Crítica de cinema - Dinossauros e o desencanto
- Atualizado em 15/06/2018 17:57
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(Jurassic World: Reino ameaçado) -
Lançado em 1993, Jurassic Park marcou uma geração inteira (mesmo que isso não tenha ocorrido comigo), é inegável que o filme envelheceu bem e tem muitos fãs. Essa nova leva da franquia aposta muito nessa nostalgia, Jurassic World foi lançado em 2015 com impressionante bilheteria, mesmo que o filme não passasse de uma mistura de continuação com reboot (agora inventaram um termo para isso, se chama requel) que até funciona, mas não encanta. Eis que chega aos cinemas a inevitável continuação, “Jurassic World: Reino Ameaçado”, uma espécie de requel do segundo filme da trilogia original, provando não só como a franquia vem sendo desgastada ao limite, como da falta de originalidade em Hollywood.
Após os eventos do filme anterior, os dinossauros são deixados isolados na Ilha Nublar. Quando o vulcão da ilha entra em atividade o mundo precisa decidir entre salvar as espécies ou deixar que a natureza corrija o rumo da história causando uma nova extinção aos dinossauros. Dentro deste debate, surge um milionário disposto a salvar os dinossauros e ele pede ajuda a agora ativista da causa dos dinossauros Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e seu parceiro Owen Grady (Chris Pratt).
A trama lembra em muitos aspectos o segundo longa “Mundo Perdido” (um dos piores filmes que já assisti), agora sem um parque para visitar, levemos os dinossauros para o mundo. Usando sempre a ganância dos homens como artifício, aqui ao menos a premissa inicial parte de uma situação interessante, a decisão se devem ou não permitir uma nova extinção dos dinossauros. O complexo de Deus em larga escala.
Mateusinho viu
Mateusinho viu / Divulgação
O preguiçoso roteiro escrito por Colin Trevorrow (o diretor do filme anterior) e Derrek Connolly aposta em diversos clichês para levar o agora separado casal para a ilha. Surge a figura do velhinho boa praça e milionário disposto a salvar os dinossauros, o parente ganancioso que vai fazer muito dinheiro usando os recursos dele, a criança apaixonada pelos animais que representa o encanto dos fãs com as gigantes criaturas, pois é, você já viu tudo isso.
Fazendo escolhas fáceis, com diálogos muito fracos, personagens coadjuvantes nada cativantes e contando com uma reviravolta de uma determinada personagem que não é explorada e acaba sem funcionalidade dramática, o roteiro é o grande problema da produção.
A escolha do cineasta catalão J. A. Bayoná (“O Orfanato”) é interessante pois traz um olhar um pouco diferente dentro da franquia, com sua experiência em filmes de terror, ele cria uma atmosfera mais próxima do gênero, principalmente na parte final, usando uma mansão que remete a um castelo , trabalhando com criatividade um jogo de luz e sombras o cineasta é bem sucedido na criação do suspense. O ponto negativo é justamente a cena do clímax, que carregada nos efeitos especiais é pouco criativa.
Bryce Dallas Howard e Chris Pratt conseguem reviver a química do filme anterior, mesmo que aqui o desenvolvimento do casal de protagonistas (principalmente do personagem Pratt) seja quase inexistente.
Mesmo que o desfecho traga interessantes possibilidades, ”Jurassic World: Reino Ameaçado” acrescenta muito pouco, com um roteiro muito ruim e remetendo ao pior filme da franquia, se faz necessário aos realizadores arriscar mais e inovar, ficar requentando a trilogia original (que já não é lá essas coisas) é fazer o público de bobo. Os fãs do original cresceram, os dinossauros não encantam mais.

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