Ponto Final - "Time da Chequinho" fora
07/07/2018 19:09 - Atualizado em 13/07/2018 13:29
“Time da Chequinho” fora
Como já foi notificada em Diário Oficial, a saída do vereador Thiago Ferrugem (PR) é questão de tempo. E vai acontecer nesta semana. A partir daí, a Câmara de Campos passa a não contar mais com nenhum dos eleitos do “time da Chequinho”. Foram 11 os vereadores eleitos em 2016 acusados de participar do “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por votos — e por isso foi batizado de time da Chequinho. Já o “técnico” é o ex-governador Anthony Garotinho (PRP), que foi apontado como líder, que comandava com “mãos de ferro” um esquema compra de votos no município, por meio do programa Cheque Cidadão.
Os titulares
Além de Ferrugem, foram declarados eleitos em outubro de 2016 e integraram o time da Chequinho: Cecília Ribeiro Gomes (PT do B), Jorge Magal (SD), Jorge Rangel (PTB), Kellinho (Pros), Linda Mara (PTC), Miguelito (PSL), Ozéias (PSDB), Roberto Pinto (PTC), Thiago Virgílio (PTC) e Vinícius Madureira (PRP). Todos foram condenados em primeira instância e tiveram os mandatos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Agora, recorrem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por ora, todos estão com os direitos políticos cassados por oito anos, a contar de 2016.
Banco também condenado
Do time da Chequinho, Cecília perdeu a vaga na Câmara com a validação dos votos de Marcos Bacelar (PDT), e consequente novo cálculo do quociente eleitoral. Posteriormente, foi condenada na Chequinho. Dos outros 10 foram chamados os suplentes, já que no entendimento do TRE os votos não deveriam ser anulados. Só que entre os substitutos imediatos, outros quatro estão condenados no mesmo “escandaloso esquema”. Chegaram a tomar posse, mas saíram por decisão do TRE: Carlinhos Canaã (PTC), Geraldinho de Santa Cruz (PSDB), Roberta Moura (PR) e Thiago Godoy (PR).
Poucos votos
Na “dança das cadeiras” da Câmara, vereadores com poucos votos herdaram mandatos. No PSDB, por exemplo, Ozéias obteve 3.159 votos e foi condenado. O primeiro suplente, Geraldinho, teve 1.379 votos, mas também caiu no “escandaloso esquema”. A cadeira dos tucanos ficou com Paulo Arantes, sem envolvimento com a Chequinho, que recebeu 548 votos. Com a saída de Ferrugem, quem vai assumir é Dr. Ivan Machado (PTB), que obteve 782 votos no último pleito. Dr. Ivan chega ao mandato depois de ter ficado na sexta suplência, em uma coligação que elegeu cinco vereadores, sendo o mais votado com 4.855.
Estranho, mas legítimo
Como o TRE não anulou os votos dos condenados, os mandatos dos suplentes são legítimos. Pode até parecer estranho o fato de os votos que, para Justiça Eleitoral, foram obtidos com o uso irregular do Cheque Cidadão sejam os mesmos que sustentem tais mandatos no cálculo do quociente eleitoral. Contudo, irregularidade não há. No entendimento do juiz Eron Simas, que julgou as Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) em primeira instância, os votos dos envolvidos na Chequinho deveriam ser anulados. Daí, a Justiça Eleitoral deveria recalcular o quociente eleitoral. Mas essa decisão foi afastada pela Corte eleitoral do Rio de Janeiro.
Desdobramentos
Os movimentos da Chequinho na Câmara causaram muitas mudanças. E também despesas. A cada substituição na Casa foram exonerados assessores de gabinetes e, consequentemente, foram pagos os direitos trabalhistas desses servidores. Segundo o presidente da Câmara de Campos, Marcão Gomes (PR), a despesa foi superior a R$ 1,1 milhão. Isso sem falar na instabilidade que causaram tantas mudanças no parlamento. Em um ano e meio, a Casa, que conta com 25 cadeiras, teve 40 nomes diferentes circulando pelo plenário.
Instabilidade
Enquanto o país inteiro se prepara para uma nova eleição, daqui a três meses, para escolha de presidente, governadores, senadores e deputados, Campos ainda vive a instabilidade do pleito de 2016, no que diz respeito ao Legislativo. Os vereadores condenados em duas instâncias na Chequinho já estão recorrendo ao TSE. Enquanto não estiverem encerrados todos os recursos, a instabilidade continua. Muitos condenados estão confiantes em reverter as sanções em última instância. Até o momento, ninguém conseguiu.

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