Ponto Final - Protestos: das duas, uma
06/10/2017 23:09 - Atualizado em 16/10/2017 19:18
Protestos: das duas, uma
Convocados durante a semana em grupos de rede social ligados ao garotismo, os protestos de ontem contra o governo Rafael Diniz (PPS) podem ser interpretados de duas maneiras. Ou o descontentamento com os nove primeiros meses da nova administração municipal não é tão grande assim, ou esse sentimento de insatisfação popular soube identificar e não aceitar a tutela de quem saiu pela porta dos fundos da Prefeitura na eleição de outubro passado, após quase 30 anos no comando de Campos. Mesmo com áudios denunciando o pagamento de R$ 100,00 por manifestante, os três protestos registrados ontem não arrebanharam 200 pessoas.
Na BR 101
Na manifestação que conseguiu reunir mais gente, cerca de 100 pessoas fecharam a BR 101, no trecho Campos/Vitória, na altura do Parque Bela Vista II, em Guarus, dizendo fazê-lo em protesto contra os cortes nos programas sociais do município. Por volta das 10h30 da manhã, atearam fogo em pneus e galhos, gerando um engarrafamento que se estendeu por mais de um quilômetro da rodovia mais importante do país, durante cerca de uma hora. Depois, por volta das 11h30, outro grupo, com cerca de 50 manifestantes, fechou a mesma BR 101 na altura de Travessão. Mas esse protesto só chegou a durar alguns minutos.
Tiros no pé e pela culatra
O terceiro protesto foi em frente à Prefeitura. Mas neste, quando os cerca de 40 militantes do garotismo chegaram, por volta das 10h, lá encontraram mais do que o dobro de manifestantes em defesa do governo Rafael. E entre os cerca de 100 simpatizantes do prefeito, estavam 16 dos 17 vereadores da situação. Apenas o edil Cláudio Andrade (PSDC), por demanda pessoal, não pode estar presente. Se a iniciativa garotista foi um tiro no pé, ao não conseguir mobilizar nem 200 pessoas em manifestações que prometiam se multiplicar para fechar todas as entradas e saídas da cidade, foi também um tiro pela culatra: uniu a base governista.
Momento hilário
Além das suas consequências políticas, o encontro entre os grupos de Rafael e do ex-governador Anthony Garotinho (PR) produziu também a cena mais hilária dos protestos de ontem. Homônimo do pai, o jovem Anthony Matheus, que se tornou conhecido pelo sonho de se tornar astronauta, ficou chateado ao ver as fotografias de Garotinho e Rosinha num caixão levado pelos militantes do governo. E foi pedir a eles que tirassem as fotos. Ao que foi respondido: “Tudo bem, Anthony. A gente vai atender o pedido de um filho. Afinal seus pais acabaram com a cidade, mas você por enquanto não tem culpa”.
Impressões digitais
Além das digitais indisfarçáveis do pai na presença do filho homônimo no protesto contra o governo, a ligação de Garotinho com as ações de ontem ficou bem evidenciada na presença do ex-vereador Albertinho (PMB) nos dois protestos que fecharam a BR 101. Condenado a oito anos de inelegibilidade na mesma Chequinho que condenou Garotinho a nove anos e 11 meses de prisão, Albertinho já foi flagrado tanto nos protestos de motoristas de vans e lotadas que só este ano pararam Campos por cinco vezes, quanto na paralisação dos rodoviários de 4 de setembro, que pediam fiscalização às vans e lotadas.
“Por que será?”
Diante da carência de lógica nas ações do liderado, não é de se estranhar a nova tentativa de negação da realidade, ontem, por parte do líder. Em seu blog, Garotinho negou ter participação nas manifestações esvaziadas, depois de antecipadas por esta coluna desde o último dia 28, seguinte ao ex-governador conseguir recorrer em liberdade da condenação criminal na Chequinho, após 14 dias de prisão domiciliar. Na oportunidade, foi lembrado que, enquanto Garotinho esteve confinado e incomunicável na famosa “casinha na Lapa que papai deixou”, Campos não teve nenhum protesto. Ao que foi indagado: “Por que será?”
O motivo
O ex-governador também criticou a antecipação dos protestos pelo “Ponto Final” e noticiou uma ação contra os diretores deste jornal no Ministério Público Federal (MPF). O motivo foi revelado pelo jornalista Esdras Pereira: “Condenado a quase 10 anos de cadeia (...) e gozando de uma precária liberdade à força de um habeas corpus, Garotinho parece ter protocolado essa denúncia como uma tentativa de ‘fabricar’ um salvo conduto para si próprio, caso membros da facção rosa sejam presos durante a ação terrorista dessa sexta-feira, e seus depoimentos e as investigações policiais o apontem como o suposto mandante”.
“Rindo à toa”
Toda a postagem de Garotinho em seu blog se resume em frase própria: “Chega a ser ridículo”. De qualquer maneira, como entre os diretores da Folha acionados está o blogueiro Christiano Abreu Barbosa, pertinente o que este escreveu em 8 de abril de 2015, numa situação parecida: “A Folha já foi alvo de enxurrada de processos infundados do governo Rosinha. Ganhou todos. Deve-se lembrar que na derrota, honorários advocatícios são devidos ao lado vitorioso. Só em uma ação perdida mês passado, Rosinha foi condenada a pagar R$ 8.000,00 de honorários advocatícios. Os advogados do escritório jurídico da Folha da Manhã estão rindo à toa”.

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