Campistas serão únicos do país a lançar experimentos no espaço
- Atualizado em 13/03/2018 18:22
Experimentos de jovens campistas serão lançados no espaço, sendo os únicos representantes do Brasil em um projeto internacional, apoiado pela Nasa. Ao todo, são duas experiências, ambas apoiadas pela Prefeitura de Campos e pelo Clube de Astronomia Louis Cruls. A primeira foi realizada por quatro estudantes da Escola Municipal Dr. Getúlio Vargas, em Tocos, e utiliza carne salgada. A outra foi feita por dois assistidos da Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ) e usa sementes de Caruru e de alface.
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Ao todo, mais de 50 países participam da campanha. Foram inscritos mais de 600 projetos e, deste total, 80 foram selecionados. O lançamento dos experimentos será em um foguete, em junho, nos Estados Unidos. Em agosto, as mesmas experiências serão relançadas no espaço, porém num balão.
A professora Claudete Soares, que orientou os estudantes de Tocos, autointitulados “Quarteto Espacial”, acredita na garra dos alunos do 7º e 8º ano do ensino fundamental, sempre envolvidos em projetos científicos de destaque, como um que obteve o segundo lugar na Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado, a Fecti, ano passado. Um dos membros do grupo, Cristian dos Santos, é o único estudante do país a nomear um asteroide, a honraria se deu devido ao seu sucesso na campanha de descoberta de tais corpos espaciais. A equipe ainda é composta por Thiago Marques de Pinho, João Victor Quitete e Ravelly Fernandes.
— O experimento científico deles é formado por carne salgada com arqueobactérias halofílicas (formas de vida unicelulares, primitivas que vivem em ambientes hipersalinos). O objetivo é submeter esses microorganismos à microgravidade e à radiação solar e verificar sua capacidade de sobrevivência nesse meio extraterrestre, assim, viabilizar, como opção alimentar, a inclusão de carnes salgadas no cardápio alimentar de tripulantes de expedições espaciais e de bases espaciais — explica a professora.
Já os jovens Pedro Enrique Manhães e Luís Gabriel de Sales Castillo, assistidos pela FMIJ, ainda lançarão um dosímetro (equipamento que medirá a radiação) e um relógio de corda, para determinar o tempo de microgravidade.
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— Nosso objetivo é testar os efeitos que a gravidade, a radiação e a temperatura podem causar nas sementes de Caruru e de alface. Ao fim do lançamento, plantaremos, simultaneamente, as sementes que estiveram no espaço e outras, do mesmo lote, que não fizeram parte do experimento. Assim constataremos se o fato de as sementes terem ficado em microgravidade provocou alguma mutação nelas — explicou o estudante, assistido pela FMIJ, Pedro Manhães, apaixonado pela ciência, que sonha ser engenheiro da Aeronáutica.
O presidente do Clube de Astronomia Louis Cruls, Marcelo de Oliveira, destaca a importância de meninos tão jovens participarem de uma campanha desta magnitude. “Cada vez mais os projetos de ciência internacionais estão envolvendo estudantes jovens. Esta iniciativa deveria ser seguida no Brasil. Ao participar de pesquisas como estas, eles crescem enquanto pessoa e vivenciam experiências únicas. Sem contar que os frutos destas pesquisas podem gerar publicações internacionais. Um jovem de 12 anos ter sua pesquisa publicada internacionalmente seria um marco”, frisa Marcelo. (A.N.)

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