Falta d'água: Agir é emergencial
01/11/2017 16:55 - Atualizado em 01/11/2017 18:02
Nascente seca em Rio Preto no assentamento Novo Horizonte
Nascente seca em Rio Preto no assentamento Novo Horizonte
O município de Campos dos Goytacazes é importante polo regional, por sua geografia: “ rios, canais, valados, alagados e lagoas”, quando abastecidos em condições hídricas ideais, oferece diversificadas oportunidades às práticas produtivas, uma das mais importantes, a atividade pesqueira e aquícola artesanal. A região, vem sobrevivendo, já a cerca de 08 anos, com uma situação climática, similar a do semi árido do Nordeste Brasileiro. Vive um ciclo de baixa precipitação pluviométrica, temperaturas acima das observadas historicamente, o que levou toda a bacia hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana a situação de falência hídrica, comprometendo por tal, todo o ambiente territorial[Norte-Noroeste].
 
Restos do gado no fundo seco do Brejo de São Gregório - Sta Ana
Restos do gado no fundo seco do Brejo de São Gregório - Sta Ana
A pesca artesanal continental é exponencial atividade econômica, junto a atividade aquícola familiar, que vinha em evolução a níveis de volumes de produção, envolvem uma população de cerca de 1250 famílias, instaladas em projetos de assentamentos e áreas rurais, vem perdendo com esta situação de seca a possibilidade de sobrevivência. É fundamental, ater-se ao entendimento que não só a atividade econômica está sendo suprimida, acontece além da impossibilidade da manutenção de atividade geradora de trabalho e renda, e a possibilidade de sobrevivência das comunidades tradicionais, a evidente extinção de nichos sociais, culturais e ambientais, provocando óbvia necessidade de êxodo populacional para os grandes centros.
 
Em condições de estabilidade hídrica, cada aglomerado familiar, envolvido na pesca artesanal estaria produzindo média de 150 kg mês de pescado, uma família de produtor aquícola familiar, produzindo num reservatório de 100 m³, contribuiria com cerca de 500 kg mensais, de proteína saudável a alimentação do seu núcleo familiar e comunidade no entorno. Tal situação se mostra inviável e impensável com a evidente falência hídrica. No caos que se encontram todos os meios hídricos no município, o que se aproxima destas famílias é a falência alimentar, é a fome. É a fome hoje considerada extinta, beira os limites urbanos de nosso município.
 
As imagens da calha totalmente assoreada do Rio Paraíba do Sul e Rio Itabapoana, dos Rios, Preto, Urubú, Imbé e Ururaí, dos leito secos dos riachos e canais tributários, do solo ressequido, no “fundo” de grandes lagoas como da Saudade e São Gregório, do 'restojo' de lama na ex gigante Lagoa de Campelo, apavoram a nossa mente e esmagam a visão passada de fartura e pujança da pesca. São só uns poucos exemplos , do inferno que se anuncia. E; só uma ‘lógica’ a ser seguida: “ Não se pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas parar agora e agir, na construção de um futuro diferente”. É o perfeito mestre Chico Xavier.
 
Com os fundamentos apresentados, somando-se as mesmas sub condições de subsistência, identificadas para as atividades agrícolas, pecuárias e até da manutenção do abastecimento humano, é que se faz necessária cuidar da água que nos resta e garantir o presente de chuvas, que nos é dado a cada verão.
 
Agir é situação emergencial !
Por Zé Armando Barreto

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    Murillo Dieguez

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