Atriz avalia preconceito religioso
- Atualizado em 20/04/2018 20:49
Divulgação
A atriz Luellem de Castro, de 22 anos, foi vítima de racismo inúmeras vezes, mas nunca se deixou abalar. Na infância, era chamada de bruxa, macumbeira, feiticeira ou qualquer outro adjetivo associado. A lembrança, que hoje não dói mais, vem à tona sempre que Talíssia, sua personagem em “Malhação: Vidas Brasileiras”, é vítima de intolerância religiosa.
Coincidentemente, Luellem iniciou no candomblé na mesma época em que fez os testes para fazer parte do elenco da trama. Hoje, mais preparada para contar a história da bolsista, que foi violentada e viu o terreiro que frequenta destruído, ela diz que sente na pele a dor da personagem.
“Dentro do candomblé, a gente ganha muita força para lidar com isso, então muita gente dá apoio, fala que está tudo bem”, diz ela, que entende que a falta de informação, muitas vezes, é o que gera a intolerância. “O que a gente não conhece, a gente teme, e o que a gente teme, a gente apaga. Eu acho que é interessante ouvir, ver o que é. Existem várias festas abertas ao público”, faz o convite.
Na vida, Luellem costuma conversar e explicar para as pessoas como funciona o candomblé, mas quando percebe que não tem jeito, prefere se afastar. Num dos últimos capítulos, inclusive, Talíssia mostrou o quanto é forte, chorou ao ver a destruição da casa de Simone (Dani Ornellas), mas decidiu bater de frente com os responsáveis pelo crime.
“Eu concordo com a atitude que ela teve, a Talíssia é muito forte. Ela lida com valentia e com doçura, é sábia. Ela é um retrato interessante dos nossos adolescentes de hoje. Ela mostra que nós fazemos parte de uma geração que está aí para definir coisas”, defende.
Quando o assunto é mudar, Luellem já pensa na representatividade. Embora acredite que por ser uma jovem negra e da periferia está ocupando e abrindo espaços que antes pareciam impossíveis, a atriz pensa no quanto ainda falta para chegar ao “lugar ideal”.
“Estamos a passos lerdos e isso não é uma questão nossa. Existe um mundo de atores negros, cantores, modelos, um mundo de profissionais que esperam ser chamados para trabalhar porque a gente precisa ser convidado para fazer algo na TV”, critica.
Para ela, a falta de oportunidade justifica a existência de alguns “movimentos pretos”, o que é incrível, mas não deveria ser necessário. “O fato é que a gente quer estar junto de todo mundo. A nossa luta é pela igualdade, então eu fico muito feliz de fazer parte disso com a Talíssia, que fala firme sobre o que é ser preto, o que é a vida na favela e no candomblé”, explica. Quando descobriu que na primeira novela seria mãe, ficou assustada. Luellem diz que o tempo foi curto para conquistar a pequena Maria Alice Guedes, que vive a Valentina. (A.N.)

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