Protestos rosáceos como filme repetido desde 2010
Suzy Monteiro e Paula Vigneron 06/10/2017 00:24 - Atualizado em 16/10/2017 19:00
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Estradas e ruas fechadas, pneus queimados, gritos de protestos, terrorismo político e psicológico que afeta, principalmente, aqueles que não estão participando. Muito antes da suspensão dos programas sociais, pano de fundo para convocação de protestos hoje, Campos já vinha convivendo, de maneira recorrente, há quase uma década com manifestações que têm como marca o modus operandi rosáceo, repetido em ocasiões como a luta pela manutenção dos royalties e as cassações da então prefeita Rosinha Garotinho (PR). Ela, aliás, chegou a liderar muitos protestos, inclusive o acampamento na Prefeitura, quando recusou-se a cumprir determinação da Justiça para ser afastada do cargo pela segunda vez. Nessa quinta-feira (5), um protesto, mais uma vez, fechou a BR 101, em Ururaí, da mesma forma como as demais.
Em março de 2010, a então prefeita Rosinha liderou manifestação contra a aprovação da emenda Ibsen Pinheiro, que propunha a redistribuição dos royalties do petróleo. Rosinha acompanhou a votação em Brasília e seguiu para Campos, onde participou do protesto. Durante toda a manhã daquele 11 de março, foi registrado cerca de 40 Km de engarrafamento, chegando próximo ao trevo de Quissamã. Na ocasião, a Prefeitura enviou água potável para os manifestantes e instalou banheiros químicos.
Menos de quatro meses depois, novos protestos, mas com outro mote: A então prefeita foi condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e teve que recorrer fora do cargo. Aliados fecharam a BR 101, na altura do Parque Guarus, na pista sentido Espírito Santo, em protesto contra a cassação. Colocaram fogo em galhos e pneus. Também houve passeata.
A manifestação chegou a ser remarcada a mando de Rosinha, que havia passado por uma cirurgia na garganta e ainda estava em recuperação. Orientou ao grupo que aguardasse seu retorno. Em 13 de dezembro daquele ano, nova manifestação em apoio a Rosinha, que continuava afastada. Em seu lugar estava o presidente da Câmara, Nelson Nahim. Ela retornou ao cargo beneficiada por liminar obtida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dois dias depois. 
O ano seguinte não foi muito diferente. Royalties e cassação foram os combustíveis das manifestações. Em setembro de 2011, Rosinha foi cassada pela segunda vez. Mesmo antes da notícia oficial chegar às ruas, manifestantes já estavam na porta do Fórum Maria Tereza Gusmão de Andrade, na avenida XV de Novembro, que teve uma das pistas bloqueadas. Depois, os cerca de 300 manifestantes seguiram para a sede da Prefeitura, onde Rosinha estava reunida com secretários, vereadores e advogados.
Rosinha recusou-se a cumprir a determinação judicial e declarou que só sairia da Prefeitura presa. Ela convocou a população para acampar no estacionamento da sede da administração pública municipal até que a Justiça desse uma decisão favorável. Alguns levaram barracas de acampamento para a Prefeitura. No dia seguinte, um grupo fechou um trecho da rodovia BR 101, no distrito de Ururaí, nos dois sentidos, o que causou engarrafamento. Os protestos e o acampamento da prefeitura só ocorreu em 30 de setembro, depois que Rosinha obteve uma liminar junto a um desembargador do TRE para permanecer no cargo por mais 30 dias, enquanto recorria ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Também em 2011, mas em novembro, Rosinha participou de nova manifestação em defesa dos royalties do petróleo. A BR 101 foi, mais uma vez, fechada com pneus queimados e galhos, gerando congestionamento. Porém, naquela ocasião, poucas pessoas permaneceram no local para fazer reivindicações.
Liderados pela então prefeita Rosinha, em 2013, manifestantes ocuparam o pátio do heliporto em Farol de São Thomé, em protesto à redistribuição dos royalties do petróleo. Eles chegaram a ficar sentados na pista do heliporto. Houve tumulto, vidraças e divisórias da unidade foram quebradas, e todos os voos foram suspensos, gerando muita reclamação dos funcionários e de trabalhadores que iam embarcar.
Este ano, com o casal Garotinho morando no Rio, outros personagens do grupo têm se dedicado aos protestos. Um dele é o ex-vereador Albertinho, que tem sido figurinha carimbada em vários protestos. Outro é o vereador Thiago Virgílio, que, no último dia 2, gravou vídeo falando sobre a suspensão da passagem social e convocando a população a ir para rua protestar. 

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