A bolacha e o paraquedas...
19/03/2018 21:33 - Atualizado em 19/03/2018 21:36
 
Era uma vez uma moça que estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um grande aeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas, resolveu comprar um livro para matar o tempo. Comprou, também, um pacote de bolachas. Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz. Ao seu lado sentou-se um homem. Quando ela pegou a primeira bolacha, o homem também pegou uma. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Apenas pensou : “Mas que cara de pau! Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse!!!”
A cada bolacha que ela pegava, o homem também pegava uma. Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia nem reagir. Quando restava apenas uma bolacha, ela pensou: “Ah. O que será que este abusado vai fazer agora?” Então o homem dividiu a última bolacha ao meio, deixando a outra metade para ela. Ah! Aquilo era demais! Ela estava bufando de raiva! Então, ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao local de embarque.
Quando ela se sentou, confortavelmente, numa poltrona já no interior do avião olhou dentro da bolsa para pegar uma caneta, e, para sua surpresa, o pacote de bolachas estava lá… ainda intacto, fechadinho! Ela sentiu tanta vergonha! Só então ela percebeu que a errada era ela sempre tão distraída! Ela havia se esquecido que suas bolachas estavam guardadas, dentro da sua bolsa… O homem havia dividido as bolachas dele sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, enquanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo as dela com ele. E já não havia mais tempo para se explicar… nem para pedir desculpas!
Quantas vezes, em nossa vida, nós é que estamos comendo as bolachas dos outros, e não temos a consciência disto? Antes de concluir, observe melhor! Talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa! Não pense o que não sabe sobre as pessoas. Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:
a pedra, depois de atirada; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois de passado...
Outra história nos conta que Charles Plumb era piloto de um bombardeiro na guerra do Vietnã que depois de muitas missões de combate, seu avião foi derrubado por um míssil. Plumb saltou de paraquedas, foi capturado e passou seis anos numa prisão norte-vietnamita. Ao retornar aos Estados Unidos, passou a dar palestras relatando sua odisséia e o que aprendera na prisão. Certo dia, num restaurante, foi saudado por um homem: - Olá, você é Charles Plumb, era piloto no Vietnã e foi derrubado, não é mesmo? - Sim, como sabe?, perguntou Plumb.
- Era eu quem dobrava o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não é verdade?" Plumb quase se afogou de surpresa e com muita gratidão respondeu: - Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje. Muito obrigado!
Ao ficar sozinho naquela noite, Plumb não conseguia dormir, lembrando-se de quantas vezes havia passado por aquele homem no porta-aviões e nunca lhe disse nem um "bom dia". Era um piloto arrogante e aquele sujeito, um simples marinheiro. Pensou também nas horas que o marinheiro passou humildemente no barco enrolando os fios de seda de vários paraquedas, tendo em suas mãos a vida de alguém que não conhecia. Agora, Plumb inicia suas palestras perguntando à sua platéia: "Quem dobrou seu paraquedas hoje?". Todos temos alguém cujo trabalho é importante para que possamos seguir adiante. Precisamos de muitos paraquedas durante o dia: físico, emocional, mental, espiritual... portanto jamais deixemos de agradecer.
Muitas vezes comemos a bolacha dos outros e em outras não sabemos quem preparou a nossa bolacha ou quem dobrou nosso paraquedas... Nestas duas situações está o nosso olhar ao outro... Será que enxergamos sempre pelo nosso prisma? Será que a vida caminha sempre pelo nosso olhar? Abrir os horizontes e ter uma visão periférica nos sentidos e sentimentos com certeza nos trará uma visão de mundo em que a cooperação e o compartilhar estarão aliados em nos fazer pessoas melhores...
Quando você dá de si mesmo, você recebe mais do que dá.
Como nos diz Exupéry: “Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral.”...
Portanto seja você fazer a diferença, seja você a oferecer a bolacha e a dobrar o paraquedas.
Com afeto,
Beth Landim

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