Emprego: retomada acontece aos poucos
Dora Paula Paes 04/11/2017 16:57 - Atualizado em 08/11/2017 14:56
Fabiana Olivier
Fabiana Olivier / Divulgação
O período de recessão, com onda de desemprego, está caminhando para o fim? Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda é prematuro falar em tendência à queda da taxa, informou no último dia 31. Por outro lado, no mesmo dia, no trimestre encerrado em setembro, a desocupação atingiu o índice mais baixo do ano, de 12,4%, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — o que representa um recuo de 0,6 ponto percentual em comparação com o segundo trimestre, finalizado em junho. No meio da gangorra de números negativos e positivos, teve gente que não ficou de braços cruzados em dias bicudos. Foi o caso de Fabiana Oliver, de Italva, que depois de dois anos desempregada, usou a criatividade e conseguiu resolver a falta de emprego e, ainda, se lançar no mercado das artes. A expectativa é de emprego pleno em julho de 2018.
De acordo com os técnicos do Ipea, a efetiva redução do desemprego é prejudicada por ao menos dois motivos. Primeiro, porque a maior oferta de vagas de trabalho está concentrada no setor informal. Segundo, porque é normal que os efeitos da recuperação econômica demorem a se refletir no mercado de trabalho.
A partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, o boletim destaca que, no segundo trimestre de 2017, o número de contratações superou o de demissões pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2014. Além disso, os resultados dos dois primeiros trimestres de 2017 se aproximaram muito dos registrados nos dois primeiros trimestres de 2016, sinalizando uma interrupção na trajetória de quedas.
Porto do Açu
Porto do Açu / Paulo Pinheiro
No caso da região Norte Fluminense, ainda de acordo com o Caged, o mês de setembro não foi bom para o emprego. Os dados mostraram que Campos admitiu 1.667 trabalhadores, mas houve um desligamento de 3.100, deixando o município na liderança negativa da estatística local (- 1.433). Em Macaé, o cenário também não foi diferente: 2.208 trabalhadores foram admitidos, contra 2.728 demissões. O resultado também foi negativo (-520). O município de São Francisco de Itabapoana eliminou 244 empregos. Esses números sofreram efeito direito da desaceleração da safra de cana de açúcar, que caminha para o final do período da moagem. Na contramão, São João da Barra foi o único que gerou 191 empregos com carteira em setembro, graças ao Porto do Açu.
No âmbito nacional, o governo comemorou. O Brasil fechou o mês de setembro com nova alta no saldo de empregos formais — a sexta consecutiva e a sétima no ano. O crescimento foi de 34.392 postos de trabalho, aumento de 0,1% em relação ao estoque do mês anterior. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, fala em processo de recuperação gradual da economia. O resultado foi proporcionado pela diferença entre 1.148.307 admissões e 1.113.915 desligamentos. No acumulado do ano, o saldo positivo chega a 208.874 empregos, com aumento de 0,5% em relação ao estoque de dezembro de 2016.
— A economia está retornando à normalidade, mas não é do dia para noite na questão da retomada do emprego. Acredito em resultado positivo a partir de julho do ano que vem. Os investimentos estão voltando. As empresas automobilista estão trabalhando em regime de três turnos, voltaram a empregar. É tudo prematuro, mas vai melhorar, principalmente, com inflação e taxa de juros baixos. Agora, no Natal esse índice de desemprego deverá diminuir mais ainda, porém, com emprego provisório. Hoje, o nosso problema não é econômico, é político. Os investidores estão esperando resultados. As empresas do setor de petróleo vão retornar ao Brasil. Esse processo é lento, mas será possível notar no ano que vem — diz o economista Paulo Sanguedo.
Empreitada para vencer desemprego
Mãe de dois filhos e desempregada por mais de dois anos, Fabiana Olivier, apostou no seu artesanato e também resolveu ajudar outras pessoas com cursos para grupos fechados em um canal da internet. Na sua empreitada de vencer o desemprego conseguiu reunir 35 mil alunas.
— Primeiro apostei em maquiagem, mas sentia vontade de fazer algo com que me mantivesse ocupada. Um dia em uma loja, do nada, resolvi comprar feltro, mal sabia o que iria fazer com eles, mas comprei, chegando em casa logo fui para a internet ver o que eu poderia fazer com o material. Ansiosa e curiosa logo saiu meu primeiro boneco de feltro feito a mão. Mostrei a amigos que compraram minhas primeiras peças e vi ali que aquilo que começou como uma brincadeira poderia gerar renda — conta.
Dos bonecos de feltros, a artesã investiu e atualmente produz bolsas maternidade e mochilas personalizadas. Ela relata o sucesso e recorda as dificuldades no início. Um sonho que se tornou realidade. E dispara que a sua experiência pode incentivar outras mulheres na mesma situação. “Basta força de vontade, criatividade e coragem para se lançar no mercado com uma atividade que seja prazerosa e possa ajudar na renda familiar”, completa.
Seu novo sonho é produzir bolsas de couro e entrar no mundo da moda já pensando em confeccionar vestidos de noiva. Para isso, o próximo voo é fazer um curso de estilismo.
Governos trabalham para aumentar vagas
Outros termômetros de emprego, no Norte Fluminense, são o Espaço da Oportunidade, vinculado à superintendência municipal de Trabalho e Renda de Campos e a Central do Trabalhador de Macaé (CTM), da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda de Macaé. O número de vagas em oferta tem crescido nos últimos dois meses mantendo o patamar de mais de 500 vagas no somatório dos dois maiores municípios do interior do Estado. No início da semana eram 247 vagas em Campos e 292 vagas para preenchimento em Macaé.
Segundo o governo do prefeito Rafael Diniz, “o Espaço da Oportunidade vem fazendo uma força tarefa para aumentar a captação de vagas junto a empresas, onde atualmente há mais de 200 vagas disponíveis. Além disso, com a chegada do fim do ano, há o aumento da oferta de vagas e encaminhamentos. A Superintendência vem fazendo no Espaço, uma vez por mês, palestras com dicas de RH e oferta permanente de cursos profissionalizantes, indo ao encontro da proposta de governo Rafael Diniz de capacitação do munícipe”, disse em nota.

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