É sempre tempo de repensar atitudes...
- Atualizado em 20/07/2018 21:45
Saudade e distância são dois registros que nos suscitam inúmeros questionamentos. Muitas vezes, é na ausência que dimensionamos a imensidão dos espaços ocupados em nossa vida. Família... trabalho... amigos... tudo parece infinitamente maior quando estamos longe. Mas qual será o verdadeiro entendimento que temos a cerca daqueles que tanto nos completam e nos fazem felizes?
Podemos conviver décadas com filhos, pais, parceiros e amigos sem nunca conseguirmos, de fato, uma intensa relação. Muitas vezes isso ocorre pela nossa correria do cotidiano que nos atropela e nos impede de valorar corretamente pessoas, situações e momentos...
Sorrir e chorar junto, gostar da mesma coisa e até mesmo superar, lado a lado, grandes conflitos não significa, necessariamente, alcançar o íntimo do outro e romper as barreiras do individualismo.
Quantos aborrecimentos surgem daí? Alguns mal-entendidos, brigas e mágoas se dão, não porque somos maus ou porque temos a intenção de ferir o outro, mas, exatamente, pelo fato de avaliarmos de forma errada as relações e os sentimentos alheios. Temos sempre a tendência a analisar o outro com o “nosso pensar” e com o “nosso agir”, nos esquecendo muitas vezes que o outro é um ser humano que assim como nós carrega dentro de si valores próprios, dificuldades e temores.
Relacionar-se é uma deliciosa aventura e, ao mesmo tempo, uma fonte imensurável de alegria e risco, pois uma andorinha só não faz verão, e o que seria de nós isolados de todos que nos cercam e caminham lado a lado conosco nesta etapa do caminho?
Em todo mal-entendido reside muito desgaste e sofrimento desnecessário. Por isso, é preciso estar atento àqueles que amamos, aos anseios e necessidades daqueles que nos cercam. Atenção à palavra que devia ter sido pronunciada, mas ficou fechada na garganta e era hora de falar e, sobretudo, ao silêncio que não foi erguido no momento exato quando era momento de calar.
São nos relacionamentos que as personalidades se confrontam, os medos se comunicam e a sutil necessidade de impor, característica inerente ao ser humano, se aflora e se disfarça em zelo e proteção. Se somos todos tão dependentes de amar e receber amor, precisamos lapidar nossas emoções e fixar atitudes que alarguem nossos passos e abram nosso coração em direção ao outro. Somos seres que buscam incessantemente a luz, então temos que buscar com mais intensidade esta ligação com o divino que irá nos inspirar sempre, nos tornando pessoas mais leves, de bem com a vida, sem tantos temores e receios que nos impedem de prosseguir, retardando o nosso progresso.
Partilhar a vida com alguém é a oportunidade divina de enriquecê-la. Sempre vale a pena apostar nos relacionamentos quando entre os pares, sejam eles, filhos, pais, companheiros ou amigos, existe a vontade de descobrir esse outro, tocar sua alma, entender o que deseja, do que precisa, o que pode e o que lhe é possível fazer.
Não há manuais de instrução, guias rápidos ou receitas capazes de aprimorar os relacionamentos humanos. Nem seria preciso. Temos mecanismos, fundamentalmente, mais poderosos: a sinceridade, a abertura, a humildade e, prioritariamente, o amor. Esses mecanismos nos permitem sair de nossas próprias varandas e olhar em torno. Compreender que a existência humana é bem maior que nossas pequenas certezas individuais. Se nos escondemos nelas, perdemos a oportunidade de escutarmos o outro e renovarmos nossos conteúdos. Sequer compreendemos que as inevitáveis perdas podem pesar menos que os possíveis ganhos e elas dependem de nossas atitudes. Viver deve ser a arte de compartilhar e a chance de recriar-se. A vida e, em conseqüência, os relacionamentos, deve ser elaborada e, quantas vezes forem necessárias, recriada.
Ansiando por coisas prontas e procurando, no outro, os modelos exatos das coisas que nos completam, jamais encontraremos a cumplicidade tão necessária nos relacionamentos diários. Admitir a liberdade do outro é tarefa árdua e fundamental para o próprio crescimento. A alma daqueles que amamos será sempre uma terra inexplorada e não-mapeada, mas a humildade e a coragem de habitá-la sempre serão facilitadores desse sinuoso caminho. Erguemos muralhas difíceis de invadir porque, inseguros de nossos potenciais, precisamos usar máscaras. Enquanto isso, impedimos que o outro nos descubra e se aproxime, perdendo um tempo que se chama “presente precioso” e que devemos vivê-lo com plena intensidade.
Seja como for, desejo que a alma daqueles que você ama, seja sempre a busca constante de seu encontro e crescimento pessoal, para que os relacionamentos floresçam e o estreitamento dos laços afetivos sejam instrumentos de reescrita de sua história.
Com afeto,
Beth Landim

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