Beija-Flor é a grande campeã do Carnaval carioca
14/02/2018 16:58 - Atualizado em 18/02/2018 21:05
Desfile da Beija-Flor
Desfile da Beija-Flor / Agência Brasil
Beija-Flor de Nilópolis é a escola de samba campeã do Carnaval 2018 no Rio de Janeiro. A agremiação apresentou o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, baseado no livro de terror “Frankenstein”, da escritora britânica Mary Shelley, que completou 200 anos de lançamento. Na segunda colocação ficou a Paraíso do Tuiuti, que, com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, contou a história da escravidão no Brasil e condenou a reforma trabalhista aprovada recentemente, ficando apenas um décimo atrás da Beija-Flor. Grande Rio e Império Serrano foram rebaixadas para a Série A do Carnaval do Rio, depois de ficarem em 12º e 13º, respectivamente. As escolas de samba foram avaliadas em nove quesitos: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo. A apuração das notas aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), na Marquês de Sapucaí.
Na avenida, a Beija-Flor fez, na segunda-feira (12), um paralelo entre “Frankenstein” — na obra, um cientista dá vida a uma criatura construída com partes de pessoas mortas, tornando-se uma figura feia — e as mazelas sociais do Brasil. Corrupção, desigualdade, violência e intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva fizeram parte do cenário de “Brasil monstruoso”.
O ator Edson Celulari estava no carro abre-alas representando o doutor Victor Frankenstein, criador do monstro da ficção de Mary Shelley. Logo no segundo carro, ratos apareceram ao lado de uma favela. Ainda havia alas com animais e barris de petróleo representando a corrupção.
Divulgação
Também na avenida, a escola tinha componentes representando uma cena protagonizada pelo ex-governador do estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, em um jantar luxuoso na cidade de Paris. A mulher dele, Adriana Ancelmo, foi representada por uma integrante que usava uma tornozeleira eletrônica.
Entre outros temas que traziam críticas sociais para os carros alegóricos estavam o abandono da população, o preconceito contra pessoas LGBT e preconceito com nordestinos.
Com a vitória, agora a Beija-Flor tem 14 títulos no Grupo Especial do Rio, ficando atrás de Portela e Mangueira no total de vitórias. A agremiação de Nilópolis, assim como Paraíso de Tuiuti, Salgueiro, Portela, Mangueira e Mocidade Independente de Padre Miguel voltarão ao Sambódromo no próximo sábado (17) para o desfile das campeãs.
Antes de começar a apuração, Neguinho da Beija-Flor — famoso intérprete da escola de Nilópolis — já se mostrava confiante. Ele comparou o desfile deste ano ao que a agremiação fez em 1989, considerado um dos melhores desfiles de todos os tempos, mas que não conquistou o título. Depois do resultado da apuração, Neguinho da Beija-Flor relatou: “É a vitória do povo”. (J.H.R.) (A.N.)

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