Ambientado na Romênia, dirigido pelo pouco conhecido francês Xavier Gens e tendo como atriz principal a inglesa Sophie Cookson, “Exorcismos e Demônios” até poderia ser um filme interessante. No início, informa-se que ele se baseia num caso real: um padre preside um ritual de exorcismo para livrar uma freira de um poderoso demônio e ela acaba morrendo. O padre e quatro freiras que promoveram o ritual são condenados e presos por assassinato. As opiniões se dividem. O bispo entende que a freira morta era esquizofrênica e não estava possuída. Um padre e outras pessoas concluem que, de fato, ela estava dominada.

Nesse contexto, Nicole Rawlins (Cookson), uma jornalista, convence seu chefe a investigar o caso. Ela parte para o interior da Romênia e acaba envolvida numa situação muito misteriosa que envolve crenças religiosas profundas, histórias pessoais marcadas por convicções inabaláveis, ceticismo e psiquiatria.

As atuações dos personagens principais são artificiais e nada convincentes. O roteiro é foi mal redigido. A direção é frágil. Os diálogos são primários, notadamente aqueles entre o padre com fé inabalável e a jornalista ateia. Para esticar o filme, a investigação da jornalista é longa e cheia de surpresas e esperadas por qualquer espectador. Os clichês do gênero “terror” são usados de forma tal que não assustam mais: um vento diferente, portas batendo, animais com comportamento estranho, aparições súbitas de fantasmas, gritos de horror, olhares estáticos, sons bruscos combinado com as aparições, pessoas mascaradas pronunciando palavras misteriosas.

O filme podia dar certo. Se, de fato, ele se baseia num fato real, o roteiro poderia ser mais elaborado. O duplo sentido podia ser insinuado. Algo assim como a experiência socialista da Romênia que assombrou o país na cruel ditadura de Ceausescu. O bispo diz que o cristianismo retornou com força após a queda do socialismo. O chefe da jornalista observa, por telefone, que a Romênia é um país habitado por vampiros e lobisomens. De fato, da Europa oriental vem o terror, como a peste negra e Drácula.

As relações entre sexo e pecado não são bem exploradas. A dicotomia fé X razão também não. Salvam-se as belas paisagens campestres, as tomadas aéreas, o patrimônio arquitetônico do país e a cultura popular. Mais ainda: o satanismo é como uma doença contagiosa. Transmite-se por contato físico. Contudo, isso não confere qualidade a um filme.