Complexo Farol-Barra do Furado com retomada da fase zero
Dora Paula Paes 17/03/2018 20:17 - Atualizado em 20/03/2018 14:36
O ano de 2016 deveria ter sido marcado pela inauguração do Complexo Logístico Farol-Barra do Furado. As obras foram iniciadas em fevereiro de 2012 e interrompidas em meados de 2014. A crise econômica e os escândalos de corrupção envolvendo políticos e gigantes do ramo de petróleo afundaram, inicialmente, o projeto que colocaria Campos e Quissamã no mapa do desenvolvimento e emprego. Em 2017, os novos prefeitos Rafael Diniz e Fátima Pacheco assumiram: nos planos de governo estavam tirar o projeto da gaveta, limpar a poeira e tocar a obra. Em Brasília, na semana passada, o projeto voltou a entrar na pauta. Fátima e os secretários municipais de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Arnaldo Mattoso, e de Governo, Marcinho Pessanha, foram recebidos por Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo Michel Temer. Ainda existe chance do projeto não afundar de vez, mas terá que começar da fase chamada de zero.
Arnaldo explica que após articulações da prefeita Fátima com parlamentares e representantes do governo federal, em dezembro de 2017, a pedido da deputada Soraya Santos, o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) encaminhou à Secretaria Nacional de Portos complementação ao projeto de engenharia do Complexo, que previa a execução do empreendimento em duas fases (1 e 2). No estudo, o INPH sugere a inclusão da fase zero, que seria a dragagem de um canal de acesso, com a configuração atual dos molhes, viabilizando a prévia instalação de empresas na retroárea do Complexo Logístico e Industrial. O custo estimado para a implantação da fase zero é de R$ 80,7 milhões.
— Nos reunimos com o ministro Moreira Franco para discutir a questão e tentar os recursos necessários. Informamos que atendemos todas as exigências feitas pelo Inea para a renovação das licenças ambientais, que habilitam a continuidade da obra. A crise no setor do petróleo interferiu diretamente no andamento do projeto, sem falar na queda de arrecadação dos municípios de Campos e Quissamã e nas dificuldades enfrentadas pelo governo do estado. Com o reaquecimento do setor, o Complexo Farol-Barra do Furado volta a despertar interesse como base de apoio para a atividade offshore — comentou Mattoso.
O projeto estava para entrar na fase 2, que implicaria em recursos da ordem de R$ 344 milhões, que seriam a contrapartida da União para contribuir com as Prefeituras de Campos e Quissamã nas obras hidráulicas. A segunda fase compreendia a remoção do molhe de pedras (espigão) do lado Norte, a conclusão do molhe sul e a escavação da foz do Canal das Flechas para adequar o calado do canal, e assim permitir a navegação.
Campos trabalha para conseguir parceiros
O secretário de Desenvolvimento Econômico Felipe Quintanilha afirma que Campos vem buscando parcerias para viabilizar o projeto, que é estratégico e possui um grande potencial. O governo vem se movimentando desde 2017. O então secretário, Victor Aquino, participou de muitas reuniões, além de estar em contato permanente em Brasília na tentativa de viabilizar o empreendimento.
— O Complexo Farol-Barra do Furado tem um potencial enorme, especialmente, para servir de forma adjacente ao Porto do Açu (SJB) e abrigar uma indústria da pesca para que possa absorver no Terminal Pesqueiro toda a nossa produção, mantendo-a no município. É um projeto estratégico gigante tanto para Campos como para Quissamã e, hoje, a secretaria de Desenvolvimento Econômico tem um trabalho de analisar o conjunto documental de todos os recursos investidos ali, além de buscar novos recursos para aumentar o calado e viabilizar embarcações adjacentes ao porto para ter um ponto de apoio, incentivar e absorver a indústria da pesca. Algumas empresas já compraram áreas para atuar no setor offshore porque a indústria do petróleo será muito forte no Porto do Açu.
Projeto ultrapassaria mais de R$ 500 milhões
À frente das obras estava o consórcio Terra e Mar, formado pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, todas envolvidas no escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato, que não tem deixado pedra sobre pedra.
Era para ser um empreendimento formado por três estaleiros, um terminal de combustíveis e base para apoio às plataformas de petróleo, além de um moderno terminal pesqueiro. O total estimado inicialmente, conforme divulgado na época pelo site oficial da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Campos, era de cerca de R$ 170 milhões. Destes, R$ 50 milhões seriam disponibilizados pelo Governo Federal, R$ 20 milhões pelo Governo do Estado, R$ 70 milhões pelo município de Campos e R$ 30 milhões por Quissamã. Em novembro de 2014, o mesmo site anunciou que a Prefeitura de Campos iria investir mais cerca de R$ 345 milhões.
Em fevereiro de 2012, a então prefeita de Campos, Rosinha Garotinho; o governador da época, Sérgio Cabral; e o prefeito de Quissamã naquele período, Armando Carneiro, participaram de uma cerimônia que marcou o início das obras de estaqueamento.
Em Barra do Furado, os pescadores convivem com um dos maiores problemas da área: o assoreamento. No ano passado, um trabalho de dragagem foi realizado para a retirada de areia, um drama recorrente. As prefeituras de Campos e Quissamã, com apoio do governo do Estado, se mobilizaram para ação.

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