Morte de adolescente no HFM gera polêmica
Matheus Berriel 06/11/2017 20:37 - Atualizado em 07/11/2017 14:09
Uma polêmica a respeito de falta de medicamentos na rede pública municipal circula na internet desde a noite do último sábado (04), quando um militante político fez uma postagem no facebook lamentando a morte da adolescente Brunna Rico, de 15 anos, sobrinha do vereador Álvaro César, que sofria de uma doença rara no fígado e estava internada no Hospital Ferreira Machado (HFM). Segundo o militante, Brunna não resistiu e morreu enquanto aguardava que seu tio, irmão de Álvaro César, comprasse o remédio Xarelto 20mg, a pedido de uma médica. A publicação foi compartilhada pelo ex-vereador Albertinho e viralizou na rede social. Em notas enviadas à Folha, através da superintendência de Comunicação da Prefeitura, a direção do HFM alegou que dispõe do medicamento, que pode ser utilizado por via oral ou de forma injetável, e que "a receita médica foi concedida à família para que a jovem permanecesse em uso, em situação de alta".
Ainda no sábado, no facebook, Álvaro César negou as informações que já circulavam na web. "Perdi minha sobrinha, vítima de uma doença rara, descoberta há pouco tempo, mas que rapidamente ceifou sua vida. Já não bastasse a dor da perda, hoje constato o quão baixo o ser humano pode chegar por politicagem. Minha sobrinha estava internada no Hospital Ferreira Machado, com toda a assistência médica e sendo avaliada por diferentes profissionais da área. Ela estava bem, lúcida e estável. Porém, devido à sua doença rara no fígado, além de outras complicações, de forma repentina, apresentou um quadro de parada cardiorrespiratória e não resistiu. Eu conversei com os médicos. Não houve negligência, nem falta de medicamentos. Os profissionais fizeram todo o possível e me garantiram que todos os medicamentos necessários à minha sobrinha se encontravam disponíveis no hospital. É muito triste ver que alguns querem usar da tragédia de minha família para alimentar brigas políticas", afirmou o vereador.
Na tarde desta segunda-feira, a pastora religiosa Eliana Lima, que acompanhou a família de Brunna durante sua internação no HFM, postou no facebook um vídeo com acusações de negligência e tratamento inadequado por parte dos funcionários da unidade de saúde. No vídeo, ela afirma que não havia o medicamento e diz que, em uma das visitas recebidas, a adolescente reclamou de dores na barriga e contou que funcionários falaram ser "dengo". Numa ocasião em que reclamou de sede, uma enfermeira teria a dado água do chuveirinho do banheiro. As acusações foram compartilhadas pelo pai de Brunna, Emílio Rico, que desabafou publicamente pela primeira vez desde a morte da filha.
- Realmente isso tudo não passa da mais pura verdade. Estava em silêncio até agora, mas, quando chegamos ao Ferreira Machado na quarta-feira (01), pela manhã, o caso da minha filha, apesar de já ter uma doença crônica, inspirava muito cuidado, e isso não aconteceu por parte do hospital. Mesmo com muita briga, os profissionais que ali estavam, estavam levando o caso da minha filha como se fosse algo comum, quando, na verdade, o quadro inspirava cuidados especiais - disse em um trecho da publicação.
- Mesmo sabendo que a vontade do nosso Senhor Jesus Cristo foi feita, fica aqui o desabafo de um pai que cuidou até o último dia de vida da minha filha, brigando, sofrendo em vê-la sofrer até o último suspiro. Realmente, minha pastora, o atendimento foi muito precário. Agradeço a todos e espero em Deus que, com o que aconteceu com a minha filha, de apenas 15 anos, outros pais não passem pela mesma dor que estou passando agora por pura falta de amor pelo ser humano. Deus conforte os nossos corações e obrigado a todos pelo carinho - completou o pai.
Na mesma nota em que informou ter o medicamento Xarelto 20mg, a direção do HFM informou que "a paciente veio a óbito em decorrência de complicações no quadro clínico, e foi dado todo atendimento necessário para assistência ao caso da jovem durante o tempo em que esteve na unidade".
Questionada posteriormente sobre as acusações da pastora, afirmou que não procedem, ressaltando que "o HFM é referência regional no atendimento de urgência e emergência e que os profissionais buscam trabalhar de forma ética e profissional, o que inclui práticas de cuidado com os pacientes que são atendidos pela unidade, pelo bem estar de todos".
Falta de insumo e remédio para diabéticos
Recentemente, a Folha vem recebendo denúncias de falta de medicamentos e insumos na Farmácia Municipal. Em busca de fitas para realização dos exames de glicemia de sua esposa diabética, o leitor José Constantino Barroso, de 66 anos, sofre com o problema há vários anos, mas viu a situação piorar nos dois últimos meses.
— Minha esposa é diabética há 30 anos. Os medicamentos eu consigo na Farmácia Popular, mas as fitas, sempre peguei na Farmácia Municipal, na secretaria de Saúde. Sempre tive problemas lá. Várias vezes tive que peitar quem me atendeu, cobrando direitos —afirmou José Constantino.
De acordo com ele, há duas semanas, depois de várias tentativas, ele pediu à atendente para conversar com a secretária de Saúde. Foi orientado a retornar depois e conseguiu algumas fitas, mas apenas 1/4 do que precisava para o mês.
— Muita gente vem do interior, com vergonha, até pede desculpa, quando na verdade tem direito. Na última vez, peguei 30 fitas, mas minha esposa precisa de 120 por mês, porque faz o exame de glicemia quatro vezes ao dia. Eles falam que está havendo licitação. Já disse para eles, licitação tem que fazer com antecedência. A gente tem 40 mil diabéticos registrados em Campos — completou.
Em nota, o departamento de Farmácia da secretaria de Saúde informou que “fitas para aferição de glicemia estão disponíveis em Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) do município e que um novo processo para aquisição de insumos também está em andamento e inclui mais de 590 itens, entre estes, nova leva destas fitas”.
Uma leitora, que preferiu ter a identidade preservada, denunciou a falta do antidiabético Pioglitazona 30mg na Farmácia Popular. Na mesma nota, o departamento de Farmácia explicou que “medicamentos antidiabéticos orais como Metformina, glibenclamida, gliclazida, além da insulina Regulare e NPH, entre outros, estão disponíveis na rede municipal”. De acordo com o departamento, “uma nova leva de medicamentos complementares está em processo de aquisição seguindo enquadramento à tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), vinculado à Anvisa”.

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