Você é um bom líder?
- Atualizado em 16/10/2017 12:12
Por Cristine de Sá Azevedo, 13/10/2017
Houve um tempo em que liderança era entendida como capacidade de organizar e gerar resultados a qualquer custo. Mas será isso?
Como fazer o melhor, exigir do outro as ações que não fazemos, que não sabemos e nem temos condição para reconhecer evidências quando o resultado for bom de fato? Há mais um agravante: a falta de congruência. Congruência é quando o que eu faço, o que falo, o que penso e sinto, está alinhado. É quando há concordância, conformidade entre as partes internas.
Qual seria a consequência a médio e longo prazo se pensássemos em líderes que desenvolvem seu trabalho baseado em regras, objetivando um trabalho de excelência com atitudes que foram adotadas sem que a vivência fosse interna, validada pela experiência? Pode dar certo, mas o que seria mais sensato?
Algumas vezes não aprofundamos essa vivência e esse novo conhecimento, novo modo de funcionar fica superficial e não pode ser sustentado em meio a uma crise, porém desenvolvido. Agora, quando esse aprendizado é interno, vivido, deduzido e compreendido intrinsecamente, ele estará a desabrochar a nossa essência. Percebemos que toda gente se desenvolve a partir dos enganos, erros e processos naturais, quando comprometidos com o objetivo estabelecido.
Nossos liderados são feitos da mesma matéria prima que nós, com seus medos, certezas (nem sempre verdadeiras ou possíveis), inseguranças, antipatias...
Mas será que conseguimos perceber a extensão das situações vividas em um ambiente de trabalho? Quanto poderemos ganhar, quando valorizarmos o olhar de toda equipe, inclusive daquele que parece ver somente o negativo? Validando o olhar do outro conseguimos mapear uma situação de forma muito mais rica em detalhes, o que diminui a margem de erros, ou melhor, aumenta a área mapeada para uma avaliação / exploração mais rica em termos de soluções.
Não percebemos nossa essência (e a do outro) em toda sua grandeza.
Costumamos nos agarrar a um olhar limitante que parece ser a única verdade. Mas chegamos a um tempo onde nossa consciência já está se expandindo em diversos campos. E nossa autoconsciência?
Será que estamos conscientes de nossas ações? De quanto elas impactam nosso entorno?
Para ser um bom líder é preciso auto liderança! Para haver auto liderança é fundamental autoconhecimento. É importante identificar minhas necessidades em relação ao outro e às minhas expectativas.
Quanto dou importância, quanto valorizo a atenção que dou e recebo, assim como a aceitação, aprovação, poder, apoio ou reconhecimento? O que me move? O que me trava?
Consigo perceber quem eu sou quando me coloco atento àquilo que estou fazendo, pensando e sentindo no momento que estou executando a ação. Isso quer dizer que devo estar presente. Só existe o agora. E este é o tempo que posso me perceber, me transmutar. Desta forma vou me desenvolvendo a ponto de descobrir quais são as ações que me levarão de encontro ao meu objetivo, ou do objetivo do meu time.
Então não basta saber o que quero. Fundamental é perceber o caminho, ou seja, o que, mudando em mim, me transformará na pessoa que conquistará aquela meta? Esse é o caminho da autoconsciência. Liderando a mim mesma me tornarei líder do meu time para, juntos, alcançarmos o resultado desejado. Encontrar o caminho de conexão entre coração e razão. Quando sei que estou me transformando dia a dia, passo a acreditar e confiar no processo de mudança dos meus liderados. Além disso, serei exemplo, espelho para esta conquista. Eu tenho a equipe nivelada com quem sou, positivamente ou não, de acordo com meus pensamentos, meus sentimentos e minhas ações.
Sendo assim, torna-se imprescindível eleger os valores que norteiam meu grupo. E é de extrema importância que eles se tornem espiritualizados. E por que é bom que seja assim? O mundo que vejo é fruto, colheita do mundo que não vejo. E quando cuido das minhas raízes, que são meus pensamentos, sentimentos e impressões, estou cuidando para que estes frutos sejam doces, saudáveis e com alto valor nutritivo.
Meu grupo é um todo vivo. Somos células de uma estrutura muito maior. E é aí que a congruência se torna de grande valor. Esse processo ocorre com facilidade quando encontro meu propósito. Quem sou eu? Qual legado eu quero deixar?
Ter consciência disso impacta diretamente em meu time.
Ora, quanto melhor me torno, melhores serão os resultados do meu time. Então, à medida que me coloco em movimento, em ação, aquelas habilidades que são minhas, meus dons, são naturalmente colocadas a serviço do outro. E a partir daí entro em estado de flow, que é um estado emocional positivo desenvolvido por Mihály Csíkszentmihályi, um dos psicólogos mais prestigiados no estudo da psicologia positiva. O estado de flow nos deixa absorto, totalmente no momento presente com o prazer em nossa atividade.
De acordo com a Física Quântica, no Universo tudo é energia. Todos nós possuímos um campo energético, e esse campo vai atrair campos da mesma frequência, da mesma vibração, sintonia. Isto significa que, se costumo reclamar, responsabilizar o outro pelos erros, não agir esperando que o outro tome a dianteira, é exatamente isso que terei a minha volta. Porém, se eu for proativa, elogiar pequenas tarefas bem realizadas, reconhecer o desenvolvimento, mesmo que pequeno ao ideal que esperava, se buscar soluções no lugar de culpados, exatamente este será o norte do meu grupo. Terei sempre mais daquilo que penso, sinto e faço. Isso vai tornar a energia do meu time muito mais positiva e vamos juntos caminhar rumo a novas conquistas.
E, para finalizar, o líder com resolutividade não se importa com cargo para ser reconhecido. Ele confia em si mesmo, sabe o que quer. Não se faz de vítima, desenvolvendo responsabilidade pessoal. Exerce seu papel da melhor forma, de modo que o reconhecerão como tal, naturalmente. Por ser autoconfiante, gera em torno de si um ambiente tranquilo, onde a confiança é parte do processo natural de desenvolvimento não havendo medo por saber que esse é o caminho para o sucesso.
Cristine tem licenciatura em Artes Visuais, é pós-graduada em Arteterapia e possui especialização em técnicas e práticas avançadas de programação neurolinguística e treinamento pessoal. Tem formação em Coach pelo Instituto de Desenvolvimento Pessoal (Indesp) e trabalha com PNL Sistêmica (Desenvolvimento de Harmonia intrapessoal e interpessoal, voltado para sistemas, grupos, famílias, pessoas enquanto sistema autônomo).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Rafael Mamiya

    [email protected]