Bordando a vida...
11/01/2018 09:59 - Atualizado em 11/01/2018 10:00
 
Analisando um bordado, podemos sentir as várias matizes de cores... as nuances das combinações, o degradê que vai do suave a mais forte cor, as texturas das linhas que se entrelaçam... e no entrelaçar dos pontos podemos tecer pontos de amor... O verso ou inverso do bordado, na maioria das vezes, não traduz a beleza do mesmo, mas nos mostra com clareza sua suavidade, sua força, a direção das linhas para criar o todo... No laço e no entrelaço vemos o nó, mas sobretudo os nós, que quando entrelaçados traduzem as mãos de quem borda. E, neste sentido é a nossa vida... O que trazemos no inverso é consistente, é tecido dia-a-dia. Erramos o ponto e desmanchamos os fios dados, para tecer novamente... E essa é a graça que Jesus nos professa. Poder refazer a cada dia o bordado das nossas vidas de forma mais suave, com cores que iluminam, irradiam, que nos trazem paz e coragem, suavidade e fortaleza, nos transportam sempre para uma nova oportunidade e nos desafiam a lutar e vencer o dia-a-dia... Há que ter mãos treinadas e delicadas, ou muitas vezes mãos fortes para os longos bordados... mas com toda certeza, há que ter mãos predestinadas ao querer bem, fazer o bem sem olhar a quem... mãos que veem com o coração... Que mesmo com os olhos fechados sabem sentir a textura e “enxergar” o brilho de cada ponto dado... a isso chamamos sensibilidade... Sensibilidade para afetar o outro com linhas que entrelaçam nossas vidas... que sejam linhas macias, suaves, que cheguem até nós como uma brisa leve... Há que ter mãos que possam acalentar, acariciar, indicar caminhos, mesmo na dúvida... pois podemos refazer o bordado a qualquer tempo... Há que ter mãos que falem a linguagem dos sinais, e dentre elas a linguagem do amor que é universal... Há que ter mãos que queiram tecer juntas... e então um bordado junto a outro bordado, tecerá lindos tapetes, que nos permitam voar... E ao voar sentirmos a brisa leve, o cheiro de liberdade, pessoas a flutuar com suavidade para onde o tapete nos levar... Há que ter mãos para bordar várias toalhas de mesa... e a cada refeição com todos reunidos, que possamos constituir verdadeiras famílias... feitas de sangue, mas sobretudo de amizade...
O bordado, assim como a vida, nos permite enxergar a importância fundamental de um ponto, uma cor, uma linha... mas sobretudo nos permite enxergar que é o ponto que faz o todo... e o todo está dentro de cada ponto! E este sentimento de pertença, vincula o ponto ao bordado, num único laço, que primeiro deve ser apreciado e amado por quem está tecendo e depois unido aos vários outros bordados para trazer beleza à vida! Há que ter mãos que inovem novos bordados, novas combinações, imagens talvez indecifráveis, que só os que anteveem o futuro sejam capazes de apreciar... Essas mãos possuem doses de coragem, assumem riscos, são desafiadoras, mas com certeza fazem história... Há bordados que dizem tanto que formam tendências... pois sua essência transcende a forma... Há que ter mãos flexíveis, que confiem a ponto de dar pontos de olhos fechados, a isso chamamos de fé... Entregar-se. Temos a liberdade de tecer o que quisermos... alguns carregam nas tintas, mas mesmo escurecidas... tem a oportunidade de refazer o bordado... E esta é a beleza da vida... Fazer e refazer, errar e aprender, crescer a cada dia, fazer de cada amanhecer um dia luminoso. Às vezes fico a pensar que é tão fácil ser feliz, tão simples a vida, porque rebuscamos tanto o bordado?!
Há que se pensar na poluição visual do bordado... o menos é mais... sempre e neste sentido devemos avaliar até o excesso de amor... que também é prejudicial... pois não deixa o “outro” crescer... Então, que neste tempo do Advento, possamos desmanchar alguns pontos e nós que destoem do bordado que estamos tecendo... Dá trabalho?! Com certeza... Mas vale a pena corrigir, voltar atrás, refazer, trazer a beleza de volta, dar um ponto mais apertado, com laço de doçura e reflexão... pois há que ter mãos que sempre estejam prontas para mais um ponto... para tecer um desejo ardente de deixar a vida “bela”, não desistindo nunca de vislumbrar a “obra” pronta, que nunca se apronta, pois estamos por nos fazer e refazer a cada dia de nossa existência... e nesse caminho, o caminhante se inventa e reinventa para a vida... pois vale a pena acreditar, vale a pena bordar, vale a pena amar...
Pai nosso que estais no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino e seja feita a tua vontade. Pai, meu pai do céu eu quase me esqueci que o teu amor vela por mim e que seja feito assim. O alimento desse dia, dai-nos agora e sempre, e perdoai nossas ofensas, de um modo maior, com que perdoamos... Pai, meu pai do céu eu quase me esqueci, que o teu amor vela por mim e que seja feito assim... E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal... Amém...
Convido, então, a cada um para que ao terminar de ler este artigo, o faça cantando, pois quem canta reza duas vezes... a oração do Pai Nosso, enviando essa energia para todos, neste período do Advento... e se energizando também para espalhar pontos de luz, esperança e amor neste Natal...
Um ponto, um cheiro e um beijo com carinho...
Com afeto,
Beth Landim

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    Elizabeth Landim

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