Na última terça-feira (09), o Ministério da Saúde divulgou que, entre fevereiro e março deste ano, 76 municípios do Rio, além de outros em São Paulo e na Bahia realizarão campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão contra a febre amarela. Campos não consta na lista, mas ainda é possível se vacinar na cidade.

Segundo balanço divulgado pelo setor de Epidemiologia da secretaria municipal de Saúde de Campos, de janeiro a novembro do ano passado, foram aplicadas 255.913 doses da vacina contra febre amarela no município, sendo mais de 253 mil durante o período intensificado de campanha, de janeiro a julho. Não foram divulgados os números de dezembro e da primeira quinzena de janeiro.

De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Roberta Lastorina Rios, mesmo com o fim da campanha, a vacina continua disponível na rede municipal de saúde. A dose aplicada é a padrão, com volume de 0,5 mL, que protege por toda a vida, ao contrário da dose fracionada, de 0,1 mL e proteção por pelo menos oito anos, segundo estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).

“Por enquanto, ainda é dose normal. Porém, poderá ser fracionada, dependendo da orientação do Ministério da Saúde”, explicou Roberta. O horário de atendimento à população na sala de vacina das unidades de saúde é de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h45.

O Ministério da Saúde considera que o surto ocorrido no primeiro semestre de 2017 foi o maior das últimas décadas, com 777 casos e 261 óbitos por febre amarela confirmados no Brasil. A região Sudeste concentrou a grande maioria das notificações, com 764 casos confirmados. Não houve registro em Campos. Até o momento, nos primeiros dias de 2018, também não. Mas, todo cuidado é pouco, principalmente no verão.

Esta semana, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) destacou que, dos sete países da América do Sul a registrar casos da doença, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru e Suriname, o Brasil foi o único que voltou a reportar novos casos esse ano. A organização alertou para a necessidade de uso racional da vacina em tempos de escassez.

Dados divulgados pela Opas, registram entre o segundo semestre de 2016 e junho do ano passado 777 casos confirmados no Brasil, 261 mortes e 1659 casos em animais. Já entre junho de 2017 até janeiro de 2018, 2296 casos foram registrados em animais, 358 foram confirmados, 790 não tiveram coleta e foram registrados como indeterminados, e 461 foram descartados.

Na campanha do Ministério da Saúde para Rio, São Paulo e Bahia, o objetivo é evitar a expansão do vírus para áreas próximas de onde há circulação atualmente. Pela expectativa dos responsáveis pela campanha, 19,7 milhões de pessoas deverão ser imunizadas, sendo 15 milhões com a dose fracionada e outras 4,7 milhões com a padrão. A adoção do fracionamento será uma medida preventiva em áreas selecionadas, durante 15 dias, para evitar novo surto, seguindo recomendação do Organização Mundial da Saúde (OMS) para ocasiões com aumento de epizootias e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades populosas e sem recomendação anterior para vacinação. Com o fracionamento, um frasco contendo 10 doses da vacina padrão pode ser usado na vacinação de 50 pessoas.

— Os estudos concluídos, até o momento, demonstram que a vacina padrão e a fracionada têm a mesma eficácia. No entanto, o Ministério da Saúde continuará acompanhando e atualizando as estratégias, conforme a atualização das pesquisas — afirmou o ministro Ricardo Barros.

Crianças de nove meses a dois anos de idade, pessoas com condições clínicas especiais, como portadores de aids, em tratamento de quimioterapia ou pacientes com doenças hemorrágicas não são indicados para receber a dose fracionada, bem como gestantes e viajantes internacionais. A vacina da febre amarela, independentemente da dosagem, é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e com reação alérgica grave à proteína do ovo. Em idosos, deverá ser feita avaliação prévia pelos serviços de saúde.

Quem tomar a vacina ficará impedido de doar sangue durante um período de quatro semanas. Há recomendação para que doem antes da vacinação, no intuito de alimentar os estoques de bolsas. O do Hemocentro Regional de Campos, por exemplo, está baixo.

A febre amarela atinge humanos e macacos. No Brasil, é mais comum o tipo silvestre, através de picada do mosquito Haemagogus infectado. Há ainda o tipo urbano, através do mosquito Aedes Aegypt, o mesmo que transmite a dengue. A vacinação é a única forma de prevenção, recomendada para pessoas a partir de nove meses de idade que residem ou se deslocam para os municípios que compõem a área com recomendação de vacina. São considerados locais de risco os que têm matas e rios, onde o vírus e seus hospedeiros e vetores ocorrem naturalmente.

De acordo com o Ministério da Saúde, Campos está entre os municípios fluminenses com recomendação de vacina, bem como Aperibé, Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Barra do Piraí, Barra Mansa, Bom Jardim, Bom Jesus do Itabapoana, Cabo Frio, Cachoceiras de Macacu, Cambuci, Carapebus, Comendador Levy Gasparian, Cantagalo, Cardoso Moreira, Carmo, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu, Cordeiro, Duas Barras, Duque de Caxias, Engenheiro Paulo de Frontin, Guapimirim, Iguaba Grande, Itaboraí, Italva, Itaocara, Itaperuna, Itatiaia, Laje do Muriaé, Macaé, Macuco, Magé, Maricá, Miguel Pereira, Miracema, Natividade, Niterói, Nova Friburgo, Paraíba do Sul, Paty dos Alferes, Petrópolis, Porciúncula, Porto Real, Quatis, Quissamã, Resende, Rio Bonito, Rio das Flores, Rio das Ostras, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, São Gonçalo, São João da Barra, São José de Ubá, São José do Vale do Rio Preto, São Pedro da Aldeia, São Sebastião do Alto, Sapucaia, Saquarema, Silva Jardim, Sumidouro, Tanguá, Teresópolis, Trajano de Moraes, Três Rios, Valença, Varre-Sai e Vassouras.