A pulga, a mosca e a lesma...
- Atualizado em 07/04/2018 11:48
Max Gehringer, administrador de empresas e escritor muito conhecido por todos os brasileiros, nos traz em seus artigos muitas contribuições não só em relação às questões empresariais, mas também suscita reflexões para nossa vida pessoal. Em um de seus textos, intitulado “As duas pulgas”, ele nos aponta uma questão muito interessante: os perigos dessa necessidade exarcebada de mudança expostas pelo mundo atual.Por isso, essa semana, peço licença a Max Gehringer para citar essa história e a partir dela refletir com meus amigos leitores sobre a armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. “Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência, quando somos percebidas pelo cachorro, é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas. Elas então decidiram contratar uma mosca para treinar todas as pulgas a voar e entraram num programa de treinamento de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra: - Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele, e ele nos pega. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente. Elas então contrataram uma abelha para lhes ensinar a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu... A primeira pulga explicou por quê: - Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez. E então um pernilongo lhes prestou treinamento para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos... Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou: - Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas? - Não, entramos num longo programa de treinamento. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento. - E por que é que estão com cara de famintas? - Isso é temporário. Já estamos fazendo treinamento com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar, de modo a perceber, com antecedência, a vinda da pata do cachorro. E você? - Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha: - Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em um programa de treinamento, em uma reengenharia? - Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora. - Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas, quiseram saber as pulgonas... - Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro, e então ela me disse: “Não mude nada. Apenas sente na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança.”
Essa simples história nos faz refletir sobre a necessidade atual de não focar nossas ações no problema e sim na SOLUÇÃO. É importante pensar, que para ser mais eficiente, é necessário escutar mais e falar menos, pois muitas vezes a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de reposicionamento. No mundo do trabalho e na vida pessoal, o grande desafio parece ser como dizemos popularmente, “apagar incêndios”. Vemos o tempo todo profissionais brilhantes, buscando saída para os problemas que envolvem alternativas para causas desconhecidas, perderem seu tempo focados na solução de problemas redundantes que acabam por minar a capacidade de desenvolvimento profissional e pessoal. O foco em achar a solução dos problemas está na mudança radical. No entanto, o foco na vida, assim como na profissão, deve estar na causa da situação em questão, o que às vezes não é fácil de identificar pois demanda uma grande dose de humildade, coragem, dedicação e entrega pessoal na direção da verdadeira solução das dificuldades que parecem não ter fim. Na maioria das vezes a solução não está na mudança, mas na transfiguração da maneira de ver e olhar a situação. Um novo posicionamento pode reverter todo o processo para o sucesso! Reflitam ... quantas vezes já não fizemos como as pulgas! Boa semana!
Com afeto,
Beth Landim

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Elizabeth Landim

    [email protected]