Campos dos Goytacazes,  23/11/2017 14:45

Folha Geral
23/11/2017 14:45 - Atualizado em 23/11/2017 14:32
Médico Jair Araújo diz que falta de materiais no Hemocentro impediu cirurgia de idosa
Paula Vigneron 03/11/2017 14:34 - Atualizado em 04/11/2017 13:07
Um áudio, gravado na última terça-feira (31) pelo médico e professor Jair Araújo, viralizou nas redes sociais, na quinta (2), com uma nova denúncia de falta de insumos no Hemocentro Regional de Campos. Segundo o profissional, a falta do kit transfusional impediu a realização de um procedimento cirúrgico em uma paciente do setor de oncologia do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA), do qual é ex-diretor. Em entrevista à Folha da Manhã, Jair disse que enviou o áudio diretamente ao prefeito Rafael Diniz e estranha o vazamento do arquivo. Nesta sexta-feira, a Prefeitura de Campos divulgou uma nota sobre o assunto dizendo que tomaria medidas judiciais contra o médico, por meio da Procuradoria Geral do Município, questionando as informações, que não seriam verdadeiras. A equipe da Folha teve acesso ainda a um documento de esclarecimento, expedido pelo HEAA e assinado pelo atual diretor da unidade, o médico José Manuel Correia Moreira, ressaltando que o hospital não fez pedido para a referida paciente, que teria a cirurgia marcada para a próxima segunda-feira (6).
No áudio destinado ao prefeito, Jair declarou que a paciente idosa estaria à espera de sangue para a operação. De acordo com ele, o fato foi “pontual, grave, que pode estar em um contexto de uma dificuldade imensamente maior que o poder público está tendo”. Para ele, estas dificuldades estão relacionadas, entre outras coisas, à aquisição de material, como o kit de transfusão.
— Em um momento em que é absolutamente imprescindível nós termos doador de sangue, não pode ter o doador e não ter o kit. Mas isso está no primeiro degrau da escada. Por que a saúde tem problemas? Aí, tem uma escada longa. E você não chega ao último degrau se não passar por todos os outros. Você tem que ter insumos básicos, assim como profissionais que possam atender as pessoas. Assim como tem que otimizar seus recursos, já que estão escassos — pontuou, destacando que, para a otimização, é necessário regionalizar a saúde e hierarquizar o sistema, uma obrigação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na mesma nota em que divulgou que tomará medidas judiciais, a secretaria de Saúde de Campos “nega a denúncia e afirma que o Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado não recebeu pedido formal de sangue para paciente internada no Hospital Escola Álvaro Alvim para tratamento cirúrgico de câncer de mama”.
— O Hemocentro confirmou que não chegou nenhum pedido formal de urgência. Quando chega um pedido de urgência para cirurgia, o Hemocentro logo envia — explica a secretária de Saúde, Fabiana Catalani.
A declaração é confirmada no documento do HEAA, endereçado aos cuidados da secretária de Saúde, Fabiana Catalani, enumerando sete pontos de esclarecimentos, ao qual a Folha teve acesso. O primeiro item diz que no caso citado, “não foi solicitada pelo Dr. Jair Araújo qualquer reserva de sangue para a paciente”. O documento do Álvaro Alvim esclarece ainda que no dia da suspensão da cirurgia, pelo médico, outras duas foram realizadas utilizando reserva de sangue solicitada pelo cirurgião. E que a paciente citada por Jair Araújo no áudio será internada hoje para procedimento a ser realizado na próxima segunda-feira. O pedido de hemoderivados, segundo a nota, já foi feito ao Hemocentro, que “confirmou recebimento e entrega na data prevista”.
Na entrevista à Folha, Jair declarou que a situação é parte de um contexto maior: a saúde de Campos. Ele ressaltou que o posicionamento em relação ao caso da paciente não tem ligação com partidarismos e política.
“O meu movimento foi no sentido de defesa de uma situação absolutamente necessária, que é defender a saúde da pessoa. Então, se eu falei isso para o prefeito e vazou, foi porque houve algum tipo de divulgação, algum interesse em pulverizar isso. Mas eu não quero que isso se confunda com qualquer situação de oposição ou de apoio ao prefeito. Tenho uma posição clara de apoio à nova política que ele representou quando se candidatou. Essa nova política envolve transparência, diálogo, valorização da pessoa, priorização da saúde como um bem absolutamente indispensável. E, nesse sentido, estou me colocando totalmente à disposição sempre para ele ou qualquer governo que, institucionalmente, precise ou queira me ouvir. Estou tentando ajudar”, disse o médico.
A secretaria de Saúde de Campos declarou que mesmo com estoque reduzido, quando há um pedido de urgência, o Hemocentro atende à demanda. “A Procuradoria Geral do Município vai interpelar o médico a fim de que ele esclareça com base em que fundamentos ele chegou às conclusões apresentadas no áudio, tendo em vista que a secretaria de Saúde afirma que as informações não condizem com a realidade”, informou o procurador José Paes Neto.
Confira a nota da Prefeitura na íntegra:
A prefeitura de Campos, através da Procuradoria Geral do Município, vai tomar medidas judiciais cabíveis contra o médico Jair Araújo questionando informações que não seriam verdadeiras, relativas ao Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado. De acordo com a procuradoria, a situação não condiz com a realidade.
No áudio, ele se dirige ao prefeito, alegando que deu alta à uma paciente com câncer, que estaria precisando de uma cirurgia urgente, porque estaria faltando kit transfusional no Hemocentro. A Secretaria de Saúde nega a denúncia e afirma que o Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado não recebeu pedido formal de sangue para paciente internada no Hospital Escola Álvaro Alvim para tratamento cirúrgico de câncer de mama.
— O Hemocentro confirmou que não chegou nenhum pedido formal de urgência. Quando chega um pedido de urgência para cirurgia, o Hemocentro logo envia — explica a secretária de Saúde, Fabiana Catalani.
A secretaria ressalta ainda que, mesmo com estoque reduzido, quando há um pedido de urgência o Hemocentro atende a demanda. “A Procuradoria Geral do Município vai interpelar o médico a fim de que ele esclareça com base em que fundamentos ele chegou às conclusões apresentadas no áudio, tendo em vista que a secretaria de saúde afirma que as informações não condizem com a realidade”, informa o procurador José Paes Neto.
O hemocentro funciona no HFM, diariamente, das 7h às 18h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 kg, estar bem de saúde e portar um documento de identidade oficial com foto. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar sangue com autorização dos pais ou responsável legal.
Não é necessário estar em jejum, apenas deve-se evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e bebidas alcoólicas 12 horas antes. O Hemocentro Regional de Campos funciona todos os dias, das 7h às 18h, incluindo sábados, domingos e feriados, na Rocha Leão, n° 2, no bairro do Caju.

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    Paula Vigneron 03/11/2017 14:34 - Atualizado em 04/11/2017 13:07
    Um áudio, gravado na última terça-feira (31) pelo médico e professor Jair Araújo, viralizou nas redes sociais, na quinta (2), com uma nova denúncia de falta de insumos no Hemocentro Regional de Campos. Segundo o profissional, a falta do kit transfusional impediu a realização de um procedimento cirúrgico em uma paciente do setor de oncologia do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA), do qual é ex-diretor. Em entrevista à Folha da Manhã, Jair disse que enviou o áudio diretamente ao prefeito Rafael Diniz e estranha o vazamento do arquivo. Nesta sexta-feira, a Prefeitura de Campos divulgou uma nota sobre o assunto dizendo que tomaria medidas judiciais contra o médico, por meio da Procuradoria Geral do Município, questionando as informações, que não seriam verdadeiras. A equipe da Folha teve acesso ainda a um documento de esclarecimento, expedido pelo HEAA e assinado pelo atual diretor da unidade, o médico José Manuel Correia Moreira, ressaltando que o hospital não fez pedido para a referida paciente, que teria a cirurgia marcada para a próxima segunda-feira (6).
    No áudio destinado ao prefeito, Jair declarou que a paciente idosa estaria à espera de sangue para a operação. De acordo com ele, o fato foi “pontual, grave, que pode estar em um contexto de uma dificuldade imensamente maior que o poder público está tendo”. Para ele, estas dificuldades estão relacionadas, entre outras coisas, à aquisição de material, como o kit de transfusão.
    — Em um momento em que é absolutamente imprescindível nós termos doador de sangue, não pode ter o doador e não ter o kit. Mas isso está no primeiro degrau da escada. Por que a saúde tem problemas? Aí, tem uma escada longa. E você não chega ao último degrau se não passar por todos os outros. Você tem que ter insumos básicos, assim como profissionais que possam atender as pessoas. Assim como tem que otimizar seus recursos, já que estão escassos — pontuou, destacando que, para a otimização, é necessário regionalizar a saúde e hierarquizar o sistema, uma obrigação do Sistema Único de Saúde (SUS).
    Na mesma nota em que divulgou que tomará medidas judiciais, a secretaria de Saúde de Campos “nega a denúncia e afirma que o Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado não recebeu pedido formal de sangue para paciente internada no Hospital Escola Álvaro Alvim para tratamento cirúrgico de câncer de mama”.
    — O Hemocentro confirmou que não chegou nenhum pedido formal de urgência. Quando chega um pedido de urgência para cirurgia, o Hemocentro logo envia — explica a secretária de Saúde, Fabiana Catalani.
    A declaração é confirmada no documento do HEAA, endereçado aos cuidados da secretária de Saúde, Fabiana Catalani, enumerando sete pontos de esclarecimentos, ao qual a Folha teve acesso. O primeiro item diz que no caso citado, “não foi solicitada pelo Dr. Jair Araújo qualquer reserva de sangue para a paciente”. O documento do Álvaro Alvim esclarece ainda que no dia da suspensão da cirurgia, pelo médico, outras duas foram realizadas utilizando reserva de sangue solicitada pelo cirurgião. E que a paciente citada por Jair Araújo no áudio será internada hoje para procedimento a ser realizado na próxima segunda-feira. O pedido de hemoderivados, segundo a nota, já foi feito ao Hemocentro, que “confirmou recebimento e entrega na data prevista”.
    Na entrevista à Folha, Jair declarou que a situação é parte de um contexto maior: a saúde de Campos. Ele ressaltou que o posicionamento em relação ao caso da paciente não tem ligação com partidarismos e política.
    “O meu movimento foi no sentido de defesa de uma situação absolutamente necessária, que é defender a saúde da pessoa. Então, se eu falei isso para o prefeito e vazou, foi porque houve algum tipo de divulgação, algum interesse em pulverizar isso. Mas eu não quero que isso se confunda com qualquer situação de oposição ou de apoio ao prefeito. Tenho uma posição clara de apoio à nova política que ele representou quando se candidatou. Essa nova política envolve transparência, diálogo, valorização da pessoa, priorização da saúde como um bem absolutamente indispensável. E, nesse sentido, estou me colocando totalmente à disposição sempre para ele ou qualquer governo que, institucionalmente, precise ou queira me ouvir. Estou tentando ajudar”, disse o médico.
    A secretaria de Saúde de Campos declarou que mesmo com estoque reduzido, quando há um pedido de urgência, o Hemocentro atende à demanda. “A Procuradoria Geral do Município vai interpelar o médico a fim de que ele esclareça com base em que fundamentos ele chegou às conclusões apresentadas no áudio, tendo em vista que a secretaria de Saúde afirma que as informações não condizem com a realidade”, informou o procurador José Paes Neto.
    Confira a nota da Prefeitura na íntegra:
    A prefeitura de Campos, através da Procuradoria Geral do Município, vai tomar medidas judiciais cabíveis contra o médico Jair Araújo questionando informações que não seriam verdadeiras, relativas ao Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado. De acordo com a procuradoria, a situação não condiz com a realidade.
    No áudio, ele se dirige ao prefeito, alegando que deu alta à uma paciente com câncer, que estaria precisando de uma cirurgia urgente, porque estaria faltando kit transfusional no Hemocentro. A Secretaria de Saúde nega a denúncia e afirma que o Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado não recebeu pedido formal de sangue para paciente internada no Hospital Escola Álvaro Alvim para tratamento cirúrgico de câncer de mama.
    — O Hemocentro confirmou que não chegou nenhum pedido formal de urgência. Quando chega um pedido de urgência para cirurgia, o Hemocentro logo envia — explica a secretária de Saúde, Fabiana Catalani.
    A secretaria ressalta ainda que, mesmo com estoque reduzido, quando há um pedido de urgência o Hemocentro atende a demanda. “A Procuradoria Geral do Município vai interpelar o médico a fim de que ele esclareça com base em que fundamentos ele chegou às conclusões apresentadas no áudio, tendo em vista que a secretaria de saúde afirma que as informações não condizem com a realidade”, informa o procurador José Paes Neto.
    O hemocentro funciona no HFM, diariamente, das 7h às 18h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 kg, estar bem de saúde e portar um documento de identidade oficial com foto. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar sangue com autorização dos pais ou responsável legal.
    Não é necessário estar em jejum, apenas deve-se evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e bebidas alcoólicas 12 horas antes. O Hemocentro Regional de Campos funciona todos os dias, das 7h às 18h, incluindo sábados, domingos e feriados, na Rocha Leão, n° 2, no bairro do Caju.

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