Ponto Final - Contas de Rosinha, mesa diretora da Câmara e eleição em votações cruzadas
14/07/2018 19:35 - Atualizado em 19/07/2018 18:53
Votações cruzadas
Com razão, se comenta que a eleição de prefeito de Campos, em 2020, passará pelo pleito de outubro deste ano. Sobretudo pelos desempenhos que terão entre os campistas o presidente da Câmara Municipal, Marcão Gomes (PR), e o filho do casal de ex-governadores Wladimir Garotinho (PRP). Ambos são pré-candidatos a deputado federal. Pela mesma lógica, não está errado quem aposta que a eleição da nova mesa diretora da Câmara, esperada para agosto, será definida pela votação das contas da ex-prefeita Rosinha Garotinho (Patri) na próxima quarta-feira (18).
TCE unânime contra Rosinha
Valessem apenas os critérios técnicos, o contundente parecer do novo Tribunal de Contas do Estado (TCE) seria suficiente para rejeitar as contas de Rosinha, relativas ao exercício administrativo de 2016. Depois de ser saneado pela prisão de cinco dos seus seis conselheiros, mais um ex, na operação “Quinto do Ouro”, da Polícia Federal (PF), o TCE rejeitou por unanimidade as contas da ex-prefeita de Campos. O relatório da conselheira substituta Andrea Siqueira Martins tem 110 páginas. Nelas constam 22 determinações, sete irregularidades, 13 impropriedades e três recomendações.
Vereadores “estudam”
Em qualquer democracia do mundo com mínimo de zelo pela coisa pública, seria suficiente para rejeitar as contas de Rosinha, deixando-a inelegível por oito anos, conforme a lei 64/90, além de abrir sua responsabilização cível e criminal pelas diversas irregularidades apontadas. Ainda assim, devido a questões meramente políticas, 11 vereadores estão “estudando” o relatório. São eles: Igor Pereira (PSB), Marcelo Perfil (PHS), Jorginho Virgílio (PRP), Silvinho Martins (PRP), Josiane Morumbi (PRP), Cabo Alonsimar (PTC), Renatinho do Eldorado (PTC), Eduardo Crespo (PR), Juninho É Show (PTC), Álvaro Oliveira (SD) e Neném (PTB).
Mesa de “estudo”
Dos 11, Neném é o único que confirmou a tendência de votar com o relatório unânime do TCE e rejeitar as contas de Rosinha. Aos demais, a suposta indecisão se deve à eleição da nova mesa diretora da Câmara. A maioria governista já definiu Fred Machado (PPS) como novo presidente, Abdu Neme (PR) como primeiro vice-presidente e Genásio (PSC) como primeiro secretário. Mas os vereadores debutantes Igor e Perfil, que ficariam com a segunda vice-presidência e a segunda secretaria, pleiteiam os cargos que estariam destinados a Abdu e Genásio.
G-5 e “desaparecidos”
Em tese, Igor e Perfil contariam com o apoio do G-5 para um posto mais generoso na nova composição da mesa. Muito embora Perfil tenha abandonado o grupo “independente”. E seu substituto, o experiente vereador Marcos Bacellar (PTB), já tenha adiantado que votará pela rejeição das contas de Rosinha. Os demais edis do G-5 são Jorginho, Silvinho e Enock Amaral (PHS). Este, como Álvaro César (PRTB) e Joilza Rangel (PSD), não foram encontrados, nem responderam aos contatos da reportagem da Folha. Segundo assessores, Joilza estaria com os netos, em local sem celular. De Enock e Álvaro, até as assessorias desapareceram.
Próximos atos
Apesar de já ter declarado ser pré-candidata para tentar voltar a ser prefeita, em 2020, Rosinha deve ter as contas rejeitadas e ficar inelegível. Para isso, serão necessários nove votos. E 11 edis declararam à Folha que seguirão o parecer do TCE. Além de Bacellar, Marcão, Fred, Adbu e Genásio, são eles: Zé Carlos (PSDC), Abu (PPS), Cláudio Andrade (PSDC), Pastor Vanderli (PRB), Paulo Arantes (PSDB) e Ivan Machado (PTB). Com isso confirmado, é provável que a eleição da nova mesa seja antecipada ainda para este mês, antes da volta do recesso. Depois, serão as convenções e a eleição de outubro. E, dois anos depois, 2020 sem Rosinha. A ver.
Em debate
A violência obstétrica foi tema do segundo Café com o Conselho, nessa sexta-feira, no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. Na ocasião, a obstetra Leila Werneck, a secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Sana Gimenez, e a jornalista Daniela Abreu debateram as formas de violência antes, durante e depois do parto. Com o auditório repleto de mulheres que relataram casos e opinaram na busca de soluções ficou evidenciado que, além de adequações nas maternidades públicas e privadas, há a necessidade de que profissionais de saúde tenham mais conhecimento sobre tais relatos da violência que vem sendo naturalizada às mulheres ao longo dos tempos.
José Renato

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