O outro lado dos 50 anos
06/11/2017 07:21 - Atualizado em 06/11/2017 07:22
O jornalista e escritor Ruy Castro escreveu sábado, na Folha de S.Paulo, que, embora possa parecer mórbido, começa a sua leitura do jornal pelos anúncios funerários. O procedimento de Ruy é comum a quem já passou dos 50 anos. Essa é uma sensação de envelhecimento.
Conferir o obituário, e mesmo os anúncios de missa de 7º dia, é reflexo de preocupação com a iminente perda de amigos e pessoas conhecidas. Em 2004, já com 53 anos, escrevi uma crônica na Folha da Manhã — com o título “O outro lado dos 50 anos” — relatando que eu havia adquirido tal hábito na leitura do jornal. Quando se é jovem, porque a morte de parentes e amigos é rara, esse é um tipo de leitura que passa longe.
Aliás, é na conferida diária do que trazem os jornais que se vive uma outra sensação do que é estar mais velho. O Globo insere, no seu Segundo Caderno, a seção “Há 50 anos”. Para quem já passou dos 50, é possível identificar nas figuras públicas ali citadas pessoas conhecidas, algumas que já mereceram o seu voto.
Outra sensação do que é estar velho é, vendo um jogo de futebol, admitir que tem idade para ser pai dos 22 jogadores que estão em campo. Ou mesmo quando é tratado de “seu” fulano. Mas, o gostoso mesmo, para quem já atingiu os 66 anos — o meu caso — é quando é chamado de vovô. Esse é o lado bom de quem entra na fase dos enta.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Saulo Pessanha

    [email protected]