Análise Datafolha: da prisão Lula lidera, mas não consegue transferir votos ao PT
15/04/2018 14:46 - Atualizado em 15/04/2018 17:14
Luís Inácio da Silva
Luís Inácio da Silva / Diomarcelo
A primeira pesquisa Datafolha após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgada neste domingo (15), aponta que o petista, que vem liderando as principais sondagens realizadas pelo país, ainda lidera com folga, mas não conseguiria transferir seus votos para um nome do próprio partido. Despontam como favoritos na ausência do ex-presidente os pré-candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede), seguidos pelo pedetista Ciro Gomes e pelo tucano Geraldo Alckmin. Quem também tem destaque na sondagem realizada na última semana é Joaquim Barbosa (PSB). Ainda que não tenha oficializado sua pré-candidatura, o nome do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) chega ao páreo com consideráveis dois dígitos no melhor dos cenários (10%).
Sem Lula, que depois de preso caiu de 37% para 31% no Datafolha, os favorecidos são Ciro e Marina. Eles herdam parte dos votos, mas a maioria se declara indecisa. Nomes da esquerda mais alinhados com o petista não decolam nesta sondagem. Quando o substituto de Lula no PT é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o máximo que ele chega é a 2%. Desempenho pior tem Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, que bate apenas 1%. O melhor resultado é o da gaúcha Manuela d’Ávila (PC do B), que no cenário mais favorável chega a 3%. Já Guilherme Boulos (Psol) bate, no máximo, um ponto percentual. Vale lembra que Manuela e Guilherme estiveram ao lado de Lula durante a exaustiva cobertura televisiva da prisão do ex-presidente. Ainda assim, não alcançaram o posto de “herdeiros”, segundo a pesquisa.
A maior preocupação para o PT, eleitoralmente falando, é a dificuldade que Lula, da prisão, teria de transferir seus votos. Com o petista na cadeia, segundo o Datafolha, essa transferência não existe. Caso esteja fora dela, participando ativamente da campanha, o cenário muda totalmente. Ser candidato já é outra história, muito mais complicada, porque a condenação em segunda instância o torna inelegível, como prevê a Lei da Ficha Limpa. Porém, é inegável o carisma e poder de conquistar votos que, mesmo condenado, Lula ainda possui. O fato de o ex-presidente estar ou não atrás das grades no período de campanha, entre 15 agosto e 7 de outubro (dia do pleito) será decisivo não só para o PT, mas para viabilizar a presença de um nome diretamente ligado a ele no segundo turno.
Por outro lado, embora muita água ainda vá correr durante a campanha, a pesquisa aponta uma consolidação de Bolsonaro no segundo turno em qualquer dos cenários. O mais apertado, onde aparece em um empate técnico com Marina Silva, é na ausência de Lula. Aliás, com ou sem o ex-presidente, o deputado federal oscila apenas na margem de erro (fica entre 15% e 17%).
Em possíveis cenários de segundo turno, Lula venceria em todos, caso pudesse ser candidato. A ex-senadora Marina Silva, criticada por ser política que só aparece em período de campanha, só perderia para Lula, venceria nos demais cenários. Bolsonaro — que perderia para Lula por 17% e para Marina, por 13% — aparece empatado em uma disputa de segundo turno com Ciro Gomes (35%) e em um empate técnico com Alckmin, 33% para o tucano, 32% para o deputado. Alckmin e Ciro aparecem empatados em um eventual segundo turno entre eles. Para Bolsonaro, os únicos cenários de larga vantagem em segundo turno seria no caso de enfrentar os petistas Hadad e Jaques Wagner.
Na pesquisa Datafolha realizada entre os dias 11 e 13 de abril, com 4.194 entrevistas em 227 municípios, e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, não foram sondados cenários com Joaquim Barbosa no segundo turno.
Em resumo, a menos de seis meses do pleito o jogo continua aberto e imprevisível.
No blog Opiniões, Aluysio Abreu Barbosa traz os números da pesquisa Datafolha.

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    Arnaldo Neto

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