Ponto Final - Violência explode em Campos; prós e contras de Garotinho a governador
07/06/2018 12:11 - Atualizado em 11/06/2018 18:00
Até deficiente físico
Para quem ainda não entende a popularidade de Jair Bolsonaro (PSL), Campos é exemplo para explicar como ele hoje pode liderar com folga a corrida presidencial. À margem esquerda do rio Paraíba do Sul, até deficiente físico virou vítima de tentativa de homicídio. Na manhã de ontem, um homem de 24 anos, mesmo sem a perna direita, foi baleado na cabeça e na coluna. O crime foi no Parque Eldorado, que integra a zona de guerra pela disputa do tráfico de drogas em Guarus — chamada pela Polícia de “Faixa de Gaza”. Detido e identificado por foto pela vítima, após ser detido, o suspeito é um adolescente de 15 anos.
Pelinca ignora Guarus?
O novo alvo da violência de Campos está internado no Hospital Ferreira Machado. Mas teve mais sorte do que os 110 assassinados no município só em 2010 — 71 deles, ou 61,5%, em Guarus. E como a coluna observou em 25 de maio, 13 dias e cinco homicídios atrás: “a sociedade parece esperar que alguém tenha menos sorte na Pelinca, para se revoltar contra o que banaliza enquanto Guarus é o foco”. Não é o caso do vereador de oposição Thiago Ferrugem (PR). Amanhã, ele organiza uma audiência pública na Câmara de Campos, em parceria com a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio.
Quem Garotinho é
Ferrugem falou sobre a possibilidade do ex-governador Anthony Garotinho (PRP) trocar a arriscada pretensão de voltar a ser governador pela segurança de uma candidatura a deputado estadual. Sobre o destino eleitoral do líder de seu grupo político, o vereador disse à coluna: “Garotinho só fala no Governo do Estado. Em momento nenhum ele externa outra coisa. Além do desejo de voltar ao cargo, ele busca a exposição da candidatura para poder mostrar à população, após os processos que enfrentou, quem ele realmente é”.
Os processos
Nos dois processos que geraram suas três prisões, o ex-governador teve ontem uma vitória parcial na Caixa d’Água. Seus atos processuais foram suspensos 14 dias pela desembargadora Cristiane Frota, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O tempo foi dado por conta da cirurgia de catarata do advogado do casal Garotinho, Carlos Azeredo. Já na Chequinho, o político da Lapa acabou beneficiado pela decisão monocrática de Ricardo Lewandowski, no Supremo Tribunal Federal (STF). Conhecido pelo garantismo para com políticos corruptos, em 16 de maio o ministro simplesmente suspendeu o julgamento de Garotinho no TRE.
Testar a sorte
Quem não teve a mesma sorte foram os beneficiados na suposta troca de Cheque-Cidadão por voto, na eleição municipal de 2016. Dois deles, Ferrugem e o também vereador Geraldinho Santa Cruz (PSDB), ontem perderam no TRE seus recursos na Chequinho. Quem conhece Garotinho como poucos é o ex-vereador Nelson Nahim (MDB). Ontem, ele também falou com a coluna e disse ter pouca dúvida de que o irmão tentará voltar a governar o Estado em outubro. “Se Eduardo Paes (DEM) não for candidato, diria que as chances são de 100%. Mas, mesmo com Paes, acho que Garotinho vai concorrer a governador”.
Contras
Nahim não discorda do que a coluna explicou ontem: “A única pesquisa até agora na disputa ao governo fluminense foi do instituto Paraná (...) nela o senador Romário (Podemos) liderou com 26,9%; seguido de Paes (14,1%); Garotinho (11,6%) e Indio da Costa (PSD, 8,8%). O político de Campos, porém, lidera na rejeição: 71,9%. Em 2014, ele não foi nem ao segundo turno da última eleição a governador, quando sua rejeição era ‘só’ de 48%. Portanto, parece impossível que consiga sê-lo agora, com uma rejeição 24 pontos maior, sem controlar a Prefeitura de Campos e após trocar um partido médio, o PR, pelo nanico PRP”.
Prós
O irmão, no entanto, aposta em pontos que podem favorecer Garotinho: 1) o discurso de que denunciou o ex-governador Sérgio Cabral e o deputado estadual Jorge Picciani, implodindo o MDB no Estado; 2) não terá a condição financeira de 2014, mas pode ser ainda capaz de levantar o mínimo para a campanha; 3) Romário não concorrerá a governador, repetindo a simulação para valorizar o passe que fez outras vezes; 4) apesar do apoio do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), Indio terá dificuldades para sair da Zona Sul carioca; e 5) mesmo com Paes concorrendo, um eventual segundo turno entre ele e Garotinho seria imprevisível.
José Renato

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