Garotinho pediu para receber tiro no peito e ameaçou quebrar a cara de Cabral, diz policial
15/03/2018 16:00 - Atualizado em 15/03/2018 16:02
Um policial federal que participou da transferência do ex-governador Anthony Garotinho do Hospital Municipal Souza Aguiar para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em novembro de 2016, relatou que o político pediu "várias vezes" para receber um tiro no peito. Garotinho teria dito que, caso o policial não o matasse, ele se suicidaria dentro da prisão. O relato do agente foi anexado ao inquérito aberto na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra Garotinho por resistência e desacato. Também são investigadas sua mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho, e sua filha, Clarissa Garotinho, secretária municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação do Rio de Janeiro.
No depoimento, prestado quatro dias após o episódio, o policial federal também relatou que Garotinho disse que iria "quebrar a cara" do também ex-governador Sérgio Cabral, seu ex-aliado e atual desafeto, se o encontrasse no presídio, "porque se tem alguém que está milionário e fez um mal imenso à população do Rio, este é Sérgio Cabral e não ele". Na época, Cabral também estava em Gericinó — hoje ele cumpre pena em Curitiba.
Garotinho havia sido preso no dia anterior pela Polícia Federal — a primeira prisão, de três, em um período de um ano —, e foi levado ao hospital após ter passado mal. Entretanto, o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, que havia decretado a prisão, determinou a transferência, por entender que o ex-governador estava recebendo tratamento privilegiado. A família protestou, porque Garotinho teria que interromper o tratamento médico.
No dia seguinte, a ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a transferência de Garotinho para um hospital particular. Uma semana depois, o TSE decidiu soltar o ex-governador.
'Gás sonífero' no presídio
Garotinho também teria dito ao policial federal que, quando governou no Rio, instalou um "sistema de dutos" em Gericinó e que, por meio de um botão, conseguia acionar um "gás sonífero" para atingir os presos. "Assim ninguém mais fazia rebelião e foi assim que ele acabou com as rebeliões em tal lugar", diz o depoimento.
O agente relatou que o ex-governador "durante várias vezes denegriu a imagem da Polícia Federal, chamando a todos de pobres e mortos de fome".
Além disso, Garotinho teria afirmado que sua prisão era parte de uma "queima de arquivo", porque tinha produzido um documento de 2 mil páginas com informações que "que poderiam acabar com a vida e carreira política de muita gente", e que ele foi preso para que não pudesse apresentar esse dossiê.
A defesa não respondeu aos contatos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Arnaldo Neto

    [email protected]