Nova delação cita políticos
27/04/2018 22:48 - Atualizado em 30/04/2018 16:23
Luiz Fernando Pezão
Luiz Fernando Pezão / Agência Brasil
Delações envolvendo o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), e investigações da Polícia Federal relacionadas ao presidente Michel Temer estiveram em destaque na política nesta sexta-feira (27). No caso de Pezão, duas delações: uma proposta pelo ex-secretário estadual Hudson Braga, que chega também ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e políticos fluminense cotados como candidatos ao governo do Rio — o deputado federal Indio da Costa (PSD), além dos senadores Lindbergh Farias (PT) e Romário Faria (Podemos); a outra, homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, do operador Carlos Miranda, envolvendo os dois emedebistas.
Já com relação a Temer, foram reveladas suspeitas dos investigadores da Polícia Federal de que o presidente tenha “lavado” dinheiro de propina por meio do pagamento de reformas nas casas de familiares. O ministro Raul Jungmann mandou investigar o que Temer classificou de “vazamentos irresponsáveis”.
Na proposta de delação de Hudson Braga, o ex-secretário de Obras do Rio Hudson Braga, o governador teria cerca de R$ 5 milhões em dinheiro guardados na empresa JRO Engenharia, com sede em Piraí desde 2005, enviadas para o local em troca de notas promissórias. Seriam recursos acumulados da mesada de R$ 100 mil arrecadados junto a empreiteiras. Braga confirma ainda a acusação contra Cabral de que recebia uma mesada da Fetranspor (federação das empresas de ônibus). Segundo ele, o valor era de R$ 1 milhão.
Braga ainda afirmou ter repassado recursos em dinheiro para o senador Romário e para o deputado federal Indio da Costa. De acordo com a proposta de delação, Indio teria cobrado R$ 30 milhões para apoiar a reeleição de Pezão. Ainda de acordo com o delator, Romário teria recebido R$ 3 milhões para apoiar Pezão em 2014.
Quanto a Lindbergh, Braga disse que o petista apoiou Cabral em 2010 em troca do governo do Rio assumir dívidas da Prefeitura de Nova Iguaçu, à época comandada por Farias, com empreiteiras. Pezão, à época, era o secretário estadual de Obras. Ainda de acordo com Braga, a Odebrecht teria viabilizado o repasse recursos para a campanha do petista.
Em nota, o governador Pezão ”reafirma que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais participou de atos ilegais. Ele [Pezão] está, como sempre esteve, à disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos”.
Indio afirmou que “definitivamente, não fiz parte nem compactuo com os métodos desse PMDB que destruiu o estado”. Nas redes sociais, Romário disse que “foi aberta há alguns meses a temporada de difamações com fins eleitorais. O grupo que governou o Rio de Janeiro nos últimos 16 anos está desesperado com medo de perder o poder”.
A equipe de reportagem da Folha não conseguiu contato com Lindbergh e com a defesa do ex-governador Pezão.
Pezão e Cabral são citados por Miranda
Outra delação envolvendo Pezão e Cabral ganhou os noticiários nesta sexta. Enquanto a proposta de delação de Hudson Braga teve destaque em publicações na Folha de S. Paulo e na revista Veja, a versão online do jornal O Globo trouxe a delação homologada pelo STF do operador Carlos Miranda. Ele cita mesada de R$ 150 mil ao governador de 2007 a 2014, que incluía décimo terceiro salário e dois bônus, cada qual no valor de R$ 1 milhão. Além da mesada, Miranda afirmou que foi paga uma propina extra de R$ 300 mil por serviços prestados por uma empreiteira na casa de Pezão em Piraí, município do Vale do Paraíba fluminense.
Já sobre o ex-governador, o operador disse que, no início do governo Cabral, em 2007, foi encarregado de pagar R$ 150 mil mensais a Pezão. Ele disse que, depois que Cabral deixou o Guanabara, os pagamentos se inverteram, e Pezão passou a pagar propina ao ex-governador num valor mensal de R$ 400 mil.
Ele disse que recebeu ordem Cabral para pagar R$ 300 mil à empresa High End, especializada em painéis solares, como remuneração por serviços prestados na casa de Pezão. 
Investigação sugere "lavagem de propina"
Após o jornal Folha de S. Paulo publicar reportagem mostrando que a investigação da Polícia Federal (PF) sugere que Temer “lavou” propina por meio de imóveis da família, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou que determinou ao diretor-geral da PF, Rogério Galloro, “a imediata apuração” do “possível vazamento” ocorrido no inquérito que tem o presidente como um dos alvos.
O caso é referente ao inquérito dos portos, em que o presidente é suspeito de ter beneficiado empresas do setor por meio da edição de um decreto em troca de propina.
Ainda nesta sexta pela manhã, o presidente fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual declarou que a suspeita da PF é um “disparate” e uma “perseguição criminosa disfarçada de investigação”. Depois de bater com o punho cerrado no púlpito em que estava por diversas vezes, ele disse que sugeriria Jungmann que investigasse como se deram os vazamentos à imprensa e a resposta do ministro veio antes do anoitecer.

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