com a agência EFE, o evento seria uma comemoração dos 81 anos da criação da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). A Reuters afirmou que o discurso que Maduro proferia a céu aberto foi interrompido quando o áudio foi cortado. As imagens da televisão mostraram Maduro e as demais pessoas no palanque olhando para cima, com ar assustado.
A câmera, então, mostrou centenas de soldados, que estavam enfileirados, começando a correr do local, antes que a transmissão fosse cortada.
Estados Unidos negam participação
O governo dos Estados Unidos negou, neste domingo (5), envolvimento no suposto ataque de drones contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Um grupo reivindicou a autoria da ação, mas pairam dúvidas sobre o que realmente ocorreu.
"Eu posso dizer, inequivocamente, que não há nenhum envolvimento do governo dos EUA nisso tudo", disse o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton, ao "Fox News Sunday" em uma entrevista.
Bolton sugeriu que o próprio governo Maduro poderia estar por trás da explosão. "Poderia ser uma série de coisas, desde um pretexto criado próprio regime de Maduro até algo diferente", declarou.
Maduro acusa Colômbia
O venezuelano também relacionou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao incidente. "Tentaram me assassinar no dia de hoje e não tenho dúvida de que tudo aponta para a direita, a ultradireita venezuelana em aliança com a ultradireita colombiana e que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado, não tenho dúvidas", afirmou o chefe de estado venezuelano.
Grupo assumiu autoria
Em uma mensagem publicada nas redes sociais, o grupo Soldados de Franelas assumiu autoria da ação. Os equipamentos, de acordo com o grupo, foram derrubados por seguranças de Maduro antes de chegarem perto do presidente.
A conta de Twitter @SoldadoDfranela foi criada em março de 2014 e conta com 95 mil seguidores. O grupo afirma ser composto por militares patriotas e civis leais ao povo venezuelano, que buscam resgatar a democracia de uma nação sob ditadura.
"Demonstramos que são vulneráveis. Não conseguimos (alcançar o objetivo) hoje, mas é questão de tempo", diz o Soldados de Camiseta num tuíte.
Transmissão pela TV
Parte do incidente pôde ser visto pelas imagens da emissora estatal VTV. O presidente venezuelano estava de pé, prestes a terminar seu discurso, quando ouviu um barulho. Maduro olhou para o alto, assim como a primeira-dama, Cilia Flores, e o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López. A transmissão foi interrompida e, logo depois, as imagens mostraram dezenas de militares correndo de forma desordenada.
Fotos mostram seguranças protegendo Maduro com escudos à prova de bala, após o suposto atentado. O general Tarek William Saab anunciou que os presos seriam apresentados publicamente na segunda (6), de acordo com a BBC.
Por que há dúvidas sobre a versão oficial?
Essa não é a primeira vez que Maduro denuncia ter sofrido um atentado, de acordo com a BBC. Apesar das imagens do momento em que o episódio ocorreu, há dúvidas sobre se realmente foi um atentado porque não foram apresentadas provas para respaldar as acusações.
O ceticismo se explica em parte porque, na transmissão oficial do evento, não é possível ver qualquer drone e testemunhas que estavam presentes ao evento disseram à imprensa que não viram esses "artefatos voadores", ainda segundo a BBC.
A Frente Ampla Venezuela Livre, que é da oposição, também questiona a versão oficial. "Ainda é preciso ver se realmente foi um atentado, um acidente fortuito ou alguma das outras versões que circulam pela internet", disse.
Fonte: G1

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