Câmara barra segunda denúncia contra Temer
25/10/2017 20:43 - Atualizado em 25/10/2017 21:45
Sem nenhuma surpresa, a Câmara dos Deputados barrou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) nesta quarta-feira (25). Apresentada pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, a denúncia afirma que o presidente foi um dos líderes da organização criminosa batizada de “PMDB da Câmara”, sendo denunciados também os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). A rejeição foi alcançada com 251 votos a favor do relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), 233 contra, duas abstenções e 25 ausências. O mínimo necessário para o prosseguimento da denúncia da PGR era de 342 votos contra o relatório.
A maior instabilidade do dia foi quando a repórter Andréia Sadi, da Globo News, revelou pouco depois das 14h, que Temer estava hospitalizado, no Hospital do Exército. Só então o Planalto informou que foi constatada uma “obstrução urológica” no presidente e que ele passava por exames. Temer deixou o hospital cerca de sete horas depois.
A primeira sessão para analisar o prosseguimento da denúncia teve início pouco depois das 9h. Até a tarde, a oposição conseguia evitar a votação, já que o quorum mínimo de 342 parlamentares no plenário não era alcançado. O número só foi batido às 17h02, quando então, o rito teve início.
Primeira — Em sessão realizada no dia 2 de agosto, o plenário da Câmara também rejeitou a autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgasse a denúncia, à época por corrupção passiva, contra Temer. Foram 263 votos pela rejeição da denúncia, 227 pelo prosseguimento, 19 ausências e 2 abstenções. Com a decisão, a denúncia só poderá ser eventualmente analisada após o peemedebista deixar a presidência. O mesmo ocorre nesta quarta, com a rejeição da segunda denúncia que poderá ser analisada a partir de 2019.
Análise — O Planalto ficou mais atento aos números finais da votação do que preocupado com o risco de a denúncia prosseguir. A intenção era aferir se Temer perdeu força na Câmara dos Deputados, comparando com os números da primeira denúncia. E pelo visto, ainda que com uma pequena variação, isso ocorreu.
Em agosto, foram 227 parlamentares contra o presidente, enquanto na segunda denúncia foram 233. Temer, agora, contou com 251 votos dos seus aliados, enquanto na primeira foi 263. Também subiu o número de faltosos: 19 na primeira, contra 25 na segunda. Eles favoreceram ao presidente, mas evitaram o desgaste de estar presente na hora do voto. As abstenções foram duas em ambas as votações.
Apesar da demostração de desempenho menor, o Planalto temia que a perda de apoio fosse muito maior nesta segunda denúncia. Agora, Temer continuará à frente da presidência, mas necessitará de muito esforço e as famosas articulações em forma de barganha para tentar aprovar as reformas que tenta implantar desde que assumiu o poder, com o impeachment da sua companheira de chapa em 2010 e 2014, Dilma Rousseff (PT).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Arnaldo Neto

    [email protected]