Ponto Final - Insegurança pública como reflexo da crise
17/11/2017 11:11 - Atualizado em 19/11/2017 15:17
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Insegurança Pública
A crise no Rio de Janeiro continua trazendo reflexos diretos na Segurança Pública e fazendo a população refém do medo em Campos. Ontem, por exemplo, uma lanchonete a cerca de 250 metros do 8º Batalhão de Polícia Militar foi vítima de um assalto pela terceira vez. Testemunhas teriam reconhecido o mesmo bandido como autor dos três crimes. Para lembrar sobre a ousadia da criminalidade, nesta semana a drogaria Pacheco da Pelinca foi assaltada em plena luz do dia e, recentemente, até uma loja dentro do Parquecentro foi roubada, além da delegada titular da 147ª DP de São Francisco de Itabapoana ter sido alvo de um criminoso de bicicleta, que levou o celular dela também na área da Pelinca.
Dor de cabeça
O transporte público continua sendo uma dor de cabeça para o campista. Além da falta de segurança das lotadas e vans irregulares, a população também sofre com o péssimo serviço de algumas empresas de ônibus. Moradores do Farol de São Thomé procuraram a redação da Folha da Manhã, ontem, para relatar o problema. Eles relatam que os coletivos demoram até duas horas para passarem, quando passam. Em nota, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que o consórcio responsável já foi notificado a restabelecer o atendimento. Mesmo assim, o presidente do órgão, Renato Siqueira, disse que vai se reunir com a líder do consórcio para resolver a situação.
Transporte
O reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Jefferson Manhães, esteve em Brasília no início do mês, onde se reuniu com o Ministro da Educação, Mendonça Filho, para tratar de transporte escolar intermunicipal. De acordo com Jefferson, o ministro vai emitir um parecer de entendimento de que o Estado tem a responsabilidade legal do pagamento e de que é direito do estudante do ensino básico de todas as redes — municipal, estadual e federal — a gratuidade do transporte de uma cidade para outra.
Não é bem assim
Diante da escalada de maus efeitos que assola o país, os defensores do golpe militar (incluindo-se os eleitores do presidenciável Jair Bolsonaro) acenam como argumento lapidar que na caserna não haveria corrupção. Para esses, militares seriam uma espécie de casta diferente do Homo sapiens, imunes das práticas ilícitas, como se fossem possuidores de um gene que naturalmente rejeitasse qualquer desvio moral ou ético. Quem sabe, imaginam que um cidadão quando se alista nas Forças Armadas recebe uma vacina que o livra desse e de outros males que acometem a espécie humana. Obviamente que os fatos comprovam que não é bem assim.
Aos fatos
Recentemente, o portal UOL publicou reportagem onde revela que o Ministério Público encontrou desvio de R$ 191 milhões nos quartéis. Estão envolvidos em práticas ilícitas desde praças até oficiais de alta patente. São casos que vão de “cobrança de propina em contratos a roubo de peças de tanques militares”. Para chegar a esse número, o site fez um levantamento com base em 60 denúncias do Ministério Público Militar. Enfim, os crimes se assemelham aos mesmos em que se envolvem políticos e empresários: fraudes a licitações (em hospitais militares), corrupção passiva, ativa, peculato e estelionato.
Espertezas
Também não faltam casos exóticos, como de um coronel reformado que, “às vésperas de sua morte”, divorciou-se da mulher para casar com a própria nora, “apenas para garantir que a sua pensão fosse paga por mais tempo”. Ou a curiosa façanha amadora de um soldado e um cabo, que furtaram peças de um tanque de guerra, sem se preocuparem com as câmeras de segurança. O material acabou sendo vendido em um ferro-velho por pouco mais de R$ 900,00.
Números
Só para reforçar que não há nenhum segmento imune a práticas imorais ou antiéticas, entre 2010 e 2017 foram 132 militares condenados por corrupção ativa, passiva e peculato, representando 0,04% do efetivo – cerca de 300 mil integrantes das Forças Armada. Outros 299 militares aguardam julgamento. No final de outubro foi preso, pela Polícia Civil, o sargento do Exército Carlos Alberto de Almeida, 46 anos. Segundo o delegado que comandou a operação, Almeida era um dos maiores armeiros do tráfico de drogas: limpava, consertava e customizava armas para bandidos – e comandava uma quadrilha. Armas e munição eram escondidas na casa dele, na vila militar.
José Renato

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