Moradores da localidade de Ururaí fecharam a BR 101 na manhã desta quinta-feira (5), em uma manifestação contra a suspensão de programas sociais em Campos, que durou mais de três horas. No local, cerca de 100 pessoas protestavam com panelas, cartazes e gritos contra o atual governo municipal. De acordo com os manifestantes, o bloqueio começou desde as 10h. O trânsito ficou parado e, por volta das 12h, havia um engarrafamento de mais três quilômetros na rodovia. A Autopista Fluminense e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) estavam no local e conseguiram liberar as pistas às 13h15, aproximadamente.

Os manifestantes alegaram insatisfação com o fim da passagem social, do cheque cidadão e problemas nos serviços da unidade local de saúde, incluindo a ausência de médicos. Também falaram do possível corte do programa Aluguel Social e fechamento do hospital da localidade. “Estamos reivindicando o Bolsa Família, o Aluguel Social, o Chequinho e o hospital de emergência, que está com risco de fechar, aqui. Os RPAs estão sem receber. Viemos à rua lutar por nossos direitos. Esses dias, cheguei com minha filha ao posto e não tinha médico. Eles me mandaram para o (Hospital) Ferreira Machado com ela. Minha filha, de dois anos, estava dando crise de bronquite asmática”, disse Daniela Ribeiro, de 28 anos, que está desempregada há três anos.

Para a também moradora de Ururaí Cláudia Márcia da Silva Gonçalves, de 37 anos, um dos principais problemas é a saúde pública. Mãe de seis filhos e desempregada, ela relatou que precisou de socorro emergencial na localidade e foi enviada à Santa Casa de Misericórdia, mas não conseguiu ser atendida. "Estava fechada. O HGG está lotado. Está tudo se acabando. Campos está pobre de tudo", pontuou.

O grupo reclamou, também, do pagamento aos RPAs. Segundo eles, os funcionários receberam, nos últimos dois meses, salários de R$ 500.

Pessoas que trabalham em localidades mais distantes do Centro e em municípios vizinhos ficaram presas em ônibus, na retenção do tráfego na BR 101 (Campos-Rio). 

Em nota, a Prefeitura de Campos informou que "o município tem buscado equilíbrio financeiro diante da grave crise econômica e por isso readequações em diversos programas vêm sendo realizadas. Quanto à passagem social, foram gastos mais R$ 300 milhões ao longo dos anos por um sistema que não funciona por isso um novo redesenho está sendo feito para que atenda à população com qualidade.

Atualmente, a prefeitura vem discutindo os critérios para inserção dos beneficiários do Programa Cartão Cooperação junto ao Conselho Municipal de Assistência Social, já que foram sugeridas adequações por parte da sociedade civil organizada. Tais critérios serão direcionados às pessoas que realmente necessitarem no benefício.

Sobre a Saúde, em caráter de emergência, a secretaria de Saúde já adquiriu remessa de insumos e medicamentos e, recentemente, um novo lote destes itens estão sendo entregues às unidades. Com relação à Unidade Pré-Hospitalar de Ururaí, o órgão informa que os atendimentos vem sendo mantidos, com disponibilidade de uma ambulância 24h.

O município vive uma crise financeira e a administração municipal vem se esforçando para manter os pagamentos. Quanto aos contratados através do Regime de Pagamento Autônomo (RPA), por exemplo, os pagamentos tiveram que ser parcelados e seguem calendário de recebimento que foi da última terça-feira (03) e vai até a próxima sexta-feira (06)".