Crítica de Cinema - Longa é a lista de histórias
Edgar Vianna de Andrade 13/11/2017 21:13 - Atualizado em 17/11/2017 14:54
Longa é a lista de histórias — reais e ficcionais — enfocando tensões entre pessoas prisioneiras da solidão. Em situação de isolamento, as pessoas se veem obrigadas a lutar pela sobrevivência. Situações extremas mostram que a civilização e as boas maneiras são supérfluas. Millor Fernandes, numa de suas fábulas fabulosas, narra a história de um homem perdido no deserto com seu cãozinho de estimação. Com a fome aguçada, ele olha para o cachorro como alimento e afasta o mau pensamento. Mas a fome progride e ele mata o cão para comê-lo. Então, chora pelo seu ato. Moral da história: uma vez satisfeitas as necessidades básicas, o renascer dos bons sentimentos.
A lista de histórias vividas no isolamento remonta a Robinson Crusoé, no início do século XVIII. Náufrago numa ilha, não é sem tensão que ele consegue sobreviver por 28 anos. Menos conhecida é a história “A ilha misteriosa”, de Júlio Verne, da segunda metade do século XIX. Uma das mais instigantes fábulas do século XX é “O senhor das moscas”, de William Golding, com suas crianças perdidas numa ilha. Quem não se lembra de “A lagoa azul” e de “Os sobreviventes dos Andes”? Mas, o filme que mais ilustra as tensões da solidão é “Inimigo meu”, dirigido por Wolfgang Petersen, em que um terráqueo e um ser de outro planeta precisam sobreviver num terceiro planeta estranho. A lista é mais longa.
Diante de todos esses livros e filmes, o enredo de “Depois Daquela Montanha”, é bastante banal e melodramático. A direção de Hany Abu-Assad conta com o roteiro de J. Mills Goodloe e Chris Weitz. Homem e mulher que não se conhecem fretam um avião para chegar aos seus destinos por terem perdido seu voo. Alex Martin (Kete Wislet) é a bela mulher, branca e louríssima que pretende chegar a tempo de se casar. Ben Bass (Idris Elba) é um neurocirurgião negro. O avião fretado cai no alto de montanhas no fim de rigoroso inverno. O piloto morre, mas seu cão se salva.
Mateusinho viu
Mateusinho viu / Divulgação
Começa, então, a luta pela sobrevivência. Não há surpresas. De antemão, a gente sabe que eles enfrentarão dificuldades, mas se salvarão. A gente sabe que o cão é de fundamental importância na salvação do casal. A gente sabe que mulher e homem, embora com um passado amoroso, ela branca e ele negro, acabarão juntos. As paisagens são belíssimas, mas a história é bastante sofrível. Inclusive o chavão da corrida final de mulher e homem para o reencontro e o beijo. Só não se explicou devidamente como o casal e o cão sobreviveram por três semanas sem o alimento necessário no meio do frio intenso. Parece que o cachorro passou três semanas sem comer e beber. Do trio, ele teve a melhor atuação.

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