Cabral testemunha de Garotinho
Aldir Sales 13/11/2017 22:06 - Atualizado em 16/11/2017 13:50
Ex-aliados e atuais desafetos políticos, os ex-governadores Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB) tiveram um encontro marcado, mas longe dos estúdios de rádio, das redes sociais e do Palácio Guanabara. O local foi a 43ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e, desta vez, Cabral foi convocado para ser testemunha de defesa de Garotinho durante audiência no processo movido pelo desembargador Luiz Zveiter contra o ex-secretário de Governo de Campos por injúria. A informação foi publicada em primeira mão ontem pelo jornalista Lauro Jardim em seu blog no site do jornal O Globo. Esse não é o único processo de Zveiter contra a família Garotinho. Em outra ação, o ex-presidente do TJRJ acusa a esposa do político da Lapa, a também ex-governadora Rosinha (PR), de difamação e calúnia.
De acordo com Lauro Jardim, Cabral e Garotinho não se falaram e nem se olharam durante a audiência. O blogueiro informou, ainda, que o corredor por onde os ex-governadores passaram foram isolados, assim como o elevador, que ficaram para uso exclusivo dos dois por questões de segurança.
Garotinho afirmou, no dia 28 de junho, durante interrogatório na ação penal na que foi posteriormente condenado a 9 anos e 11 meses de prisão como “comandante do esquema criminoso” de troca de Cheque Cidadão por votos na última eleição municipal em Campos, que Zveiter e Cabral estariam por trás da operação Chequinho, alegando perseguição política. Em uma postagem em seu blog, o ex-prefeito de Campos chegou a dizer que o processo contra ele foi extinto, porém, a ação por injúria teve prosseguimento, enquanto as de difamação e calúnia foram arquivadas. O mantra de perseguição foi repetido diversas vezes por Rosinha durante os dias em que Garotinho cumpriu prisão domiciliar após ser condenado na Chequinho, o que gerou um novo processo de Luiz Zveiter contra a ex-prefeita de Campos por difamação e calúnia.
Sérgio Cabral sucedeu Rosinha no Governo do Estado em 2007, sendo eleito com apoio do casal da Lapa. No entanto o namoro entre Cabral e Garotinho não teve sucesso e acabou no início do primeiro mandato. Acusado de comandar um mega esquema de corrupção no Rio de Janeiro durante os oito anos que esteve no Palácio Guanabara, Cabral já foi condenado a mais de 72 anos de prisão pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa no âmbito da operação Lava Jato.
Depois de deixar a prisão domiciliar por decisão liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Garotinho chegou a pedir escolta policial ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) por supostas ameaças do próprio Cabral que, segundo ele, teria dito na prisão que iria “fazer xixi na sepultura do Garotinho”, mas não foi atendido.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS