Crítica de cinema - The Rock e os monstros
Felipe Fernandes - Atualizado em 13/04/2018 19:11
Divulgação
(Rampage: destruição total) -
Vamos fazer um filme de monstro com o The Rock. Sendo adaptação de um game, melhor ainda. O importante é termos The Rock, monstros, ação, cidade destruída. Como juntar isso de forma a ter algum sentido também não é importante.
Muito provavelmente foi assim que surgiu a ideia para “Rampage: Destruição Total”.
O primatologista Davis Okoye (Johnson) é um homem solitário que se relaciona melhor com os animais do que com humanos. Ele tem uma relação de criação forte com os macacos do zoológico em que trabalha, em especial com George, o único macaco albino. Após um acidente genético proibido, George e outros dois animais começam a crescer e a se tornar violentos, cabe a Okoye junto a uma geneticista descobrir um antídoto para salvar George e impedir a destruição de Chicago.
Nada faz muito sentido em Rampage. É um fiapo de história que soa mais como uma desculpa para termos Dwayne Johnson enfrentando animais gigantes e ferozes enquanto destroem meia cidade. Após um primeiro ato que é até eficiente em apresentar a relação do protagonista com os macacos (o melhor momento do longa) o filme chega ao ponto em que estabelece o plano sem sentido dos vilões e daí é ladeira a baixo. Cenas praticamente ininterruptas de ação, que cansam até mesmo o mais ávido fã do gênero.
Dwayne "The Rock" Johnson é a peça fundamental do longa. O filme é feito para ele, com o marketing dando mais ênfase a figura dele que a dos monstros. Mais uma vez Johnson se mostra um ator extremamente carismático, pode não ser um grande ator, mas nunca compromete. Ele tem um carisma que me lembra muito alguns astros de ação da década de 80 que eram piores atores que ele. Porém, nem mesmo todo o carisma do astro é capaz de tornar o longa mais agradável.
O filme ainda traz uma série de caricaturas (não dá nem para chamar de personagem) que tem por finalidade explicar alguma coisa sem importância ou explanar alguma frase de efeito, buscando trazer uma aura cool que o filme não tem. O casal de irmãos que são os vilões do filme e o descartável personagem interpretado por Jeffrey Dean Morgan são inacreditavelmente ruins. As cenas dos irmãos, então, são totalmente fora de tom, é muito conveniente também que eles possam ver tudo o que acontece, um artificio barato do roteiro para que os dois possam explicar seus planos absurdos.
As cenas de ação têm efeitos que não comprometem, mas são pouco inspiradas. O visual dos monstros é muito genérico, falto criatividade para criar monstros mais ameaçadores e interessantes.
Ao final fica a certeza que Rampage é um filme não só oportunista, mas desnecessário. Oportunista ao trazer o mais rentável ator de Hollywood, em uma adaptação de um game da década de 80 que ninguém se lembra, misturando ação desenfreada com monstros (outra moda voltando aos cinemas americanos). Elementos que certamente enchem os olhos e os bolsos dos produtores. Desnecessário ao falhar não só como cinema, mas como mero entretenimento.

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