Garotinho prestou depoimento na Operação Caça-Fantasma
26/11/2017 00:17 - Atualizado em 26/11/2017 09:23
O ex-governador Anthony Garotinho, preso desde quarta-feira dentro da operação Caixa d'água, prestou depoimento dentro das investigações de outra operação - a "Caça-Fantasma", que tinha como alvo o empresário Fernando Trabach Gomes, apontado como responsável por usar uma pessoa fictícia, George Augusto Pereira da Silva, para cometer crimes licitatórios e contra a ordem tributária. O "fantasma" aparecia como proprietário da empresa GAP, que tinha contrato com a Prefeitura de Campos, durante a gestão Rosinha, para locação de ambulância. Trabach chegou a ser preso em agosto último dentro da "Caça-Fantasma" e, de novo, na última sexta-feira, na operação Mercado de Ilusões.
O depoimento de Garotinho na Caça-Fantasma veio à tona depois que o promotor de Justiça Claudio Calo, citado em depoimento à Polícia Civil por Garotinho, divulgou nota afirmando que esteve com o ex-governador “para prestar informações e para a colheita de depoimento oficial, nas dependências do Ministério Público do Estado do Rio, após a deflagração da operação denominada Caça Fantasma”. Em nota, Calo afirma que em nenhum momento teve conversa informal com o político.
Garotinho citou o nome do promotor durante depoimento nessa sexta-feira, na 21ª DP (Bonsucesso), sobre supostas agressões que teria sofrido dentro de sua cela na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Ao ser perguntado a que atribui a agressão, o ex-governador disse que "sem querer ser leviano, pelas palavras ditas pelo agressor, há uma retaliação à alguma coisa que tenha dito". Ele alegou à polícia que há pouco tempo conversou com o promotor Claúdio Calo e que teria feito várias denúncias sobre órgãos estaduais, incluindo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
Confira nota de Cláudio Calo, enviado pela assessoria do Ministério Público estadual:
“Sobre a matéria veiculada hoje (25/11), por este jornal, sob o título "Diário de um detento" (página 3, editoria País), onde é mencionado que o ex-Governador Anthony Willian Garotinho Matheus de Oliveira teria citado o nome do promotor de Justiça Cláudio Calo, em depoimento policial, o promotor esclarece que esteve com o ex-governador para prestar informações e para a colheita de depoimento oficial, nas dependências do MPRJ, após a deflagração da operação denominada "Caça Fantasma".
O promotor de Justiça, que integrava o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ) investigou e ofereceu denúncia em face de 11 pessoas, dentre estas o empresário Fernando Trabach Gomes, em razão da prática de crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, ordem tributária e lavagem de capitais, que resultou na referida operação.
No cumprimento de mandados judiciais, houve busca e apreensão na residência da ex-prefeita de Campos dos Goytacazes Rosinha Garotinho e na sede da Prefeitura de Campos, uma vez que havia indícios de que a organização criminosa também teria vencido licitações suspeitas no Município.
Após a deflagração, o ex-governador Garotinho solicitou audiência com o procurador-geral de Justiça, formulando, por escrito, esclarecimentos. Ao tomar conhecimento dos fatos objeto da audiência o chefe do Parquet fluminense realizou uma reunião que contou com a participação de Calo, de dois subprocuradores-gerais de Justiça do MPRJ, além do advogado do referido ex-governador, momento em que foram esclarecidos as circunstâncias das ações. No encontro Garotinho se voluntariou a prestar depoimento no MPRJ. Calo realizou a oitiva em 20 de outubro do corrente, a qual foi registrada em áudio e vídeo, com a presença do advogado, Carlos Azeredo, do ex-governador e de um agente policial lotado no MPRJ.
Na ocasião, considerando que o ex-governador, voluntariamente, apontou várias irregularidades envolvendo diversas pessoas, algumas detentoras de foro especial por prerrogativa de função, assim como fatos envolvendo outras comarcas, o promotor de Justiça determinou a elaboração de várias cópias da mídia, encaminhando-as para diversos órgãos do MPRJ, a fim de que fossem adotadas as providências cabíveis.
Portanto, o promotor de Justiça esclarece que, em nenhum momento, houve uma conversa informal, mas um depoimento oficial, colhido nas dependências do MPRJ, por solicitação do ex-governador do Rio de Janeiro, e mediante prévia ciência do procurador-geral de Justiça. Calo ratifica que não tem qualquer relação pessoal de amizade ou inimizade com Garotinho e seus familiares”.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]