Como será o PRP com Garotinho?
Suzy Monteiro 24/03/2018 17:59 - Atualizado em 27/03/2018 14:29
“Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. A frase de Magalhães Pinto, muitas vezes atribuída a Ulisses Guimarães, retrata bem a volatilidade do mundo político, sempre, no mínimo, dinâmico. E este “dinamismo” tem como representante mais recente o ex-governador Anthony Garotinho. Até novembro do ano passado era o cacique do Partido da República (PR) no Estado do Rio. Mas, após sua prisão na operação Caixa d’Água, quando também foi preso o presidente nacional da legenda, Antônio Carlos Rodrigues, Garotinho foi afastado da presidência regional. Sem aceitar o “desprestígio”, buscou nova casa para continuar seu sonho de disputar o Governo do Estado. Foi acolhido no PRP. Porém, ao contrário de tempos passados, não assumiu o partido, o que não diminui sua força na legenda, para onde também migrou seu filho Wladimir, pré-candidato a deputado federal. Dividido em Campos entre oposição e situação, fica a dúvida: como a chegada dos Garotinho ao PRP impacta o relacionamento na Câmara?
O Legislativo campista tem três vereadores do PRP: Silvinho Martins, Jorginho Virgílio e Josiane Morumbi, que assumiu a vaga de Vinicius Madureira na Câmara, após ser condenado na Chequinho. Madureira é presidente municipal e prestigiou o evento de filiação. Silvinho e Jorginho fazem parte do G5, grupo independente, mas de apoio ao prefeito Rafael Diniz. Já Josiane é oposição.
Líder do G5, Silvinho Martins prefere não comentar no momento: “No momento ainda não tenho como responder”, disse, acrescentando que mais à frente poderá fazer uma melhor reflexão.
Ainda se recuperando de uma cirurgia, o vereador Jorginho Virgílio disse, através de sua assessoria, que não tem participado de agendas políticas e, portanto, não tem se envolvido, neste momento, em discussões sobre o futuro da legenda a qual faz parte, logo não sabe se haverá algum posicionamento ou orientação em relação a sua postura na Câmara Municipal de Campos e com o governo do prefeito Rafael Diniz (PPS). O vereador adianta que vai seguir com seu mandato de forma respeitosa e comprometida com a população, como sempre foi desde o início.
Já o presidente Vinicius Madureira explica a situação.
— No dia 22 fui comunicado que Garotinho viria candidato a governador pelo PRP, junto com Wladimir e a possível vinda do deputado estadual Bruno Dauaire dentre outros pré-candidatos.
Como a nominata do PRP é realizada pela presidente estadual Eliane Cunha, natural que a ida deles tenha sido articulada diretamente com a Estadual. Sabemos que, pelo Regimento interno de todo partido, existe a responsabilidade dos filiados, dado que o mandato é do PRP, ou seja, todos candidatos juntos perfazem votos suficientes para ganhar uma eleição.
Existe hierarquia entre o Diretório Federal, Estadual e Municipal. Porém, até agora, não recebi nova orientação por parte da presidente — diz.
Chegada ao partido, mas não à presidência
Pela primeira vez em quase três décadas, o ex-governador Anthony Garotinho chega a um partido sem poder de comando. Pelas legendas nas quais passou, exceto o PT, ele foi presidente: PDT, PSB, PMDB e PR.
No PRP, por onde lançou sua pré-candidatura, Garotinho chega com força, mas sem dar as cartas. O comando do partido, pelo menos por enquanto, continua com a presidente Eliane Cunha.
Mas, em 2015, quando Madureira assumiu o partido, a já presidente regional do PRP negou aproximação com o grupo político do ex-governador. Na ocasião, ela chegou a afirmar: “O PRP não vai sentar no colo do Garotinho. Não somos capachos de ninguém”.
Vinicius Madureira assumiu a presidência do partido naquele ano, no lugar de Fabrício Lírio, que fazia oposição ao governo da então prefeita Rosinha.
Prisão na Caixa d’Água selou saída do PR
Nos oito anos em que esteve à frente do Partido da República, o ex-governador elevou a legenda, com a eleição de prefeitos e aumentando a bancada na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Mas também viu essa bancada ser reduzida por divergências internas.
Além disso, os constantes escândalos envolvendo denúncias de uso político de programas sociais e a maneira personalista de fazer política, já vinha desagradando outros filiados.
Sua prisão mais recente selou, também, sua saída do Partido da República. Depois de ser preso em novembro de 2016 e setembro de 2017, pela operação Chequinho, no dia 22 de novembro do ano passado foi para cadeia de novo, agora no âmbito da Caixa d’Água.
E, levou junto a esposa, a ex-governadora Rosinha, e outras seis pessoas, entre elas, presidente nacional do PR, Antônio Carlos Rodrigues e seu genro Fabiano Alonso.
Após saírem da cadeia, ainda foram impedidos pela Justiça Eleitoral de exercerem seus cargos no partido. A situação se tornou insustentável, até que Garotinho foi retirado da presidência regional. Inconformado, ele anunciou sua saída do partido e disparou, usando como argumento que a legenda teria se tornado “sucursal do governo Temer”.
Recentemente, Garotinho postou vídeo afirmando que o PR estava sendo reformulado e que filiados estavam reclamando de sua saída, mas que se não servia para ser presidente, não servia para o partido.

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